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Allos: no primeiro Investor Day pós-fusão, companhia reforça foco em criar 'ecossistema'

Empresa pretende capturar R$ 210 milhões em sinergias até 2028; nos primeiros nove meses de 2023, já foram R$ 82 milhões

Allos: no primeiro Investor Day pós-fusão, mensagem é de captura de sinergias e construção de ecossistema figital (Divulgação/Divulgação)
Allos: no primeiro Investor Day pós-fusão, mensagem é de captura de sinergias e construção de ecossistema figital (Divulgação/Divulgação)
Karina Souza

Karina Souza

Repórter Exame IN

Publicado em 31 de janeiro de 2024 às 15:45.

Última atualização em 31 de janeiro de 2024 às 18:53.

No primeiro Investor Day como Allos, a empresa resultado da fusão entre Alliansce Sonae e BR Malls mostrou aos investidores que o futuro da companhia está apoiado em uma estratégia de ecossistema físico e digital. O caminho para atrair cada vez mais consumidores -- para lojas e para apps -- começa com um processo cuidadoso de integração das duas empresas de shoppings, cujo passo a passo foi explorado em detalhes pela diretoria ao longo do evento.

Hoje, no portfólio, a Allos tem 47 shoppings, número muito menor do que a soma das três companhias (Sonae, Aliansce e BR Malls) há cerca de cinco anos: em 2017, eram 73. O argumento da empresa foi o de que a redução veio em meio a uma nova estratégia que mira mais lucratividade.

Nessa rota, dois aspectos são essenciais: manter shoppings com pelo menos R$ 400 milhões em vendas ou que sejam referência nas regiões em que atuam.Hoje, no portfólio, são 44 shoppings dentro dessas características. Mais ainda, a empresa tem 12 empreendimentos que vendem mais de R$ 1 bilhão por mês. O maior concorrente, a Multiplan, tem 18 shoppings que vendem R$ 400 milhões por mês, destes, sete ultrapassam a marca do bilhão.

Ainda dentro da gestão de portfólio, a Allos reforçou aos investidores que vai seguir o plano comunicado desde a conclusão da fusão: sinergias que podem gerar de R$ 180 milhões a R$ 210 milhões a mais em receita de 2024 até 2028. No acumulado dos nove meses de 2023, foram R$ 82 milhões.

Para chegar à cifra, o plano da Allos envolve um desinvestimento de R$ 12 milhões (faturamento que viria de ativos desinvestidos) e a soma de R$ 42 milhões, vinda de novas oportunidades já mapeadas pela empresa -- que variam entre diferentes áreas, como tecnologia e facilites.

Nessa conta, a subtração dos R$ 12 milhões chamou a atenção de analistas, na perspectiva de contribuição dessa cifra para o Ebitda da companhia. A Allos explicou que, apesar de o dinheiro contribuir para a lucratividade da empresa, os ativos que gerariam esse montante não fazem sentido dentro da estratégia de longo prazo da operação.

"É uma decisão que tem mais a ver com a nossa alocação de capital e menos de gestão de receita e sinergia. Eram ativos que contribuíam para o Ebitda, é claro, mas ao nos desfazermos deles podemos ter um benefício de alocação de esforço comercial, por exemplo", diz Sales.Ao longo do último ano, a empresa vendeu 18 ativos que totalizaram R$ 1,8 bilhão em desinvestimentos.

Investimentos

Ainda como parte do processo de integração, a companhia também espera sinergias em capex ao longo dos próximos anos. Separadamente, a Aliansce Sonae e a BR Malls tinham um investimento de R$ 800 milhões.

No último ano, a Allos teve uma postura mais conservadora, em meio à 'organização da casa' que a fusão trouxe. Focou em tocar apenas os projetos que já estavam em andamento, principalmente concentrados em manutenção e retrofit. Passada essa etapa inicial, Sales estima que o capex da Allos fique em torno de R$ 500 milhões anuais.

"O que existe, hoje, é uma diferença de direcionamento estratégico. Antes da fusão, havia um conselho muito lento, com projetos que demoravam muito. Hoje, não. Por exemplo, aprovamos projetos obra a obra e não para o ano todo, o que diminui custo e gera uma efetividade enorme", diz o CEO.

Além das revitalizações de ativos, um dos principais pilares para geração de receita a partir dos ativos já existentes, a Allos também considera compras de terrenos adjacentes aos shoppings que possui hoje. A companhia também tem dinheiro a ser injetado no caixa a partir de projetos multiuso (que misturam prédios residenciais ao terreno dos shoppings).

Hoje, há contratos assinados para 43 torres, em nove shoppings. A Allos não entra no risco da incorporação, mas faz uma permuta financeira com valor mínimo. São, ao todo, mais de R$ 409 milhões de geração de caixa e mais de 20 mil consumidores qualificados adicionados a partir desses projetos.

Somando todas essas avenidas de crescimento, a companhia prevê 365 mil metros quadrados de desenvolvimento de novos projetos nos próximos cinco anos.

Shopping da Aliansce, em Belém, no Pará

Aliansce: shoppings maiores ou líderes em suas regiões são o foco da companhia (Alexandre Battibugli/EXAME.com)

Além do mundo físico, os investimentos da companhia ao longo dos próximos anos também têm seu quinhão no mundo digital. Hoje, o aplicativo da companhia, que traz promoções nos seus shoppings e permite aos clientes participar de sorteios, já tem 2 milhões de membros, que geram um GMV de R$ 3,5 bilhões, com base no acumulado dos nove meses de 2023.

Até 2025, a meta é que a cifra seja de R$ 10 bilhões, refletindo um terço das vendas totais da Allos. Para isso, o número de usuários vai mais do que dobrar, chegando a 5 milhões de pessoas cadastradas. O primeiro passo deve ser dado em 2024, quando será estendido para todo o portfólio de shoppings da empresa combinada.

De olho na rentabilidade, a companhia junta os dados do app com a empresa de mídia out-of-home Helloo, adtech que conecta consumidores e lojistas. "Pegamos os dados do programa de relacionamento para a empresa de OOH vender um novo tipo de mídia, mais focada em performance a partir dos dados unitários de cada pessoa", diz Leonardo Cid, diretor de Inovação de Tecnologia da Allos.

Fôlego de sobra

Para lidar com tudo isso, a Allos mostrou aos investidores que está em uma posição confortável para enfrentar os desafios que o futuro vai exigir. Nos últimos cinco anos, a empresa saiu de um patamar de 4x dívida líquida/Ebitda para 2,3 vezes no terceiro trimestre de 2023.

"No fim de 2020, geramos quase R$ 200 milhões a mais de caixa, mesmo com a crise do Covid. Conseguimos ter muita disciplina e crescer. Quando demos o primeiro passo, ainda como Aliansce Sonae, em 2021, para a compra da BR Malls, tínhamos um balanço desalavancado, com 1x dívida líquida/Ebitda, o que nos permitiu fazer a oferta", diz Daniella Guanabara, diretora financeira e RI da Allos.

No acumulado dos nove meses de 2023, a Allos conseguiu gerar resultados mais rápido do que havia comunicado a investidores na época da fusão. De janeiro a setembro, foram R$ 2,7 bilhões em receita líquida e, mais do que isso, R$ 2 bilhões em Ebitda -- um dos destaques do evento.

"Em março de 2022 a gente previa entregar R$ 2 bilhões de Ebitda no fim do ano de 2023, atingimos isso em março", disse Sales.

A conversão de Ebitda em caixa também ficou acima do consenso de analistas. Investidores projetavam inicialmente R$ 1 bilhão e o resultado final foi de R$ 1,2 bilhão em FFO (métrica de fluxo de caixa operacional para o setor).

Com a empresa combinada, a companhia também chegou ao patamar de liquidez superior aos R$ 100 milhões por dia, o que a coloca no radar de fundos internacionais. Além disso, é a única do setor listada no novo mercado, uma corporation com acionistas de referência. São fatores que devem empurrar a companhia cada vez mais para os holofotes.

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Karina Souza

Karina Souza

Repórter Exame IN

Formada pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada pela Saint Paul, é repórter do Exame IN desde abril de 2022 e está na Exame desde 2020. Antes disso, passou por grandes agências de comunicação.

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