Goldman Sachs rebaixa WEG para 'venda' e dá 'compra' para Localiza e Rumo
Banco revisou tese de investimento dos papéis de infraestrutura e bens de capital para enfrentar ‘turbulências de mercado’; CCR foi de 'compra' para 'neutro'
Raquel Brandão
Repórter Exame IN
Publicado em 5 de junho de 2024 às 15:36.
Última atualização em 5 de junho de 2024 às 16:48.
Em um movimento estratégico para enfrentar as recentes turbulências do mercado, o Goldman Sachs revisou suas teses de investimento em setores-chave de infraestrutura e bens de capital no Brasil.
O ajuste é uma resposta à volatilidade do mercado, em que taxas reais estão aumentando no acumulado do ano e o Ibovespa registrando uma queda de 9%. Para isso, o banco resolveu concentrar suas apostas em papéis cujas expectativas de lucro já estão mais ajustadas e que estão negociando a múltiplos atraentes.
Esse realinhamento inclui a elevação da recomendação de Rumo e Localiza para "compra" e o rebaixamento de CCR para "neutro" e de WEG, um dos papéis mais comuns nas carteiras defensivas, para "venda".
Para a locadora de veículos Localiza, a equipe de sell side do Goldman Sachs vê uma oportunidade de recuperação da ação, que teve um desempenho inferior ao do mercado, com uma queda de 33% no acumulado do ano. Essa performance fraca reflete o aumento das taxas de juros e uma perspectiva mais desafiadora para o mercado de carros usados, o que diminuiu as expectativas de lucro da empresa.
Mesmo com um cenário operacional adverso, o Goldman Sachs vê uma assimetria positiva nas ações. Com a estabilização recente dos preços de carros novos e usados, a empresa pode estar próxima de um ponto de inflexão na depreciação de seus ativos. A avaliação atual da Localiza é considerada atraente, com um múltiplo P/L de aproximadamente 17,6 vezes o lucro anualizado para a projeção do segundo trimestre de 2024. O banco, porém, reduziu o preço-alvo de R$ 60 para R$ 59,20.
Já para a Rumo a confiança do banco é um operacional consistente, com potencial de crescimento da empresa. A análise indica que, apesar das adversidades macroeconômicas, a empresa está “bem-posicionada para capitalizar sobre sua infraestrutura robusta e uma demanda constante por serviços de logística no Brasil”.
Além disso, a visibilidade sobre os retornos dos novos investimentos melhorou após o aumento significativo do EBITDA nos últimos anos e a perspectiva da safra também está mais positiva em relação às expectativas do início do ano. Com a ação negociando a uma avaliação menos exigente, o banco acredita haver espaço de upside. A equipe elevou o preço-alvo de R$ 24,50 para R$ 25,50.
Na outra ponta, a WEG, de motores elétricos, deve ter um crescimento do lucro líquido abaixo da média histórica para os próximos anos, enquanto o papel negocia com múltiplos de preço/lucro ligeiramente acima da média histórica. A expectativa é de um crescimento anual composto (CAGR) de apenas 5% entre 2023 e 2026, significativamente abaixo dos 22% observados entre 2011 e 2023.
“Essa desaceleração é atribuída ao aumento significativo do tamanho da empresa, o que torna mais difícil manter os níveis de crescimento anteriores, e a maturação do segmento de renováveis, especialmente a geração solar”, escrevem os analistas. No entanto, o banco elevou o preço-alvo de R$ 38,80 para R$ 40.
Na CCR, cuja recomendação passou de compra para neutro, e equipe afirma que a empresa está oferecendo retornos médios (spread de taxa interna de retorno em linha com a média histórica) juntamente com uma menor exposição relativa às taxas de juros e um impacto potencialmente limitado na avaliação de novos projetos.
“Embora reconheçamos a alocação disciplinada de capital da empresa, que pode gerar retornos positivos em novos projetos, notamos que o tamanho atual do portfólio da empresa limita o impacto significativo de um único projeto”, escrevem, acrescentando que, na avaliação atual, a ação não tem espaço para uma correção de valuation significativa. O preço-alvo foi de R$ 15,30 para R$ 13,60.
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Raquel Brandão
Repórter Exame INJornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado