Future of Money

Yuval Harari, autor de "Sapiens", critica bitcoin: "moeda da desconfiança"

Pesquisador e autor de livros "best-sellers" opinou que criptomoeda gera riscos para a sociedade ao reduzir confiança em instituições

Yuval Noah Harari é autor de diversos livros "best-sellers" (Getty Images/Visual China Group/Getty Images)

Yuval Noah Harari é autor de diversos livros "best-sellers" (Getty Images/Visual China Group/Getty Images)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 23 de maio de 2024 às 12h03.

Yuval Noah Harari, mais conhecido por ser autor do best-seller "Sapiens", chamou atenção nesta semana por uma publicação no X, antigo Twitter, em que critica o bitcoin. O pesquisador se referiu ao ativo como uma "moeda da desconfiança" e alertou que a criptomoeda gera alguns riscos para a sociedade.

Ao explicar sua posição, Harari afirmou que "quando digo que o bitcoin é uma moeda da desconfiança, estou apenas repetindo o que os próprios fãs do bitcoin dizem. Pode haver boas razões para não confiar nos bancos e governos que criam dólares, ienes e outras moedas – mas isso não muda o facto de que a preferência pelo bitcoin se baseia na desconfiança das instituições humanas".

O autor se refere ao próprio argumento de criação da criptomoeda. O ativo digital foi desenvolvido em 2009 pelo misterioso Satoshi Nakamoto, que desapareceu há mais de 13 anos e cuja identidade segue um mistério. À época, Nakamoto disse que a criptomoeda era uma resposta à crise financeira mundial de 2008, que segundo ele mostrou a falha de instituições tradicionais.

Desde então, o bitcoin tem sido defendido por entusiastas como uma alternativa ao sistema financeiro tradicional. O argumento é que o ativo não é vinculado a um órgão ou empresa centralizada que pode interferir no seu funcionamento ou valor, o que o tornaria mais confiável que essas instituições.

"Por que este é um desenvolvimento alarmante? Porque todo o propósito do dinheiro é criar confiança entre estranhos. Dispositivos financeiros como moedas, títulos e ações – 90% dos quais são apenas dados em computadores – criam confiança entre milhões de estranhos, que podem então reunir os seus conhecimentos e recursos e cooperar", argumenta Harari.

Na visão do autor, "os humanos controlam o mundo" porque aprenderam a criar esses mecanismos de confiança para a transmissão de recursos e conhecimentos, permitindo a cooperação nas sociedades e o avanço material e científico.

  • Uma nova era da economia digital está acontecendo bem diante dos seus olhos. Não perca tempo nem fique para trás: abra sua conta na Mynt e invista com o apoio de especialistas e com curadoria dos melhores criptoativos para você investir.  

Por isso, ele argumenta que "se perdermos agora a confiança nas instituições humanas, isso limitará a quantidade de dinheiro e prejudicará a atividade econômica e a cooperação. Espero que a humanidade encontre uma forma de construir instituições humanas confiáveis, em vez de adotar tecnologias de desconfiança".

Por outro lado, defensores do bitcoin responderam à publicação de Harari alertando que ele errou ao dizer que a criptomoeda tem um funcionamento algorítmico para a determinação de preço. Outros apontaram que as características do ativo permitem ter uma maior confiança, e não desconfiança, no projeto e em operações usando a moeda digital.

Siga o Future of Money nas redes sociais: Instagram | Twitter | YouTube Telegram | TikTok

Acompanhe tudo sobre:BitcoinCriptomoedasCriptoativos

Mais de Future of Money

Aave: como o maior banco descentralizado pode transformar o mercado financeiro

Drex: o que muda no dia a dia dos brasileiros com o real digital?

Sam Altman diz que criptomoedas podem ter "futuro brilhante" e elogia Worldcoin

Evento reúne BC, CVM e mercado para debater futuro da economia digital no Brasil