Metrô de São Paulo: Nos últimos três anos, enquanto na Estação Sé a movimentação de pessoas caiu 20% em cada dia útil, a Luz e a República registraram aumentos de, respectivamente, 37% e 72% (Robson Leandro/ Flickr)
Da Redação
Publicado em 26 de outubro de 2014 às 11h08.
São Paulo - O metrô de São Paulo, que transporta 4,6 milhões de passageiros por dia, ganhou novos gargalos. Ao mesmo tempo, antigos pontos de conexão da rede estão um pouco menos superlotados. É o que revelam estatísticas obtidas pelo jornal O Estado de s. Paulo por meio da Lei de Acesso à Informação.
Nos últimos três anos, enquanto na Estação Sé a movimentação de pessoas caiu 20% em cada dia útil, a Luz e a República registraram aumentos de, respectivamente, 37% e 72%.
Essas duas paradas receberam um acréscimo de usuários depois da inauguração de estações da Linha 4-Amarela, em setembro de 2011.
Até então, a Luz só atendia, no sistema metroviário, à Linha 1-Azul. Naquele ano, passavam em média pela parada 195 mil pessoas diariamente. Em 2014, o patamar subiu para 268 mil.
O corretor Milton Alves, de 63 anos, mora na zona norte da capital e trabalha em Pinheiros, na zona oeste. Ele usa as Linhas 1 e 4 do Metrô e conta que gasta mais tempo para entrar e sair das estações, no percurso completo, do que na viagem em si.
"São 24 minutos efetivamente dentro dos trens e uns 26 nos acessos, já cronometrei." Ele critica o csaminho que os passageiros têm de fazer entre os acessos das Linhas 1 e 4 na Luz. "É brava aquela interligação, porque precisamos dar uma volta grande."
Usuária da Estação Pinheiros, a editora de livros didáticos Gabriela Alves, de 26 anos, diz que o rush da tarde é complicado, especialmente das 18 às 20 horas.
"Fica um amontoado de gente nos dois primeiros andares. Felizmente, nunca deu confusão séria, porque poderia ser grave." Nessa parada, o aumento diário de passageiros foi de 253% entre 2011, quando a estação foi aberta, e este ano.
Outra parada que costuma provocar críticas dos passageiros é a Consolação, na Linha 2-Verde, que desde 2010 se conecta por um túnel à Paulista, na Linha 4. Essa interligação fica tão lotada nas horas de pico que o próprio Metrô já estudou algumas alternativas para tentar aliviar o grande fluxo, como a construção de outra passagem subterrânea entre as duas estações, mas até agora nada saiu do papel.
Conhecidas dos passageiros do Metrô como "tradicionais" pontos de superlotação, como Ana Rosa e Paraíso, que conectam as Linhas 1-Azul e 2-Verde, estão um pouco menos disputadas.
Neste ano, a média diária na Ana Rosa é de 182 mil passageiros, 5% menos do que três anos atrás. A estação vizinha, Paraíso, também teve variação negativa de usuários no período. Por ali, circulam atualmente nos dias úteis 187 mil passageiros, um número 31% inferior do que o registrado em 2011.
Redistribuição
Segundo a explicação do Metrô, o aumento do número de passageiros em algumas estações e o decréscimo em outras paradas historicamente movimentadas se dá pela abertura gradual da Linha 4, que "criou novas opções de trajeto e conexões, consequentemente redistribuindo o fluxo".
O superintendente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), Luiz Carlos Mantovani Néspoli, concorda com essa visão. "Por exemplo, na Luz, quem vem da zona norte e precisa ir para a oeste já transfere direto na Linha Amarela, não precisa mais ir para a Sé. Quem vem da zona leste e tem de ir à Paulista também segue direto pela Linha 3-Vermelha e desce na República."
Para ele, a inauguração da Linha 5-Lilás completa, até a Estação Chácara Klabin, o que só deve ocorrer a partir de 2016, deve fazer com que haja certo alívio em estações da Linha 4, como a Pinheiros e a Paulista. "O passageiro sempre leva em conta a lotação, a dificuldade de transferência e o tempo."
O Metrô informa que "novas opções de transferências serão criadas, redistribuindo a demanda". A empresa também divulgou que já concluiu o projeto para a construção de uma nova entrada da Estação Paulista na Rua Bela Cintra e que o processo para a locação do imóvel necessário à obra foi finalizado. A construção começa em breve.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.