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BB e Bradesco querem fechar o capital da Cielo — mas podem ter que pagar mais

Preço oferecido é de R$ 5,35 por papel, prêmio de 6,3% sobre o fechamento de hoje

BB e Bradesco planejam adeus de Cielo à bolsa (Cielo/Reprodução)
BB e Bradesco planejam adeus de Cielo à bolsa (Cielo/Reprodução)

Publicado em 5 de fevereiro de 2024 às 20:17.

Última atualização em 6 de fevereiro de 2024 às 07:37.

Banco do Brasil e Bradesco, principais acionistas da Cielo, anunciaram nesta segunda-feira que vão fazer uma oferta para fechar o capital da companhia. O preço é de R$ 5,35 por ação, um prêmio de apenas 6,3% sobre o fechamento desta segunda-feira. A oferta foi recebida com certa indignação por minoritários e, no mercado, a percepção é que os bancos vão ter que pagar mais se quiserem realmente tirar a adquirente da bolsa.

"Está de graça, avaliando a companhia a 7 vezes lucro, não faz sentido", diz um gestor. A título de comparação, a PagSeguro negocia a 12 vezes o lucro e a Stone a 16 vezes o lucro dos próximos doze meses. O desconto fica ainda mais explícito considerando a Cateno, uma empresa que recebe as taxas de intercâmbio do BB, e que tem um negócio mais rentável e protegido do que a adquirência.

"O setor está muito mais racional recentemente, sem competição de preços, com melhora na lucratividade", diz um outro interlocutor, afirmando que nesse sentido, em termos de preço, o momento é oportuno para o comprador.

Caso a transação vá adiante, o Banco do Brasil ficaria com 49,9% do capital da Cielo e o Bradesco com o restante. Hoje, o BB tem 28,7% das ações ONs e o Bradesco, 30,06%. 

A Cielo vem perdendo market share nos últimos anos, com o aumento da concorrência no setor. No último ano, a companhia apresentou lucro líquido de R$ 480,8 milhões, queda de 1,9% em relação a 2022. De acordo com o comunicado, 2023 representou "mais marco na retomada de lucratividade", com uma agenda de excelência operacional e busca de mais eficiência.

A 'OPA surpresa' marca uma trajetória complexa da Cielo na bolsa. A companhia conviveu, durante todo o tempo como uma empresa listada, com a expectativa de investidores a respeito do que aconteceria na divisão societária entre BB e Bradesco, uma convivência longe de ser simples.

A leitura do mercado é que a oferta é uma aposta no modelo integrado entre banco e adquirência, em que as margens apertadas dessa última atividade são compensadas pela oferta agregada e outros serviços para os estabelecimentos comerciais. É uma estratégia que o Itaú adotou com a Rede há mais de uma década, quando fez o fechamento de capital. Desde então, a empresa vem ganhando share e, no ano passado, superou a Cielo como líder do mercado.

A grande questão é como Bradesco e BB dividiriam o bolo. O Bradesco sempre pensou em fechar o capital da Cielo comprando a participação do banco estatal. O problema é a Cateno, empresa que tem os direitos de receber as taxas de intercâmbio do BB e que é uma joint venture com a Cielo, com 70%, e o Banco do Brasil com a fatia restante.

Uma possibilidade, diz um gestor, é um acordo em que, após o fechamento de capital, o BB fique com a Cateno e o Bradesco com o restante. Antes disso, de toda forma, vai ser preciso convencer o mercado do preço.

Uma das ações que mais subiram em 2022, com um salto de 130% nos papéis, impulsionado por revisões positivas nos resultados, a companhia conseguiu manter boa parte dos ganhos até aqui. Nos últimos 12 meses, os papéis acumulam queda de 1,57%. Hoje, a Cielo vale R$ 13,67 bilhões na B3.

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Karina Souza

Karina Souza

Repórter Exame IN

Formada pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada pela Saint Paul, é repórter do Exame IN desde abril de 2022 e está na Exame desde 2020. Antes disso, passou por grandes agências de comunicação.

Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.

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