O Inter não deve atingir meta de rentabilidade, diz o JP Morgan. Compre mesmo assim
Queda recente nas ações é oportunidade de entrada, aponta o banco, que vê alta anual de 40% no lucro por ação até 2027; papéis sobem mais de 4% na Nasdaq
Natalia Viri
Editora do EXAME IN
Publicado em 9 de outubro de 2024 às 15:50.
Última atualização em 9 de outubro de 2024 às 21:29.
Apesar do grande progresso recente, o JP Morgan não acredita que o Inter vai conseguir atingir a meta de chegar a um retorno sobre patrimônio de 30% em 2027, conforme seu plano batizado de 60-30-30. No segundo trimestre deste ano, o indicador chegou a 9,8%, beliscando pela primeira vez a marca dos dois dígitos.
Ainda assim, elevou sua recomendação para os papéis de neutra pra compra. “A recente fraqueza das ações oferece um bom ponto de entrada”, afirma ao analista Yuri Fernandes em relatório publicado hoje. “Não dá para argumentar com um múltiplo de preço/lucro de 10 para 2025.”
Nos últimos 30 dias, as ações do Inter na Nasdaq caíram quase 15%. Na tarde de hoje, respondendo em parte ao relatório do JP Morgan, avançam 4,49%.
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Na visão do banco, o ROE do Inter deve melhorar, puxado pelo aumento da receita com empréstimo ajustado pelo risco – com reprecificação da atual carteira e novos produtos de crédito –, que, por sua vez, deve se traduzir numa diluição de custos e alavancagem operacional.
Com isso, deve ficar no patamar de 20% daqui a três anos, chegando a 15% já no fim de 2025, nas projeções de Fernandes.
“Não é um Nubank, mas...”
O analista afirma que dificilmente vê o Inter se aproximando do nível de rentabilidade do Nubank, que ficou em 28% no fim do segundo trimestre.
Especialmente porque o roxinho tem uma base mais engajada e um perfil de originação de crédito mais arriscado do que o banco dos Menin, mais atuante em produtos com garantia, como home equity e consignado.
Ainda assim, a expectativa é que o lucro por ação do Inter cresça 40% ao ano até 2027.
“A companhia continua fielmente comprometida a aumentar a rentabilidade e se conseguir executar pelo menos uma parte do plano, podemos ver um potencial de alta em relação aos patamares atuais”, escreve Fernandes.
Ele rolou o preço-alvo de 2024 para o fim de 2025, passando de US$ 7,5 por ação listada na Nyse para US$ 8,5 – o que embute um upside de 30%. Para os BDRs, a projeção saiu de R$ 38 para R$ 45.
O JP Morgan afirma ainda que a inclusão do Inter no MSCI Brazil trouxe mais interesse de gringos, o que é um outro vento de cauda para os papéis.
“As interações sobre o nome com investidores estrangeiros têm sido mais comuns, mas ainda não mais tímidas comparadas ao Nubank”, pondera o analista.
PIX financiado
Fernandes vê o crescimento da carteira de PIX financiado como outro fator a impulsionar a rentabilidade do Inter, mas acredita que a modalidade não é “uma bala de prata”.
O PIX financiado – que permite o uso do limite do cartão de crédito para fazer PIX parcelado ou a prazo – tem sido um bom vento de cauda para o Nubank e outros bancos vem tentando replicar o modelo. Mas o Inter sempre foi um banco mais conservador, focado em empréstimos com garantia.
O cartão de crédito representa 32% dos empréstimos e tem performado praticamente em linha com a indústria, com taxas de inadimplência maiores do que às do Nu.
“Portanto, enquanto incorporamos o PIX financeiro em nosso modelo, atribuímos metade do crescimento da penetração do Nubank, com maiores perdas estimadas”, diz Fernandes.
O produto tende a ter inadimplência igual ou similar à do cartão de crédito, apesar da recorrência e dos menores custos se traduzirem em maior rentabilidade. O Inter tem sido mais agressivo, limitando o PIX financiado a 60% dos limites de crédito, contra 20% no passado.
“Estimamos que esse pode ser um produto com ROE de 70% a 80%, o que é excelente, mas dado o pequeno tamanho do portfólio (cerca de 3% dos empréstimos em 2025), ele tende a ser menos material para a rentabilidade esperada do Inter nos próximos anos”, afirma o JP Morgan.
Ainda como fatores positivos, o banco cita as buscas do Google pelo Inter, que “tem sido resilientes” e o crescimento no número de clientes ativos no cartão de crédito, que chegaram em 5,1 milhões no segundo trimestre – um crescimento de mais de 1 milhão em relação ao segundo trimestre de 2023.
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Natalia Viri
Editora do EXAME INJornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.