(Kora Saúde/Reprodução)
Professor da Faculdade Exame
Publicado em 15 de outubro de 2024 às 17h03.
Última atualização em 15 de outubro de 2024 às 17h17.
Com um endividamento quatro vezes maior que seu EBITDA, a Kora Saúde tem 62% (R$ 1,5 bilhão) de sua dívida programada para vencer entre 2026 e 2027, o que coloca uma pressão significativa sobre o fluxo de caixa da empresa.
Diante deste cenário, a Kora buscou uma solução junto a seus credores: a renegociação de suas debêntures, propondo o alongamento dos vencimentos para 2028 e 2030.
Debêntures são títulos de dívida emitidos por empresas para captar recursos no mercado. Eles funcionam como empréstimos: os investidores fornecem capital em troca de uma remuneração (juros) e do retorno do valor investido ao final do prazo.
Suas principais características incluem:
Empresas que podem emitir debêntures incluem sociedades anônimas de capital aberto ou fechado, empresas de propósito específico (SPE) e concessionárias de serviços públicos.
Por sua vez, essas debêntures podem ser lastreadas por ativos fixos ou flutuantes (dependendo da saúde financeira da empresa). Elas também podem não ter qualquer garantia, o que é arriscado.
A emissão de debêntures segue etapas que incluem a aprovação interna, registro na CVM, obtenção de rating e oferta pública ou privada. De maneira geral, o processo pode durar entre 2 e 6 meses.
O processo envolve a empresa emissora, investidores, banco coordenador, agência de rating, agente fiduciário e a CVM. Os custos de emissão variam entre 1% e 5% do valor captado, incluindo comissões, taxas regulatórias e consultorias.
Em caso de inadimplência, a empresa deve informar o agente fiduciário e renegociar com credores. Se necessário, garantias podem ser executadas e covenants (restrições) ativados.
As empresas, em geral, na fase de negociação com os credores solicitam prorrogação de prazos, redução de taxa de juros, carência para as amortizações, capitalização de juros, conversão em ações
Já os credores geralmente exigem, em contrapartida, aumento de juros, novas garantias, pagamento antecipado de parte da dívida, além de melhorias na governança da empresa.
A empresa ofereceu uma proposta que visa equilibrar suas necessidades de liquidez com a expectativa dos credores.
Para a primeira série de debêntures, cujo vencimento inicial é em 2026, a Kora propôs postergar para 2028. Já na segunda série, com vencimento em 2028, a empresa quer estender até 2030. Em contrapartida para os credores, os juros aumentaram para 2,8% acima do valor do CDI.
Essas mudanças, se aprovadas, dariam à Kora mais tempo para organizar suas finanças e explorar alternativas para a redução do passivo, como a venda de hospitais e renegociação de contratos deficitários com operadoras de planos de saúde.
Outra estratégia incluem o sales leaseback, que permite que a Kora venda seus imóveis, mas mantenha-se como locatária do local.