Design do navio cargueiro Oceanbird: a força do vento pode reduzir o consumo de combustível em 90% (Wallenius Marine/Divulgação)
Filipe Serrano
Publicado em 14 de setembro de 2020 às 06h37.
Última atualização em 15 de setembro de 2020 às 08h43.
Um novo navio cargueiro gigante movido apenas com a força do vento é a mais recente aposta da Suécia no combate às mudanças climáticas e ao aquecimento global.
Chamado de Oceanbird, o navio tem um conjunto de cinco velas de aço que mais se parecem com as asas de um avião. Quando içadas, as velas alcançam uma altura de até 105 metros acima do nível do mar e são usadas para capturar a força do vento e impulsionar o navio no oceano (veja o vídeo no final da reportagem).
De acordo com os responsáveis pelo projeto, o uso do vento pode reduzir em 90% o consumo de combustível para transportar uma carga pelo mar. Ainda há um motor à combustão, para auxiliar principalmente nas manobras do navio nos portos.
Com 200 metros de comprimento e 45 metros de largura, o Oceanbird é um cargueiro voltado especificamente para o transporte de carros, caminhões e outros tipos de veículos – uma classe de navio conhecida pela sigla PCTC (pure car truck carrier). Quando ficar pronto, ele terá capacidade de transportar até 7.000 automóveis em seu compartimento de carga.
Por enquanto, ainda se trata de um projeto. Mas os criadores no Oceanbird esperam entregar a primeira unidade do navio em 2024. As encomendas já poderão ser realizadas no ano que vem, segundo a estimativa dos responsáveis.
O projeto é liderado pela empresa de transporte marítimo sueca Wallenius Marine, em conjunto com o Instituto Real de Tecnologia de Estocolmo e o instituto de pesquisa SSPA. A iniciativa conta ainda com o financiamento do governo sueco, que investiu 27 milhões de coroas suecas no desenvolvimento do navio (aproximadamente 16,4 milhões de reais no câmbio atual).
O projeto tem sido desenvolvido desde o ano passado, com o objetivo de criar um navio cargueiro que consumisse menos combustível e pudesse reduzir as emissões de gás carbônico. Hoje, o transporte marítimo é responsável por cerca de 3% das emissões de CO2 no mundo. A meta da Organização Internacional Marítima (IMO), uma agência ligada à ONU, é reduzir em até 50% as emissões de gases do efeito estufa do setor até 2050, em relação aos níveis de 2008.
Embora não seja um navio cargueiro veloz (sua velocidade média estimada é de 10 nós ou 18,5 quilômetros por hora), a expectativa é de que o Oceanbird ajude a reduzir o impacto da indústria marítima no aquecimento global.
A estimativa é de que ele terá capacidade de cruzar o Oceano Atlântico, entre a Europa e os Estados Unidos, em 12 dias – acima dos 8 dias que os navios atuais costumam levar para fazer o mesmo trajeto.