Empresas governadas por mulheres têm resultados até 20% melhores, segundo a ONU. (julief514/iStockphoto)
Faculdade EXAME
Publicado em 29 de agosto de 2024 às 17h24.
Você sabia que as mulheres ocupam apenas 37% das cadeiras de liderança em todo o mundo? É o que indica o estudo sobre desigualdade de gênero no mundo realizado pelo Fórum Econômico Mundial.
O relatório aponta que ONGs e associações, educação ) e serviços pessoais e de bem-estar ) são os setores em que mais há representatividade feminina em cargos de liderança – neles, elas representam 47%; 46% e 45%, respectivamente
Já nas áreas de tecnologia, energia e infraestrutura mulheres líderes são a minoria absoluta, chegando a representar menos de 20% das cadeiras de liderança. O documento ainda projeta que o mundo levará cerca de 132 anos para que haja um equilíbrio entre homens e mulheres em postos de liderança.
Ainda que a sociedade levante diversos debates sobre o empoderamento femino e a equidade de gênero no mercado de trabalho, há controvérsias sobre a real aceitação das mulheres como líderes.
Dados de um levantamento sobre igualdade de gênero elaborado pela Ipsos, empresa independente de pesquisa de mercado, mostram que três a cada 10 pessoas (homens e mulheres) no Brasil ainda não se sentem confortáveis em ter uma mulher como chefe.
No entanto, empresas governadas por mulheres têm resultados até 20% melhores, segundo a ONU.
O relatório “Mulheres nos negócios e na gerência: por que é mudar é importante para os negócios”, divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), mostra que os benefícios da liderança feminina não se limitam a aspectos financeiros.
Segundo o estudo, empresas que adotam a diversidade experimentam crescimento de 10% a 15% da receita, mas também observam melhora nos índices de atração e retenção de talentos e melhoria na reputação e imagem pública.
Além disso, lideranças femininas sobressaem às masculinas e são consideradas mais eficazes, segundo o documento The Ready-Now Leaders da Ong Conference Board. O relatório ainda diz que as organizações com pelo menos 30% de mulheres em cargos de liderança têm 12 vezes mais chance de estar entre as 20% melhores em desempenho financeiro.
Outro campo de destaque nas empresas lideradas por mulheres é o ESG (Ambiental, Social e Governança). Um estudo da mestre em gestão para competitividade, Monique Cardoso, para a Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que 72% das empresas brasileiras com alto desempenho na agenda sustentável têm uma ou mais conselheiras em seus comitês administrativos.
Uma organização sustentável também precisa cuidar da comunidade que pertence e isso também diz respeito às políticas internas que valorizam e potencializam seus talentos, além de gerar mais valor para o negócio. Tais iniciativas podem atrair olhares e inspirar outras lideranças. No entanto, ainda existem barreiras a serem transpassadas.
A promoção da liderança feminina enfrenta uma série de barreiras que precisam ser superadas para alcançar uma verdadeira igualdade de oportunidades no ambiente corporativo.
Para quem não está inserido neste contexto, pode ser difícil identificar os percalços que impedem ou dificultam o crescimento profissional das mulheres. Separamos alguns dos desafios mais comuns e estratégias para lidar com eles. Confira.
O desafio do equilíbrio entre trabalho e vida pessoal afeta desproporcionalmente as mulheres, uma vez que a sobrecarga com trabalhos não remunerados, como atividades domésticas e cuidados com a família, ainda acaba recaindo sobre elas. Diante deste cenário, introduzir horários de trabalho flexíveis e programas de licença parental equitativos, não apenas beneficia as mulheres, mas cria ambientes de trabalho mais inclusivos para todos.
Desconstruir estereótipos de gênero é uma tarefa complexa, mas essencial. Promover uma cultura organizacional que desafia esses estereótipos, combinada com programas educacionais contínuos, não apenas capacita as mulheres a quebrarem barreiras, mas também contribui para a transformação das normas culturais prejudiciais.
As questões de gênero impactam diretamente na discrepância salarial entre homens e mulheres. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que as mulheres recebem 20,2% menos que os homens. No setor de tecnologia, por exemplo, essa diferença fica ainda mais evidente: desenvolvedores front-end ganham, em média, 63,2% a mais que mulheres que exercem a mesma atividade. Levantamentos mostram ainda que os homens são promovidos, em média, dentro de dois anos, enquanto as mulheres podem demorar cinco anos.
Diante deste cenário, instituir transparência salarial, análises regulares de equidade salarial e políticas de remuneração baseadas em mérito são medidas concretas para corrigir as disparidades salariais.
Mudanças culturais e normativas são processos complexos, mas fundamentais para promover a liderança feminina. A revisão de normas organizacionais, a implementação de práticas inclusivas e a promoção de uma cultura que valoriza a diversidade são elementos críticos para a criação de ambientes de trabalho igualitários.