Agência de notícias
Publicado em 15 de novembro de 2024 às 18h35.
Na reta final das negociações para elaborar a declaração final que será anunciada pelos presidentes na cúpula de chefes de Estado e de governo do G20, na semana que vem, a Argentina mudou posições já acordadas e corre o risco de ficar de fora do documento, confirmaram ao GLOBO fontes oficiais.
Na quinta-feira, os negociadores argentinos, chefiadas pelo sherpa (representante do presidente) Federico Pinedo, informaram aos demais países que receberam “novas instruções” da Casa Rosada e passaram a se opor à inclusão no texto da proposta de taxação dos super-ricos, uma das consideradas mais importantes pelo Brasil.
De acordo com fontes do governo brasileiro, que em meados deste ano comemorou uma declaração de ministros na qual a taxação dos super-ricos foi mencionada, “os argentinos estão traindo um texto e uma linguagem já acordada”.
Os negociadores brasileiros estão furiosos com a delegação argentina chefiada por Pinedo, que, sem dar mais explicações, acrescentou a fonte, informou que se tratava de “uma instrução da Presidência”. Procurados pelo GLOBO, negociadores argentinos disseram que não comentariam detalhes das negociações.
O dia em que a instrução chegou à mesa de negociações, o presidente Javier Milei estava nos Estados Unidos, participando de um jantar no qual se encontrou com o presidente eleito americano, Donald Trump, e vários de seus aliados e colaboradores, entre eles o magnata Elon Musk, que sempre criticou a proposta do Brasil.
Até quinta de tarde, negociadores brasileiros afirmavam que “as negociações estavam caminhando bem, inclusive com os argentinos”. A situação mudou no fim do dia, e nesta sexta o clima já estava azedado com os argentinos. Algumas fontes oficiais afirmaram, até mesmo, que a Argentina poderia ficar de fora da declaração presidencial, caso seja o único país que mude de posição na última hora. “Se todos os demais estiverem de acordo, a Argentina não assina e pronto”, explicou uma fonte.
A proposta de taxação dos super-ricos prevê um imposto de 2% sobre a riqueza dos bilionários do mundo, e poderia arrecadar entre US$ 200 e US$ 250 bilhões. A ideia surgiu de um estudo elaborado pelo economista francês Gabriel Zucman, professor de economia na Escola de Economia de Paris e da Universidade da Califórnia. O texto da declaração não mencionaria percentuais, mas sim a ideia de criar um imposto pata taxar super-fortunas no mundo.