Inovação

BRF quer gerar 10% de sua receita com inovação até 2023

Em 2019, projetos como esse representaram 3% do total da receita; em 2020, porcentual já deve subir para 5%

Companhia pretende aumentar progressivamente o montante investido (Victor Moriyama/Bloomberg)

Companhia pretende aumentar progressivamente o montante investido (Victor Moriyama/Bloomberg)

KS

Karina Souza

Publicado em 21 de outubro de 2020 às 06h10.

Última atualização em 21 de outubro de 2020 às 08h07.

A BRF, uma das maiores companhias de alimentos do mundo, anunciou recentemente que pretende gerar 10% da receita a partir de projetos de inovação. A meta deve ser atingida até 2023 e, até lá, a empresa deve aumentar progressivamente esse percentual – em 2019, 3% da receita já foi gerado dessa forma, percentual que deve subir para 5% em 2020, de acordo com a empresa. O que os empreendedores de sucesso têm em comum? Inovação será a chave de 2021. Fique por dentro em nosso curso exclusivo.

O montante pode parecer irrisório à primeira vista, contudo, dado o porte da companhia, toma dimensões gigantescas. De acordo com o relatório financeiro da empresa, a receita líquida atingida em 2019 ficou em R$ 33,4 bilhões de reais.

A cautela com o frango brasileiro também não parece afetar os planos da gigante de alimentos. De acordo com informações divulgadas pela companhia, o valor total deve ser direcionado à principal iniciativa de P&D da empresa, a plataforma brfHub, que visa à conexão global com startups.

“Acreditamos que podemos e devemos estar entres os principais agentes de inovação em nível global, conectando nossa empresa com empreendedores e pesquisadores. Os assuntos que trabalhamos são redução do desperdício, segurança alimentar, conveniência e saudabilidade”, afirma Sergio Pinto, diretor de inovação da companhia, em comunicado.

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    Os planos da empresa abrem espaço para discussões a respeito da inovação no Brasil – região que ainda está “na lanterna” nesse assunto. De acordo com o Índice Global de Inovação 2020, o país ocupa o 62º lugar no ranking. Se, por um lado, o avanço de quatro colocações em relação ao ano passado poderia demonstrar certo avanço, um olhar mais atento mostra que ainda estamos abaixo de países como o Vietnã e as Filipinas.

    Esse resultado está condicionado a diferentes fatores. Um deles é a dificuldade em registrar patentes no país. Segundo informações do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), realizar essa tarefa no Brasil demora, em média, 5,8 anos. O órgão aponta que a falta de equilíbrio entre profissionais capacitados diante da alta demanda é um dos fatores essenciais para a morosidade.

    Como resultado, o país não aparece em rankings globais que elencam as “dez economias mais inovadoras” e perde espaço até mesmo para a Coreia do Sul, país que tem um quarto do número de habitantes do Brasil.

    Como reverter esse cenário? Para Murillo Dias, professor da FGV, isso depende de diferentes fatores, sendo o principal deles o investimento em educação.

    “Hoje, pensar em educação é pensar em infraestrutura. Com a qualidade [de internet] que temos hoje, é impossível manter um sistema de qualidade. Temos de pensar em educação continuada, é claro, mas também em meios de viabilizá-la em meio à crise que estamos vivendo. Além disso, reduzir burocracias para o registro de patentes e diplomas de profissionais que fizeram especialização fora do país serão pontos cruciais para fomentar o conhecimento real no país”, destaca.

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