Redação Exame
Publicado em 20 de janeiro de 2025 às 15h10.
Última atualização em 20 de janeiro de 2025 às 15h39.
Jensen Huang, fundador e CEO da Nvidia, uma das empresas mais valiosas do mundo, passou o domingo, 19, em Pequim celebrando o Ano-Novo Chinês com funcionários da operação local, enquanto reiterava a importância estratégica da China para sua companhia.
Diferentemente de líderes de outras gigantes da tecnologia, como Mark Zuckerberg (Meta) e Sam Altman (OpenAI), Huang não cogitou ir a posse de Donald Trump que aconteceu na manhã desta segunda-feira, 20.
"Estamos comemorando um novo começo de ano, mas também o começo de uma nova era", declarou Huang, em discurso divulgado em plataformas chinesas como o Douyin, a versão local do TikTok. Ele comparou a atual revolução tecnológica à introdução do IBM System/360, de 1964, mas destacou que "não é mais codificação, mas aprendizado de máquina. O programa que cria não é software, mas inteligência artificial."
A visita de Huang à China ocorre em um momento delicado para a Nvidia. No país, a empresa enfrenta uma investigação por supostas violações de leis antimonopólio, enquanto nos Estados Unidos lida com novas restrições à exportação de chips de IA. Na semana passada, o Departamento de Comércio norte-americano impôs medidas para limitar o acesso de empresas que poderiam revender produtos ao mercado chinês.
A Nvidia reagiu de forma contundente: "Ao tentar manipular o mercado e sufocar a concorrência —a força vital da inovação—, a nova regra do governo Joe Biden ameaça desperdiçar uma vantagem tecnológica arduamente conquistada" , afirmou a companhia em comunicado oficial.
Embora tenha evitado críticas diretas ao governo de Donald Trump, que tomou posse nesta segunda-feira (20), Huang mencionou que ainda não discutiu o tema com a equipe de transição. "Estou ansioso para congratular o governo Trump quando eles tomarem posse", declarou, mantendo um tom diplomático.
A viagem de Huang pela Ásia reflete a importância estratégica da região para a Nvidia. Antes de Pequim, ele visitou Shenzhen, um dos maiores polos de tecnologia do mundo, e Taipé, em Taiwan, onde reiterou a relevância da IA como motor de uma nova revolução tecnológica.
Em discurso, Huang destacou o longo compromisso da Nvidia com o mercado chinês. "A Nvidia está na China há mais de 25 anos", afirmou, enquanto busca reforçar laços na região em meio ao aumento das tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China.
A estratégia de Huang parece buscar um equilíbrio entre interesses divergentes: de um lado, liderar a inovação global na área de IA; de outro, enfrentar pressões regulatórias e políticas que ameaçam limitar o crescimento da Nvidia.