El Salvador: transferência de menores para prisões de adultos gera críticas (Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 24 de fevereiro de 2025 às 14h08.
Crianças e adolescentes que serão transferidos para prisões de adultos em El Salvador devido a uma nova reforma penal enfrentarão abusos "graves", denunciou a Human Rights Watch (HRW) nesta segunda-feira, 24. O Congresso do país, controlado por deputados próximos ao presidente salvadorenho Nayib Bukele, decidiu que menores presos e condenados por ligações com o crime organizado, especialmente gangues, deveriam ser enviados para uma prisão comum.
Essa medida "viola os padrões internacionais de justiça juvenil e os expõe a maiores riscos de abuso", disse a ONG HRW em um comunicado, ecoando queixas semelhantes de outras organizações, como a ONU.'
“Crianças, que já sofreram abusos abomináveis em centros de detenção juvenil, enfrentariam condições e abusos ainda mais sérios em prisões para adultos”, afirmou Juanita Goebertus, diretora da divisão das Américas da HRW.
O sistema prisional para adultos de El Salvador "tem sido responsável por tortura e outros abusos graves", por isso, segundo a entidade, menores não deveriam ser transferidos para essas instalações "sob nenhuma circunstância". “Isso também limitará suas chances de reabilitação”, acrescentou Goebertus.
A Human Rights Watch alerta que os detentos em prisões para adultos em El Salvador vivem em isolamento extremo, sem acesso a recursos legais e em condições de superlotação, tortura e violência. Além disso, enfrentam dificuldades para obter alimentos, água potável e cuidados médicos.
Desde março de 2022, Bukele trava uma "guerra" contra gangues sob a proteção do estado de emergência, período em que mais de 83.000 pessoas foram presas. Cerca de 8.000 foram libertadas por serem inocentes.
Em um relatório de julho de 2024, a Human Rights Watch documentou “detenções arbitrárias, tortura e graves violações do devido processo legal contra crianças de até 12 anos de idade”.
Mais de 3.000 crianças e adolescentes foram detidos desde o início do estado de emergência. Segundo a ONG, muitos não tinham ligação com gangues ou crimes, sendo presos apenas por denúncias anônimas ou aparência física.
A organização também afirma que alguns policiais admitiram que “as autoridades os pressionavam para prender um certo número de pessoas todos os dias”. Além disso, várias crianças detidas e suas famílias já haviam sido vítimas de violência de gangues.
De acordo com organizações locais de direitos humanos, 368 pessoas morreram nas prisões de El Salvador durante o estado de emergência.