Citando ‘juros altos’, Assaí corta pela metade previsão de abertura de lojas em 2025
Grupo prevê abrir 10 lojas no próximo ano e quer reduzir alavancagem de 3,8 para 2,6 vezes ao fim de 2025
Natalia Viri
Editora do EXAME IN
Publicado em 17 de outubro de 2024 às 18:28.
Última atualização em 17 de outubro de 2024 às 19:33.
Com foco em desalavancar o balanço, o Assaí acaba de cortar sua previsão de abertura de lojas para o próximo ano pela metade, para 10 unidades e anunciar um investimento entre R$ 1 e R$ 1,2 bilhão em 2025.
O valor está abaixo do patamar típico anual, de R$ 1,8 bilhão a R$ 2 bilhões.
A meta é chegar ao fim do próximo ano com uma relação entre dívida líquida e EBITDA de 2,6 vezes – contra o múltiplo de 3,8 vezes registrado no fim do segundo trimestre.
Em fato relevante, a empresa informou que a revisão se deve “às recentes altas da taxa Selic e às mudanças na expectativa de curva de juros para os próximos anos.”
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A expectativa é voltar a abrir cerca de 20 novas lojas a partir de 2026. Esse é o patamar que o grupo praticava antes de 2021, quando teve início um amplo processo de conversão de lojas da bandeira de hipermercados extra no atacarejo do Assaí.
Desde então, foram 120 novas lojas, das quais 64 conversões.
Do valor previsto em investimentos no próximo ano, R$ 650 milhões a R$ 750 milhões irão para a abertura de novas lojas; R$ 250 milhões a R$ 300 milhões em manutenção e inclusão de novos serviços no parque de lojas existentes, como açougue, padaria, frios e self-checkout; e R$ 100 milhões e R$ 150 milhões serão voltados para infraestrutura, novos sistemas (TI) e projetos de inovação.
A redução nos planos de crescimento não deve pegar o mercado de surpresa. Boa parte dos analistas já incorporavam um orçamento revisado para o próximo ano.
Há pouco mais de um mês, o JP Morgan já tinha rebaixado o papel do Assaí de ‘compra’ para ‘neutro’, e cortado o preço-alvo de R$ 18 para R$ 11,50, citando o que chamou de uma ‘espiral negativa’ de crescimento, em meio ao balanço apertado.
Na época, o analista Joseph Giordano defendeu que a melhor alternativa para o Assaí seria um aumento de capital – possibilidade que tem sido aventada pelo mercado, mas descartada publicamente pela companhia.
Ainda que as ações estejam descontadas, diminuindo o incentivo para levantar equity, uma oferta primária de R$ 2 bilhões a um desconto de 10% do valor de tela seria capaz de gerar valor, adicionado alta de 2% ao lucro por ação para o ano que vem, calculou o JP Morgan.
“Mas, mais do que isso, um aumento de capital seria chave para melhorar a percepção de risco sobre seus planos de crescimento, ao mesmo tempo que suportaria menor custo de capital”, disse Giordano.
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Natalia Viri
Editora do EXAME INJornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.