Agência de notícias
Publicado em 22 de janeiro de 2025 às 13h48.
Última atualização em 22 de janeiro de 2025 às 14h10.
Em mais uma resposta às críticas pelos vetos no projeto de lei de renegociação da dívida dos estados, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que deveria receber um prêmio do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) por sancionar a proposta que pode zerar os juros para o pagamento das dívidas dos entes com a União.
"Para falar a palavra obrigado tem de ter grandeza, caráter e humildade. Esse acordo das dívidas de Minas Gerais, o governador deveria vir aqui me trazer um prêmio, um troféu de primeiro presidente da República que ele tem conhecimento, que nunca vetou absolutamente nada de nenhum governador, de nenhum prefeito por ser contra ou por ser oposição", disse Lula, completando: "O que nós fizemos para os estados que não pagavam dívida, talvez só Jesus Cristo fizesse se concorresse a presidente da República".
A fala foi feita nesta quarta-feira no Palácio do Planalto, na cerimônia de assinatura do contrato de concessão da BR-381, localizada em Minas Gerais. A ausência de Zema no evento foi criticada pelo ministro dos Transportes, Renan Filho.
"Uma pena que o governador de Minas não esteja aqui. Vi o governador cobrando investimentos, mas não o vejo aqui neste momento. Parece que a cobrança é mais política e menos pela obra. Isso apequena o gestor público", declarou o ministro no evento, no Palácio do Planalto.
Em seguida, Zema retrucou nas redes sociais e disse que não "perde tempo com eventos burocráticos":
"O PT prometeu essa mesma obra nos 188 meses de governo, mas não entregou. Por isso, quando for colocar máquina na pista, fiscalizar ou inaugurar trechos da obra na BR-381 eu estarei à disposição. Meu foco é trabalhar, não perder tempo com eventos burocráticos", escreveu o governador.
Mais cedo, Zema foi criticado por outro ministro de Lula, desta vez, Rui Costa (Casa Civil) acusou o governador de pedir que a União se responsabilize por dívidas que ele teria contraído junto a bancos privados e organismos internacionais. A declaração foi feita em entrevista ao Bom Dia, Ministro, quando Costa foi questionado sobre os desdobramentos da renegociação de dívidas — tema que tem gerado embate entre a gestão de Lula e governadores de direita.
"O governador de Minas queria que o governo federal pagasse as dívidas do Estado com os bancos privados. O que você [contribuinte federal] tem a ver com a dívida que ele [Romeu Zema] contraiu com outros bancos privados e internacionais?", disse Costa.
Chefes de estados criticaram os vetos de Lula a trechos do projeto que pode zerar os juros para o pagamento das dívidas dos entes com a União. Zema usou suas redes para criticar o petista pelos vetos.
“Com vetos ao PROPAG, @LulaOficial quer obrigar os mineiros a repassar R$ 5 bi a mais em 25/26, apesar do recorde de arrecadação federal: R$ 2,4 trilhões em 2024. É dinheiro pra sustentar privilégios e mordomias”, escreveu.
Um dos vetos foi ao artigo que trazia a possibilidade de os estados usarem verbas do novo Fundo de Desenvolvimento Regional (FNDR), criado com a reforma tributária, para abatimento dos juros. Lula também vetou o abatimento de juros a partir do uso de verbas de exploração de recursos naturais (petróleo, gás, energia etc.), e a permissão aos entes para abaterem as dívidas caso executem despesas de responsabilidade do governo federal, como obras.