Programas de recompra de ações permitem que as empresas adquiram seus próprios papéis no mercado, reduzindo o número de ações em circulação e, consequentemente, aumentando o lucro por ação (b3/Divulgação)
Editora do EXAME IN
Publicado em 22 de abril de 2025 às 11h43.
Depois de atingirem um recorde em 2024, as recompras de ações seguem fortes neste ano. Em março de 2025, foram recomprados R$ 2,7 bilhões em papéis, segundo o Itaú BBA, um crescimento em relação aos R$ 2,1 bilhões registrados em fevereiro. De acordo com o banco, há R$ 89 bilhões em programas de recompra abertos, de 109 companhias, dos quais R$ 73,1 bilhões foram abertos nos últimos doze meses.
As empresas abrem programas de recompra quando acreditam que as ações estão subvalorizadas e o investimento em seus próprios papéis pode gerar um bom retorno.Ao diminuir o número de ações em circulação, o lucro por ação aumento, aumentando o retorno potencial para o acionista. Nem sempre, contudo, elas precisam executar todo o programa. O valor total diz respeito ao valor máximo que elas podem adquirir num determinado período de tempo.
No ano passado, foram recomprados R$ 30 bilhões em ações. Neste ano, os programas de recompra já executados somam R$ 7,4 bilhões.
O relatório publicado hoje pelo Itaú destaca cinco empresas com programas de recompra significativos, cada um superior a R$ 1 bilhão, e com yield de recompra acima de 5%:
Esses percentuais indicam a proporção entre o volume alvo de recompra e a capitalização de mercado das empresas, sinalizando um compromisso robusto com a valorização das ações.
O BBA selecionou empresas cujos programas de recompra ainda foram menos de 25% executados, o que ainda deixa espaço para apreciação dos papéis com a força compradora que pode vir à frente.
Até o momento, nove programas de recompra foram lançados em 2025, com uma meta financeira combinada de R$ 3,8 bilhões. Neoenergia, Porto, Tim, LWSA, Iguatemi, Lavvi, Tenda, Eneva e Lojas Renner estão entre as que iniciaram esses programas.
A Lojas Renner (LREN3), por exemplo, planeja adquirir até 75 milhões de ações, representando 7,13% de suas ações em circulação, equivalente a cerca de R$ 1 bilhão.
Os setores de energia (6,6%), utilidades públicas (6,3%) e consumo discricionário (4,5%) lideram em yield de recompra, refletindo a estratégia das empresas desses segmentos em utilizar a recompra de ações como ferramenta para retorno ao acionista.
Essa prática pode sinalizar ao mercado que a empresa acredita estar subvalorizada e busca otimizar sua estrutura de capital.
Além disso, em um ambiente de incertezas econômicas, a recompra oferece flexibilidade às empresas, permitindo ajustes conforme as condições de mercado, diferentemente dos dividendos, que representam compromissos fixos.
Contudo, é importante notar que a recompra de ações compete com os dividendos pelo caixa da empresa.
Especialistas alertam que o foco em recompras pode limitar o crescimento dos dividendos, já que ambos utilizam os mesmos recursos financeiros. Assim, as empresas podem priorizar a flexibilidade proporcionada pelas recompras em detrimento de pagamentos fixos de dividendos.