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Economia

Armínio Fraga defende congelamento do salário mínimo: 'Brasil é paciente na UTI'

"Problema grande tem que ter resposta grande", afirmou o ex-presidente do Banco Central, em referência à situação fiscal do país

Fraga: Corte na folha de salários e redução de gastos tributários compõem pacote para 'virar o jogo' (Dado Galdieri/Getty Images)
Fraga: Corte na folha de salários e redução de gastos tributários compõem pacote para 'virar o jogo' (Dado Galdieri/Getty Images)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 13 de abril de 2025 às 11:06.

Cambridge, Massachussets* — O Brasil é um paciente em estado grave, segundo o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga. A solução, então, seria uma dose bastante dura de tratamento: uma das sugestões do economista é a de congelar o salário mínimo, o que atacaria o crescimento do déficit da previdência.

Para ele, esse seria um primeiro passo para alinhar as contas públicas, evitando o desequilíbrio fiscal. Além disso, Fraga sugeriu que uma reforma na folha salarial do Estado também seria necessária, destacando que a estrutura do recursos humanos do setor público brasileiro precisa de mudanças radicais para adequar-se à realidade fiscal.

"80% dos gastos públicos são folha de pagamentos dos Estados e a previdência", disse em painel na Brazil Conference, evento que reúne a comunidade brasileira em Harvard e no MIT.

Segundo ele, o congelamento do salário deveria ser por seis anos. “Algo que seja realista e palatável. A receita é: congela o salário-mínimo e reduz os gastos tributários em 2% do PIB. Isso daria 3% do PIB e o Brasil virava o jogo”, disse, reconhecendo que a medida, porém, não seria 'palatável' ao governo Lula.

Fraga reforçou que o Brasil vive uma situação insustentável, onde o crescimento do país gira em torno de 2% a 2,5%, enquanto o governo paga 7% de juros em títulos da dívida pública. "A conta não fecha", afirmou.

Para ele, é crucial que o país pare de tomar dinheiro emprestado para pagar juros e, em vez disso, comece a corrigir as prioridades do gasto público, que, segundo o economista, estão erradas. "Problema grande tem que ter resposta grande."

A posição do Brasil diante do tarifaço dos Estados Unidos também foi questionada. Fraga vê a necessidade de uma postura mais independente, alinhada aos valores democráticos e liberais que sustentam o papel do Brasil no cenário internacional. Para ele, é essencial que o país caminhe com cuidado

“O Brasil tem que manter uma certa independência, ficar mais cuidadoso nas suas posições. Brasil há alguns anos vem mostrando um certo mau gosto nas relações internacionais, um certo terceiro mundismo e uma certa tolerância a ditadores. Isso vai ser testado”, diz.

*A repórter viajou a convite da Brazil Conference

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

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