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Calçados

Birkenstock: a sandália de R$ 500 que virou um negócio de R$ 40 bilhões

De acordo com a Bloomberg, companhia busca IPO de US$ 8 bilhões para dar saída ao fundo de private equity L Catterton, criado pelo grupo LVMH

Birkenstock: marca de sandálias confortáveis deve estrear na bolsa dos Estados Unidos em breve (MSCHF/Reprodução)
Birkenstock: marca de sandálias confortáveis deve estrear na bolsa dos Estados Unidos em breve (MSCHF/Reprodução)
Karina Souza

Karina Souza

Repórter Exame IN

Publicado em 31 de julho de 2023 às 17:15.

Última atualização em 31 de julho de 2023 às 17:26.

Depois de 250 anos, a Birkenstock, uma das marcas mais conhecidas do mundo, pode traçar um novo passo em sua história: se tornar uma empresa listada. Fundada em 1774, a marca de luxo conhecida por seus calçados confortáveis (que custam entre R$ 380 e R$ 990 no Brasil) pode estrear na bolsa norte-americana em setembro, de acordo com informações da Bloomberg. A oferta, segundo a agência de notícias, é coordenada pelo L Catterton, fundo de private equity do grupo LVMH, que adquiriu a maior parte das ações da empresa em 2021. O valuation, na época, era de US$ 4,3 bilhões e, agora, a firma busca uma avaliação de pelo menos US$ 8 bilhões.

A informação já circula -- sempre tendo como fonte a agência de notícias -- desde o mês passado, quando a Bloomberg News apontava para um cenário ligeiramente diferente: uma avaliação de US$ 6 bilhões e um prazo maior, com a oferta sendo realizada "em 2023 ou em 2024". Mesmo dessa vez, não há ainda uma data certa e cravada. As notícias desta segunda-feira, 31, apontam apenas que o Goldman Sachs e o JP Morgan são os bancos que vão assessorar a empresa nesse processo. A empresa pode ser avaliada a até US$ 10 bilhões, ainda segundo a Bloomberg.

O momento atual trouxe um trunfo na manga para a companhia: o sucesso a partir do filme Barbie, em que a protagonista, interpretada por Margot Robbie, usa um par das sandálias em uma das cenas do filme. Ainda que não se saiba exatamente o alcance das vendas, com dados auditados, a matéria da Bloomberg aponta que as vendas da empresa subiram 29% no último ano, para 1,2 bilhão de euros. E que a empresa está investindo 394 milhões de euros em uma nova fábrica na Alemanha.

Além dessas informações, a companhia afirma, em seu site, que gera 3,3 mil empregos em seu país-sede (dos 5,5 mil empregados globalmente). A marca também defende que é uma das "Top 5" mais lembradas no mundo em calçados.

Há 250 anos, o conforto é a assinatura da Birkenstock -- e uma das primeiras razões citadas por quem usa a marca a respeito do porquê se deve usá-la. A companhia afirma que isso só é possível graças ao "couro natural não tratado", que tem uma espessura de 2,8 a 3,2 milímetros. O material é combinado com Suede, Nobuck, feltro de lã, sem falar no Birko-Flor, um material "durável, sintético, que é usado exclusivamente pela Birkenstock". 

Conforto é um valor mantido há mais de dois séculos: afinal, Konrad Birkenstock, nos anos 1830, foi o precursor da invenção da palmilha. E o filho dele, Karl, chegou a dar cursos sobre a anatomia dos pés. Com todo esse conhecimento de base, a a primeira sandália surgiu em 1963 e o modelo mais famoso hoje, o Arizona, veio exatamente dez anos mais tarde. A popularização para fora da Europa aconteceu pouco tempo depois, a partir da perspicácia da empresária Margot Fraser, que trouxe os sapatos para os Estados Unidos em 1966.

Antes de se tornar popular por causa de Barbie, as sandálias foram usadas, por exemplo, no movimento hippie. E depois, nos anos 1990, por celebridades como Kate Moss, além de estar presente em uma coleção, ainda na mesma década, de Marc Jacobs. Na pandemia, as sandálias voltaram com tudo, de olho no conforto, chegando ao título de "sandália do ano" pela Vogue britânica.

Do ponto de vista de negócios, uma tradição tão longa demandou, por muito tempo, que a família estivesse à frente do negócio. Até 2012, a Birkenstock nunca tinha sido comandada por um CEO de fora. Naquele mesmo ano, Oliver Reichart (atual CEO) assumiu a cadeira, uma função dividida até 2021 com Markus Bensberg. No ano em que o L Catterton entrou no negócio, Bensberg saiu, para comandar um family office criado por Alex Birkenstock.

Apesar de um longo histórico na Europa, a marca só chegou ao Brasil fisicamente em 2016, com uma loja no Shopping Iguatemi (em São Paulo). A loja física foi a primeira da marca nas Américas e a segunda fora do mercado alemão. Hoje, a empresa mantém outro ponto de venda físico no JK Iguatemi, ainda na capital paulista, e outro, em Brasília, na mesma rede de shoppings. Também é possível comprar os produtos pela internet. Além do Brasil e da Alemanha, a marca está presente em mais de 80 países. 

A Birkenstock já passou por uma quantidade significativa de eventos históricos: revolução industrial, primeira e segunda guerras e, recentemente, a pandemia. Em sua ida à bolsa, a empresa está prestes a inaugurar uma nova fase, se mostrando mais atual do que nunca.

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Karina Souza

Karina Souza

Repórter Exame IN

Formada pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada pela Saint Paul, é repórter do Exame IN desde abril de 2022 e está na Exame desde 2020. Antes disso, passou por grandes agências de comunicação.

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