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Cosan

Ometto já comprou R$ 786 milhões em ações da Cosan desde início da crise

Compras feitas por meio da holding CZZ equivalem a uma participação de 3,2% no capital da companhia listada no Novo Mercado, da B3

Rubens Ometto: controlador da Cosan reitera desejo de simplificar estrutura societária do grupo, mas sem dar prazos ou indicar modelo (Patricia Monteiro/Getty Images)
Rubens Ometto: controlador da Cosan reitera desejo de simplificar estrutura societária do grupo, mas sem dar prazos ou indicar modelo (Patricia Monteiro/Getty Images)

Publicado em 11 de junho de 2020 às 13:39.

Última atualização em 11 de junho de 2020 às 14:50.

O empresário Rubens Ometto está animado com um investimento: sua própria companhia ou a principal delas, a Cosan, listada no Novo Mercado da B3. Ele segue firme na estratégia de aproveitar a crise para ampliar sua participação na empresa, por meio da holding americana Cosan Limited, listada em Nova York e conhecida pela sigla CZZ.

No mês passado, comprou 280 milhões de reais em ações da Cosan, por meio de contratos derivativos chamados de total return swap (TRS). Foi a maior posição, em valores financeiros, montada ao longo deste ano.

Desde fevereiro, o total adquirido pela CZZ, diretamente e via derivativos, soma 786 milhões de reais. A fatia no capital ampliada já é de 3,2%. Foram compradas 12,556 milhões de ações de fevereiro a maio, das quais 8,73 milhões por meio de contratos derivativos TRS.

Embora a estratégia de concentrar participação não seja nova, está despertando cada vez mais a atenção dos investidores. Durante a teleconferência de resultados do primeiro trimestre, a empresa indicou que esse movimento teria sequência. O discurso é que o grupo e Ometto entendem que o investimento nos ativos controlados é a melhor alocação de capital possível, desde que respeitados níveis equilibrados de alavancagem financeira.

O mercado aguarda, há muito tempo, uma reestruturação societária no grupo, que elimine pelo menos um degrau na pirâmide de holdings. A percepção é que Ometto, com essas compras, está cada vez mais próximo de anunciar essa reorganização, embora sobre isso a companhia não diga nada a respeito. Tudo que se sabe é que o próprio empresário reitera a existência de um plano de simplificação, mas sem dizer quando pretende implementá-lo e qual seria seu desenho.

No ano passado, a CZZ adquiriu 962 milhões de reais em papéis da Cosan na B3. O volume investido neste ano, entre fevereiro e maio, equivale a mais de 80% de tudo que foi feito no ano passado.

Com isso, a participação da CZZ na Cosan do Novo Mercado foi aditivada de 63,8% para 67%. O percentual pode ser ainda maior, considerando que a Cosan anunciou um programa de recompra de ações no valor de 600 milhões de reais em março. Como prática, o grupo cancela os papéis recomprados, o que leva a uma concentração na participação dos acionistas, de forma geral.

Em TRS, a posição total montada é de 516 milhões de reais. Nessa operação, um banco compra a ação. A Cosan Limited contrata um crédito com a instituição no valor da aquisição. Com periodicidade definida, é feito um acerto de contas entre as partes. Se a ação sobe, o banco paga à CZZ a alta da ação, descontada a remuneração pelo crédito que mantém para si. Se a ação cai, a holding listada em Nova York paga ao banco os prejuízos mais a taxa de custo do crédito.

Ao final do contrato, é possível apenas liberar os papéis e desmontar a operação ou a Cosan Limited pode assumir os papéis. As compras de Cosan pela CZZ estão sendo feitas pelo Santander, como demonstram os formulários 358 entregues mensalmente pela companhia à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A Cosan é a principal controladora das operações do grupo e consolida a participação nas joint ventures com a Shell para produção de açúcar e álcool e varejo de combustíveis — Raízen Energia e Raízen Combustíveis (operação da rede Shell no Brasil). Além disso, inclui a Compass, dona da Comgás e da comercializadora de gás e energia, e a Moove, de lubrificantes.

A companhia vale hoje 26 bilhões de reais na B3 — com a cotação cerca de 10% abaixo do valor pré-pandemia, quando a companhia estava avaliada em 29 bilhões de reais.

 

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