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Petrobras: mais um banco se rende à tese de que capex não vai prejudicar dividendos

Itaú BBA vê corte no capex para o próximo ano, reforça confiança na governança e dá compra para a ação – juntando-se a um consenso cada vez mais otimista

Petrobras: Itaú BBA eleva preço-alvo para R$ 48 ao final de 2025 (Germano Lüders/Exame)
Petrobras: Itaú BBA eleva preço-alvo para R$ 48 ao final de 2025 (Germano Lüders/Exame)

Publicado em 16 de setembro de 2024 às 16:20.

Juntando-se a um consenso cada vez mais otimista no sell side, o Itaú BBA elevou hoje sua recomendação para as ações da Petrobras de “neutra” para “compra”, com um preço-alvo de R$ 48 para as ações preferenciais no fim de 2025, uma potencial alta de 30,8% em relação à cotação de fechamento de sexta-feira.

A expectativa da equipe do banco é que, apesar do fluxo de notícias sobre novas frentes de investimento – de fertilizantes a refinarias –, a estatal deve manter o foco no core business de exploração e produção, além de manter a capacidade de pagar bons retornos em dividendos.

No seu cenário-base, os analistas estimam um dividend yield implícito de 14% para o próximo ano.

“Acreditamos que a Petrobras possa oferecer uma combinação de fundamentos sólidos e uma governança aprimorada, e esperamos que a companhia não mude drasticamente sua estratégia de alocação de capital ao focar no upstream pelo longo prazo, com um forte carry de dividendos olhando o horizonte mais curto”, escreve a analista Monique Greco.

Num extenso relatório, de 86 páginas, a equipe do BBA examina os planos estratégicos de investimento da Petrobras ao longo dos últimos 20 anos.

A conclusão é que a companhia normalmente não realiza todo o plano de investimentos: o capex executado pela estatal foi inferior à previsão para o ano seguinte em 16 dos últimos 18 anos, com uma média de 16% de diferença à menor em relação ao número anunciado.

Nesse sentido, a equipe do BBA estima que o capex para o próximo ano, atualmente em US$ 21 bilhões não deve se manter. Na atuação do plano estratégico quinquenal, a ser anunciada em novembro, a aposta é que o número seja revisado para baixo.

Isso porque o capex já foi ajustado para baixo este ano, para um patamar entre US$ 13,5 bilhões e US$ 14,5 bilhões – o que implicaria em uma alta de 50% para o próximo ano se o plano atual for mantido, algo que nunca aconteceu na história da companhia.

O BBA estima um corte de 15% na previsão de investimentos para o ano que vem, para algo mais perto de US$ 19 bilhões. Isso, somado à diferença histórica de 16% entre o orçado e o efetivamente desembolsado deve levar o investimento total do próximo ano para US$ 16 bilhões, calcula o banco.

O movimento deve permitir que a Petrobras mantenha a política de distribuição robusta de dividendos. Os analistas do BBA destacam que a companhia pode usar a reserva de capital para sustentar os dividendos, caso a dívida bruta exceda US$ 65 bilhões ou se o lucro for insuficiente – o que dá confiança a remuneração dos acionistas.

“Assumimos que os dividendos virão tanto de dividendos ordinários quanto extraordinários. Para os dividendos extraordinários, consideramos que o pagamento será aplicável apenas quando a posição de caixa permanecer próxima de US$ 8 bilhões nos próximos 24 meses”, afirma a equipe.

Por fim, os analistas destacam que a recomendação de compra também se baseou na visão que a governança corporativa da empresa se fortaleceu ao longo do tempo, especialmente no que diz respeito à aprovação de novos projetos de capital e aquisições.

A recomendação ajudou a fazer preço no pregão de hoje, dando impulso a uma valorização já embalada pela alta do petróleo.

As ações da Petrobras negociam em alta próxima de 2% desde a abertura do pregão, entre as maiores altas do Ibovespa.

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Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.

Rebecca Crepaldi

Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Jornalista formada pela Unesp, mestranda em Jornalismo Científico na Unicamp e especializada em Jornalismo Econômico pela FGV. Tem mais de 5 anos de experiência em redação com passagens pelo G1 e Estadão.

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