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Inteligência artificial

A IA do Google agora faz podcast. E é espantosamente bom

Nova funcionalidade dá ao Google seu momento ChatGPT — e reforça aposta na voz para construir confiança entre humanos e robôs

Aposta do Google em IA: recursos como o NotebookLM querem facilitar a compreensão de tópicos difíceis (Cesc Maymo/Getty Images)
Aposta do Google em IA: recursos como o NotebookLM querem facilitar a compreensão de tópicos difíceis (Cesc Maymo/Getty Images)
André Lopes

André Lopes

Repórter

Publicado em 4 de outubro de 2024 às 17:44.

Última atualização em 5 de outubro de 2024 às 14:28.

Está com preguiça de ler? Um novo recurso do Google é capaz de transformar este artigo em conteúdo em formato de podcast, com diálogos gerados por IA e cheios de nuances vocais antes vistas apenas em conversas casuais.

A novidade faz parte do projeto NotebookLM, da divisão Google Labs, disponível gratuitamente para qualquer usuário desde o mês passado.

No centro de seu funcionamento, a tecnologia permite criar conversas entre dois "apresentadores" virtuais, oferecendo um bate-papo que, na maior parte do tempo soa inteligente e realista — um avanço impressionante para um recurso apresentado ainda no ano passado durante o Google I/O, o evento que reúne as inovações mais avançadas dos laboratórios da big tech.

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Apesar de o Google não ter feito grande alarde sobre o lançamento, o NotebookLM ganhou notoriedade esta semana com as postagens de Andrej Karpathy, ex-diretor de IA da Tesla e cofundador da OpenAI, que elogiou a inovação e comparou-a ao ChatGPT, mencionando "traços de grandeza" no novo recurso.

Raiza Martin, líder do projeto NotebookLM, compartilhou um meme nas redes sociais indicando que o tráfego gerado pela novidade sobrecarregou a infraestrutura de chips de IA do Google.

Lançado inicialmente como um assistente pessoal de pesquisa, o NotebookLM agora é alimentado pelo modelo de IA avançado do Google, o Gemini 1.5 Pro.

A ferramenta permite que usuários façam o upload de até 50 fontes, incluindo links de sites, documentos em PDF e vídeos do YouTube, para gerar respostas com base nas informações fornecidas, funcionando como um tutor.

O objetivo parece ser facilitar a compreensão de temas complexos, apostando no conceito de gerar confiança entre homem e máquina.

A voz é um elo crucial nessa relação. Uma pesquisa da da Universidade de Lund, na Suécia, realizada em 2022 buscou entender o que afetava positivamente o contato entre humanos e máquinas.

Após entrevistar 227 participantes, a pesquisa concluiu algo intrigante: a voz e a capacidade de falar estão diretamente ligadas à confiança gerada quando o real e o artificial se encontram. Em suma, quanto mais os robôs falarem, mais será possível acreditar no que eles nos dizem.

As inteligências artificiais ainda não são concebidas em corpos humanoides, como nas ficções científicas, tampouco têm um rosto com feições passíveis de empatia, mas os chatbots, acessíveis em serviços como o ChatGPT e o Claude AI, já tinham chegado a um novo patamar.

Atualmente, já conseguem gerar conversas realistas, aceitando interrupções e acréscimos de informações em tempo real, assim como em uma conversa entre pessoas, graças a funções como o Advanced Voice Mode (AVM) da OpenAI, que inclui até uma nota sobre o "risco de se apaixonar" dada a veracidade da interação gerada.

É possível até mesmo alterar a entonação e pedir uma voz mais carinhosa ou com o sotaque de algum estado brasileiro em específico. É como se essas empresas dissessem, não de forma explícita, que seus softwares podem e serão nossos companheiros, independentemente de qual aspecto da vida.

No caso do NotebookLM, mais do que uma curiosidade tecnológica, há implicações práticas para o uso de IA no ambiente de trabalho.

Empresas com grandes bases de dados internos podem utilizar ferramentas como essa para acessar informações de forma mais eficiente.

Antes, a recuperação de dados exigia consultas técnicas, fora do alcance da maioria dos funcionários e que poderiam gerar custos para treinar equipes uma vez que os dados fossem apurados.

Agora, se o assunto for difícil, basta fechar os olhos e se deixar guiar pela voz da IA.

Para quem decide. Por quem decide.

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André Lopes

André Lopes

Repórter

Com quase uma década dedicada à editoria de Tecnologia, também cobriu Ciências na VEJA. Na EXAME desde 2021, colaborou na coluna Visão Global, nas edições especiais Melhores e Maiores e CEO. Atualmente, coordena a iniciativa de IA da EXAME.

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