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MELI despenca 15% com pressão em margens. Os comprados veem um bom deja vu

“Já vi esse filme”: investimentos em logística e expansão do crédito no Mercado Pago pesam na rentabilidade – mas contratam (ainda mais) crescimento 

Inaugurações de CDs pressionaram a linha de custos e reduziram margens no negócio de varejo (Leandro Fonseca/Exame)
Inaugurações de CDs pressionaram a linha de custos e reduziram margens no negócio de varejo (Leandro Fonseca/Exame)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 7 de novembro de 2024 às 14:29.

Última atualização em 7 de novembro de 2024 às 15:20.

As ações do Mercado Livre caem mais de 15% na Nyse no pregão de hoje, depois de um balanço que veio bastante abaixo das expectativas – uma surpresa os investidores acostumados a saltos de crescimento e margens robustas desde a pandemia.  

O lucro líquido cresceu 11%, para US$ 397 milhões no terceiro trimestre, mas ficou 20% abaixo do consenso. O que chamou mais atenção, contudo, foi a margem operacional, que despencou 9,5 pontos percentuais, para 10,5%. 

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Apesar da pressão de curto prazo, a má notícia pode ser uma boa oportunidade para os investidores mais pacientes: a pressão veio principalmente de investimentos em logística e no aumento de crédito via a fintech Mercado Pago.  

Num trimestre que tem se mostrado especialmente forte para o varejo no Brasil, o Mercado Livre viu o valor das mercadorias vendidas (GMV) crescer 14%.

No Brasil, maior mercado, o indicador cresceu 34% e no México, 27%. E mesmo na Argentina, país de origem da empresa e que vive momento macroeconômico bem mais complexo, o desempenho foi bastante positivo, com o número de itens vendidos avançando 16%. 

A empresa também reportou um avanço de 21% no número de compradores na plataforma (unique buyers), chegando a 61 milhões. Só o período de pandemia superou esse volume de adição de unique buyers, numa indicação de que a empresa tem conseguido capturar fatias do mercado, aponta um gestor que acompanha de perto o papel. 

"Os fundamentos ainda são muito bons, e os números sugerem que vem mais crescimento à frente do que as pessoas esperavam", afirma. 

Segundo ele, o quadro é similar ao do período de 2017 e 2018, quando a empresa começou a colocar de pé sua estrutura própria de logística – que acabou sendo um dos pilares para um salto de market share nos anos seguintes. 

Naquela época, para trocar o sistema de entregas dos Correios no Brasil para o que seria o Mercado Envios, a companhia intensificou a leva de investimentos, pressionando, no primeiro momento, a rentabilidade do negócio. 

O papel sofreu, mas logo a companhia conseguiu comprovar sua tese, despontando como uma das empresas de maior valor de mercado da América Latina.

Hoje, a magnitude do negócio (e do valuation) é outra, tornando mais difícil mexer o ponteiro – mas, ainda assim, vale o paralelo.  

Agora, em 2024, o forte investimento em logística trouxe pressão de curto prazo para os números da varejista. O Mercado Livre anunciou a abertura de mais 11 centros de distribuição no Brasil, sendo que seis deles serão inaugurados ainda em 2024. No trimestre, foram cinco inaugurações no Brasil e uma no México. 

Os resultados do terceiro trimestre refletiram parte dessas inaugurações, com CDs novos pressionando os custos sem ainda conseguir trazer os ganhos por estarem no início de operação. 

Ao fim de 2025, a companhia terá 21 CDs, o que deve aumentar sua penetração em mais mercados brasileiros e trazer mais margem de contribuição com a ampliação de fullfilment para mais sellers. 

No Mercado Pago, a fintech do grupo, foi o avanço da carteira de cartão de crédito que deteriorou o resultado. O negócio aumentou sua participação no portfólio de crédito de 25% no ano passado para 39% no terceiro trimestre de 2024, fazendo a companhia aumentar em grande escala as provisões para perdas. 

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

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