Com queda nas ações, Natura&Co e Renner podem parar no Índice de Small Caps
Empresas que já foram destaques de capitalização no varejo despencaram depois da divulgação dos resultados do quarto trimestre


Natalia Viri
Editora do EXAME IN
Publicado em 24 de março de 2025 às 16:29.
Última atualização em 24 de março de 2025 às 17:35.
Sintoma dos tempos e dos valuations depreciados em relação à média histórica na Bolsa brasileira: duas das empresas tradicionalmente com maior capitalização de mercado no varejo brasileiro podem passar a integrar o Índice de Small Caps (SMLL) – que reúne justamente as empresas de menor valor de mercado.
Análise do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame) mostra que os papéis da Natura&Co (NTCO3) e das Lojas Renner (LREN3) podem entrar no próximo rebalanceamento do índice, previsto para vigorar a partir de 5 de maio.
Antes, as empresas não eram elegíveis porque estavam entre as companhias que, juntas, representavam 85% do valor de mercado de todas as companhias listadas – um dos critérios de exclusão do índice.
“Com as ações da Natura em baixa de 25% neste ano, esse não é mais o caso e agora uma possibilidade que o papel entre no índice no próximo rebalanceamento se o critério for atendido até lá”, escreveu a equipe de estratégia do banco, liderada por Carlos Sequeira.
Ainda que as ações da Renner estejam praticamente de lado no ano, o papel também deve entrar pela mesma razão, aponta o banco. (Em um ano, as ações da varejista de moda caem 13,5%, com tombo de 27% em seis meses.)
Ambas as empresas estão com valor de mercado de R$ 13 bilhões – e ambas frustraram o mercado com os resultados do quarto trimestre.
A Renner derreteu 14% no pregão após a divulgação do balanço consolidado de 2024, em 21 de fevereiro, principalmente por conta de um desempenho pior que o esperado nas margens brutas, além de questionamentos sobre as despesas operacionais – além de uma polêmica em relação ao bônus pago aos diretores.
Desde então, as ações subiram 4%, mas estão longe de recuperar o patamar anterior.
Também por conta de uma grande surpresa negativa com as margens, a Natura&Co caiu 30% em apenas um pregão há pouco mais de uma semana. Apesar do tombo, os analistas do sellside ainda não veem ponto de entrada – o JP Morgan chegou, inclusive, a rebaixar os papéis para ‘neutro’ depois do resultado.
Segundo o BTG, a Natura está mais perto do critério de corte e pode voltar ao ranking das empresas que respondem por 85% do valor de mercado das companhias listadas. “Se as ações se recuperarem bem até o rebalanceamento, o papel pode não entrar no índice de small caps”, aponta.
O fato de uma empresa estar no SMLL não significa que ela também não pode estar no Ibovespa, o principal índice da bolsa brasileira, porque os critérios são diferentes.
Para entrar no SMLL, uma empresa precisa cumprir quatro critérios:
- estar fora do grupo que representa 85% da capitalização total da bolsa;
- ser parte do grupo de ações cujo índice de negociabilidade representa 99% do negociabilidade total da Bolsa, durante a vigência das três últimas carteiras;
- ter negociado em pelo menos 85% de todas as sessões de negociação durante a vigência das três últimas carteiras.
- não ser uma penny stock (ou seja, a ação deve negociar acima de R$ 1)
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Natalia Viri
Editora do EXAME INJornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.