Obrigado eu ou obrigado você? Descubra com Diogo Arrais, professor de língua portuguesa e colunista da EXAME. (Jacob Wackerhausen/iStockphoto)
Faculdade EXAME
Publicado em 29 de agosto de 2024 às 16h39.
O fim do ano está chegando e com ele muitos momentos para agradecer. Mas qual a forma correta de expressar sua gratidão? Diogo Arrais, professor de língua portuguesa e colunista da EXAME, ensina o jeito certo de agradecer e de responder a um agradecimento. Confira.
Na fala do brasileiro, estão registradas várias formas: “Por nada!”, “Não há de quê!”, “De nada!”, “Imagina!”, “Não seja por isso!”, “Obrigado você!, “Obrigado eu!” e outras.
Exercendo a função adjetiva (indicando qualidade, defeito, estado, condição), a forma deve concordar com o gênero de quem emite a mensagem: homem agradece com obrigado, pois está grato; mulher agradece com obrigada, pois está grata.
De acordo com o dicionário Houaiss, o termo obrigado, forma no particípio do verbo obrigar, é o que se sente devedor de um favor, de uma amabilidade; agradecido, grato – “Ficamos-lhe obrigados por tantas gentilezas.”
Traz ainda assim Celso Luft, no Dicionário Prático de Regência Verbal: “Sua gentileza muito os obrigou.” Em termos semelhantes: “Sua gentileza tornou-os gratos.”
Na situação prática, um sujeito, diante de um favor prestado, diz:
- Fico-lhe obrigado por tal ação.
Em natural resposta, o outro sujeito, bem-educado, confirma que se sente devedor de tal favor, agradecido, grato:
- Obrigado, fico eu por poder fazer!
(Eu é que me sinto obrigado a fazer isso a você!)
Várias pessoas, também, poderiam agradecer:
- Obrigados, também, ficamos nós!
Em novas palavras, por questões redução da mensagem, elipse (omissão de termos), surgem as seguintes expressões de agradecimento, concordando com o gênero de quem emite a fala:
- Obrigado/Obrigada!
- Obrigado eu/Obrigada eu!
- Obrigados nós/Obrigadas nós!
Resumindo: a resposta ao agradecimento pode ser “por nada” (não me agradeça por nada), “obrigado a você (sou grato a você)”, “obrigado eu (grato fico eu)” . Evitam-se as formas “obrigado você” (como se o outro sujeito do diálogo tivesse que necessariamente ser grato, obrigado) e “de nada”.