O hospital Texas Health Presbyterian em Dallas, Texas, onde duas pessoas foram diagnosticadas com ebola nos Estados Unidos (Reuters/Mike Stone)
Da Redação
Publicado em 15 de outubro de 2014 às 13h38.
Dallas - A segunda enfermeira de Dallas a ser infectada pelo vírus ebola, enquanto cuidava de um paciente que morreu devido à doença, voou de avião um dia antes de apresentar sintomas, disseram autoridades do governo dos Estados Unidos e da companhia aérea, nesta quarta-feira.
A funcionária do hospital Texas Health Presbyterian pegou um voo da Frontier Airlines de Cleveland, no Estado de Ohio, para Dallas em 13 de outubro, segundo as autoridades.
A mulher, de 29 anos, foi imediatamente colocada em isolamento depois de relatar febre na terça-feira, de acordo com o Departamento Estadual de Saúde.
Ela voou a partir da cidade onde vive sua família, em Ohio, para Dallas um dia antes de apresentar sintomas, o que levou autoridades de saúde a tentar fazer contato com todos os 132 passageiros que estavam a bordo, disse o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês). A enfermeira cuidou do paciente liberiano Thomas Eric Duncan, que morreu de ebola e foi a primeira pessoa diagnosticada com a doença nos EUA.
Ao menos 4.447 pessoas morreram na África Ocidental no pior surto já registrado do vírus que pode causar febre, hemorragia, vômito e diarreia, e que se espalha por meio do contato com fluídos corporais.
"As autoridades de saúde entrevistaram a mais recente paciente para identificar rapidamente quaisquer contatos ou exposições potenciais, e essas pessoas serão monitoradas", disse o departamento em comunicado.
No fim de semana, a enfermeira Nina Pham, de 26 anos, tornou-se a primeira pessoa a ser infectada pelo ebola nos Estados Unidos. Ela cuidou de Duncan durante a maior parte dos 11 dias de internação do homem no hospital. Ele morreu numa área de isolamento em 8 de outubro.
O hospital informou na terça-feira que Pham estava "em bom estado". CRÍTICAS O segundo caso de infecção de um profissional do hospital de Dallas acontece em meio a críticas de um sindicato nacional de enfermeiras sobre a forma como o local tratou das doença.
Segundo a associação, o hospital não cumpriu protocolar para lidar com o paciente com ebola, não ofereceu treinamento avançado e não tinha equipamentos suficientes para os profissionais, incluindo o luvas adequadas.
O hospital disse em nota que instituiu medidas para estabelecer um ambiente seguro de trabalho e que estava revendo e respondendo as críticas das enfermeiras.
O prefeito de Dallas, Mike Rawlings, disse em entrevista coletiva que a segunda enfermeira com ebola morava sozinha e não tinha animal de estimação. Segundo Rawlings, profissionais de saúde foram mobilizados rapidamente para limpar áreas afetadas envolvendo a enfermeira e para alertar seus vizinhos e amigos. Uma equipe de descontaminação foi enviada à casa dela, segundo autoridades de Dallas.
O CDC disse que a contaminação de mais um profissional de saúde é uma "preocupação grave", e afirmou que tomou medidas para minimizar o risco aos profissionais de atendimento médico e ao paciente".
O diretor do CDC, Thomas Frieden, informou na terça-feira que a agência estava criando uma equipe de resposta rápida para ajudar os hospitais que tiverem casos de ebola confirmados.
Frieden tem sido criticado pela resposta e preparação dos EUA para o ebola, mas o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, disse que o presidente Barack Obama confia na capacidade de Frieden para liderar os esforços públicos de saúde.
A esperança de um fim rápido para o surto de ebola foi reduzida pela previsão da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que os três países mais afetados -Libéria, Serra Leoa e Guiné, todos na África Ocidental- podem ter até 10.000 novos casos por semana até o início de dezembro.