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BRF: ação sai a R$ 20 na oferta e capitalização fica em R$ 5,4 bi

Marfrig, de Marcos Molina, investe R$ 1,8 bilhão, mas mantém limite de participação abaixo de 33,3%

BRF: companhia demandava dinheiro novo desde 2018, pois há anos arrasta dívida superior a R$ 20 bilhões (Germano Lüders/Exame)
BRF: companhia demandava dinheiro novo desde 2018, pois há anos arrasta dívida superior a R$ 20 bilhões (Germano Lüders/Exame)

Publicado em 1 de fevereiro de 2022 às 23:10.

Última atualização em 1 de fevereiro de 2022 às 23:23.

A oferta de BRF fechou. Eram quase 22 horas quando veio a definição de R$ 20 por ação. O desconto ficou acima de 10% em relação ao fechamento da segunda-feira, dia 31. A discussão ultrapassou o horário trivial. A companhia levantou R$ 5,4 bilhões. Saiu apenas a oferta base, sem lote adicional, que poderia levar a captação a engordar em mais R$ 1 bilhão o caixa da BRF. A combinação de mercado sem fluxo mais preço da ação pressionado quase fez as novas ações serem vendidas a R$ 19,00 — e esse foi o perrengue no final.

Quando a companhia anunciou a intenção da capitalização, o reforço no caixa poderia chegar a R$ 7,5 bilhões.

A BRF fechou setembro com R$ 24,4 bilhões em dívida bruta e R$ 7,7 bilhões em caixa. Agora, a companhia aliviará os compromissos líquidos em R$ 5,4 bilhões. A empresa demandava uma capitalização desde que Pedro Parente, atual presidente do conselho de administração, assumiu o negócio em meados de 2018 — após a gestão da dobradinha promovida pela Previ, Abilio Diniz e a gestora de recursos Tarpon. Na época, muito se especulou sobre o assunto e já se falava na necessidade de, pelo menos, R$ 5 bilhões.

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O comando novo, que chegou em 2013 e substituiu Nildemar Secches, há anos à frente da Perdigão, não deu conta de fazer a fusão assinada em 2009 funcionar a contento. Falaram em desentortar a empresa, mas a coisa degringolou. Por um período curto, houve uma glória. Mas, durou pouco. Depois, Parente veio para apagar o incêndio, também abençoado pelas fundações. De fato, o negócio não piorou. Mas, tampouco decolou como era a promessa de uma fusão desse porte quando anunciada — e que levou o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) a adotar remédios mais severos tamanha era a expectativa.

A companhia não encontrou um eixo, uma identidade. A condução de Parente ajustou problemas operacionais e comerciais, especialmente, sérios e urgentes, mas ainda faltou resolver a dívida (que ficou para essa capitalização com a ação próxima da mínima histórica) e criar uma cultura que defina o negócio. É por isso que tanto se fala que a BRF precisa de um dono. Já que não houve prevalência nem de Sadia, nem de Perdigão, é necessário um novo que dê cara aos comandos.

A Marfrig, de Marcos Molina, já havia colocado cerca de R$ 4,3 bilhões para comprar quase 33% da BRF no ano passado, com operações na bolsa. Agora, na oferta pública, investiu mais de R$ 1,8 bilhão para acompanhar a emissão de papéis. A companhia tinha apetite e flexibilidade para mais. Só que uma indisposição da Petros, acionista histórica de Perdigão e depois de BRF, com o movimento freou os ímpetos.

A fundação, que cuida da aposentadoria dos funcionários da Petrobras, e tem 7% do capital (segunda maior sócia) não comprou ações na oferta: optou por ser diluída na transação. Entre os sócios com mais de 5%, a certeza de participação está apenas em Molina e na Kapitalo, dona de pouco mais de 5%.

O drama é que quando uma capitalização sai abaixo do preço de tela na bolsa, ela tende a puxar para baixo os preços-alvos dos analistas que acompanham a companhia. Afinal, é custo de capital. A transação tinha tudo para tirar um peso grande da companhia: potencial nova gestão e menos dívida, finalmente. Mas, por enquanto, nada que alcance o bolso: nem da empresa, nem dos acionistas. Resta saber os próximos passos que Molina planeja para a BRF, com o fim do contrato de Parente na administração, em abril. Será, então, eleitou um novo conselho de administração.

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