Nos EUA, mais uma empresa aérea flerta com a recuperação judicial
Spirit Airlines, de passagens de baixo custo, tenta renegociar dívidas depois de uma tentativa frustrada de fusão com a JetBlue
Fernando Olivieri
Redator na Exame
Publicado em 4 de outubro de 2024 às 09:40.
Uma velha piada no mercado começa com a pergunta: "Qual a forma mais fácil de se tornar um milionário?". A resposta: "Seja um bilionário e monte uma empresa de aviação".
Brincadeiras à parte, as empresas do setor ainda sofrem com o efeito da pandemia. A brasileira Gol está em recuperação judicial e a Azul negocia com seus credores.
Nos Estados Unidos, a Spirit Airlines estuda um pedido de recuperação judicial, o chamado Chapter 11, após uma sequência de problemas financeiros e uma tentativa frustrada de fusão com a JetBlue Airways, segundo informações são do The Wall Street Journal.
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A empresa também avalia alternativas para reestruturar sua dívida fora do ambiente judicial, mas as negociações recentes indicam que a prioridade é alcançar um acordo para apoiar um eventual pedido de recuperação judicial, sob o Capítulo 11 da lei de falências dos Estados Unidos. O processo, no entanto, não deve ser imediato, segundo as mesmas fontes.
A Spirit, conhecida por seus voos de baixo custo, enfrenta dificuldades com uma dívida de US$ 3,3 bilhões (cerca de R$ 18 bilhões), dos quais mais de US$ 1,1 bilhão (R$ 6 bilhões) em títulos garantidos vencem em menos de um ano.
A empresa também está sob pressão para renegociar ou estender esses títulos e chegar a um acordo até o próximo dia 21, ainda de acordo com o WSJ.
Em uma teleconferência de resultados em agosto, o CEO da Spirit, Ted Christie, afirmou que a companhia estava envolvida em conversas produtivas com assessores de credores para lidar com os vencimentos da dívida.
No entanto, ele não forneceu mais detalhes sobre as negociações ou possíveis resultados, apenas enfatizando que a resolução da questão é uma prioridade para a empresa.
A notícia das discussões sobre a recuperação judicial fez com que as ações da Spirit caíssem mais de 30% ontem, 3, nas negociações after market.
Queda nas receitas e operações reduzidas
A Spirit Airlines não registra lucro anual desde antes da pandemia de Covid-19. Embora a demanda por viagens aéreas tenha se recuperado, as companhias de baixo custo como a Spirit enfrentam dificuldades adicionais.
Grandes empresas aéreas têm adaptado suas operações, oferecendo tarifas reduzidas que atraem os passageiros que buscam economia, afetando diretamente as companhias de menor porte.
Além disso, a Spirit vem encolhendo sua presença no mercado. Recentemente, a companhia cortou dezenas de rotas para os meses de novembro e dezembro e planeja reduzir sua capacidade em quase 20% no quarto trimestre de 2024 em comparação ao mesmo período do ano anterior, segundo analistas da indústria da aviação do Deutsche Bank.
Outro fator que tem pesado sobre as operações da Spirit é o recall de centenas de motores turbofan da Pratt & Whitney, que afetou uma parte significativa da frota da empresa este ano.
Em resposta, a Spirit demitiu temporariamente 186 pilotos no mês passado, buscando reduzir seus custos operacionais
Impactos da fusão fracassada com a JetBlue
A Spirit também sofreu um duro golpe quando sua tentativa de fusão com a JetBlue Airways foi bloqueada em janeiro por uma decisão judicial.
O acordo, que visava combinar as operações das duas companhias, foi rejeitado com base no argumento do Departamento de Justiça dos EUA de que a fusão reduziria a concorrência no mercado e prejudicaria os consumidores, principalmente aqueles que dependem das tarifas mais baixas oferecidas pela Spirit.
Após a decisão, ambas as companhias decidiram cancelar a fusão, reconhecendo que seria difícil superar os obstáculos legais e regulatórios impostos pelas autoridades.
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Fernando Olivieri
Redator na ExameRepórter e editor com passagens por Yahoo e ESPN. Cobriu eventos globais como Copas do Mundo e Olimpíadas.