Sede do Goldman Sachs em Nova York (Brendan McDermid/Reuters)
Os relatos sobre rotinas de trabalho que ultrapassam 90 horas semanais e as reclamações de diversas crises de Burnout feitas pelos analistas do banco americano Goldman Sachs parece não ter surtido efeito entre os jovens interessados no mercado financeiro.
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Segundo documentos obtidos pela CNBC e pelo Business Insider, o programa anual de estágios do Goldman Sachs recebeu 236 mil inscrições e bateu o recorde de aplicações, com um salto de 17% em relação ao ano passado. Desse total, 79 mil são para vagas nos EUA.
O programa é conhecido pela sua alta competitividade. Entretanto, segundo dados da CNBC, apenas alunos de alto desempenho entre o terceiro e quarto ano da faculdade são contratados e a taxa de aprovados é de 1,5%.
Os alunos que permanecem no rigoroso e extenso programa de estágio do banco e são promovidos para analistas após dois anos da formatura, geralmente terão a sua escolha empregos consolidados em diferentes segmentos do mercado financeiro.
O programa de estágios do Goldman Sachs é considerado um dos mais tradicionais de Wall Street e uma importante qualificação profissional para os recém ingressados no mercado financeiro.
Nos EUA, os estágios começam em 6 de junho e serão totalmente presenciais, semelhante ao ano passado. O CEO do Goldman, David Solomon, está entre os maiores defensores do retorno à vida no escritório nos EUA, e o executivo costuma citar a necessidade de os trabalhadores juniores aprenderem com aqueles ao seu redor como um motivo para a obrigatoriedade do estágio presencial.
O programa permite que os estudantes atuem em suas várias operações, rotacionando entre as áreas de atuação do Goldman, de banco de investimento a negociação, gestão de ativos, pesquisa, estratégia e gestão de consumo e patrimônio.
O salário de estagiário americano no Goldman pode chegar a US$ 55 mil anuais. No Brasil, pode ultrapassar facilmente os R$ 3 mil mensais. Os dados são da plataforma de avaliação de empresas Glassdoor.
Em 2021, uma mobilização de analistas do Goldman Sachs colocou em xeque as políticas de trabalho do banco e expôs as insustentáveis rotinas de trabalho que levava um analista júnior. Uma pesquisa interna mostrou que, em média, eles vão dormir às 3 da manhã, têm 5 horas de sono e trabalham 95 horas por semana.
Na pesquisa, todos os respondentes disseram que as horas de trabalho afetaram o relacionamento com familiares e amigos, 77% acreditam ter sofrido assédio no ambiente de trabalho e 75% procuraram ou consideraram procurar terapia ou outro serviço de saúde mental.
Ao dar uma nota para sua vida pessoal de um a 10, a nota média entre os analistas foi de um.
Vale dizer que os dados são relativos ao primeiro ano de trabalho desses analistas e o período base é 2021.
Após a divulgação da pesquisa interna e a crescente pressão dos funcionários, o Goldman afirmou à imprensa americana que a empresa iria trabalhar com o grupo para endereçar as preocupações e os pontos levantados pelos funcionários. A reposta imediata do banco foi aumentar o salário base dos seus analistas.
Agora, os funcionários no primeiro ano de empresa passam a receber 110 mil dólares por ano. Em seu segundo ano da empresa, passam a receber 125 mil dólares e aqueles que alcançarem um maior nível de senioridade podem ter um salário anual de 150 mil dólares. O valor do salário base dos analistas não inclui o bônus.
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