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Web3 como ferramenta: Furia, Loud e Los Grandes avaliam o futuro dos jogos em blockchain

Web3 deve agir como um veículo para levar novas experiências aos gamers, e não o foco dos jogos, dizem executivos

Novas ferramentas de Inteligência Artificial já se tornaram essenciais para potencializar os resultados de marketing (Getty Images/Reprodução)

Novas ferramentas de Inteligência Artificial já se tornaram essenciais para potencializar os resultados de marketing (Getty Images/Reprodução)

Cointelegraph
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Agência de notícias

Publicado em 13 de maio de 2023 às 10h00.

Pesquisas realizadas entre 2022 e 2023 apontam que gamers e estúdios não estão interessados na integração de jogos com tokens não fungíveis (NFTs). O motivo comumente apontado é a falta de divertimento que os títulos voltados à Web3 apresentaram até então.

Furia, Loud e Los Grandes são três das maiores organizações de esportes eletrônicos (eSports) do Brasil. A visão unânime sobre o futuro dos jogos utilizando blockchain é que as desenvolvedoras precisam entender a Web3 como uma ferramenta, e não como um fim em si.

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Web3 como ferramenta

Andre Akkari, Co-CEO da Furia, avalia que os jogos focados na remuneração de usuários através de tokens, que deixam de lado a jogabilidade e a comunidade, “nunca funcionarão”. Ele diz que os gamers buscam jogos interessantes, e isso não se limita apenas à ideia de competição, mas de jogos que estimulem e desafiem os jogadores. Quando um título busca apenas criar tokens para especulação, ele é facilmente substituído por outro jogo, acrescenta.

“Enquanto isso, CS:GO [Counter-Strike Global Offensive] dura mais de 20 anos, e não para de crescer”, exemplifica Akkari. “Nem todo jogo precisa ser visualmente impactante. Jogos como Tibia, por exemplo, não são providos de gráficos incríveis, mas possuem lógicas e jogabilidades sensacionais, então perduram, criam comunidades, e vencem a luta pela sobrevivência em busca de sucesso”, completa.

O Co-CEO da Furia afirma que a Web3 provê diversas grandes oportunidades para que jogos bons sejam “ainda mais legais, mais conectados ao sentimento de propriedade e liberdade dos seus ativos digitais”. Ele salienta, no entanto, que a Web3 deve funcionar como ferramenta para os jogos, e não como um fim. “Jogar sempre tem que ser o lado mais excitante.”

Rodrigo Terron, sócio da Los Grandes, classifica o período de jogos em blockchain voltados puramente ao modelo ‘play to earn’ como “Primeira Onda dos Blockchain Games”. Embora afirme que este modelo não estará mais presente dentro de até três anos, Terron destaca que o modelo de tokenização de ativos permanecerá.

“Hoje, quando um jogador investe dinheiro em algum game, não necessariamente ele está comprando algo, ele está adquirindo algo que deveria ser dele mas, no fim, é da distribuidora. Essa primeira onda foi de testes, e acredito que muitos jogos podem usar esses tokens”, diz Terron.

O que tende a acontecer naturalmente, na visão do sócio da Los Grandes, é a implementação nativa de tokenização dos ativos conquistados por usuários em um jogo. Nesse caso, porém, Terron acredita que os tokens estarão mais ligados a jogabilidade, incentivos e benefícios.

Bruno Bittencourt, CEO da Loud, se posiciona na mesma linha. Ele vê a blockchain como um veículo para levar novas experiências aos jogadores, criando novas camadas de engajamento sobre loops divertidos de jogabilidade.

“Não precisa ser altamente competitivo. Haverão certos gêneros de jogos que se integrarão perfeitamente, especialmente quando você tem grandes mercados com transações peer-to-peer”, avalia Bittencourt. Como exemplo, ele cita a possibilidade de empresas como a Riot permitirem a negociação de ativos conquistados através do jogo dentro do próprio ecossistema da empresa.

“Para o usuário final, eles nem saberiam que estão usando blockchain, apenas estariam usufruindo de uma conta e ativos digitais mantidos por cada um”, completa Bittencourt.

Os NFTs para os gamers

A inclusão agressiva de elementos financeiros dentro de jogos, às custas da criação de uma experiência prazerosa, não agradou o público gamer. Em julho de 2022, as empresas YouGov e Globant conduziram uma pesquisa com mil jovens estadunidenses, que jogavam pelo menos três horas por semana, sobre a visão dos mesmos sobre tokens não-fungíveis em jogos.

Através dos resultados, descobriu-se que 81% dos jovens nunca tinham comprado um NFT. Além disso, somente 40% dos entrevistados tinham interesse no aspecto de ‘jogar e ganhar’ que os jogos play to earn oferecem.

As grandes empresas estão cientes da falta de interesse dos gamers quanto à integração de Web3 nos jogos. Um exemplo é a história contada pelo portal nft now, em julho de 2022, envolvendo a empresa Riot Games e uma arte feita para um de seus jogos, o Valorant. A arte continha uma das personagens do jogo em um museu, observando uma obra de arte real.

O autor da obra observada pela personagem, porém, vendia seus trabalhos no formato de NFTs. Apesar da relação indireta entre o jogo e o token não-fungível, fãs do Valorant criticaram a empresa, questionando se a imagem sinalizava a inclusão de NFTs no jogo que, atualmente, conta com mais de 12 milhões de jogadores. Os dados são do Tracker.gg.

Em resposta às indagações de sua comunidade, a Riot se posicionou dizendo não saber que a arte era um NFT, alegando que não tinha a intenção de acrescentar tokens não-fungíveis como hobby ou trabalho da personagem.

O caso é um bom indicativo do quão hostil é o sentimento da comunidade gamer em relação aos NFTs, possivelmente pelo movimento predatório que os jogos play to earn executaram entre 2021 e 2022. O uso da Web3 como ferramenta, como sugeriram os executivos de Furia, Los Grandes e Loud, pode ser um ponto de mudança na opinião do público gamer.

Web3 nos eSports

A crise econômica a nível global, consequência dos pacotes de incentivo concedidos pelo governo estadunidense durante a pandemia de Covid-19, chegou às organizações de eSports. Na Liga Norte-Americana de League of Legends (LCS, na sigla em inglês), uma das mais tradicionais organizações, a Counter Logic Gaming (CLG), vendeu sua vaga na franquia. A Team SoloMid (TSM) é outro nome que pode deixar a liga, apontam rumores.

Andre Akkari, da Furia, avalia que o mercado de eSports é o futuro do entretenimento para competições. O alto volume de investimento, porém, fez com que organizações de esportes eletrônicos exagerassem na velocidade com a qual cresciam, causando os colapsos vistos atualmente.

“É vital para o sucesso neste universo de gaming e eSports que você seja uma ferramenta de impacto para a sua comunidade. Isto é o que fazemos na Furia, buscamos ganhar voz em competições e em conteúdo, eventos, lifestyle para falar com os jovens que, hoje, raramente escutam sobre temas importantes do planeta, como a luta contra o racismo, homofobia, o empoderamento feminino, diversidade e inclusão”, diz Akkari.

Rodrigo Terron, da Los Grandes, reforça que este é um momento de correção do mercado financeiro a nível macro. Em épocas como esta, Terron diz que a Web3 pode gerar novas fontes de receita, para que organizações “sejam menos reféns só de patrocínios”.

“Acredito que o próximo movimento será entender a comunidade e como a profissionalização da indústria de eSports fará dela mais forte. Mesmo com os números recentes podendo assustar um pouco, isso é normal para o momento do mercado, e acredito que logo a chave vai virar e voltar a movimentar, pois sabemos do tamanho da indústria e do número de pessoas envolvidas”, afirma o sócio da Los Grandes.

As organizações que arrecadam fundos com base em receitas de patrocínio devem reorganizar seu modelo de negócios à medida que surgem desafios, diz Bruno Bittencourt, da Loud. E a Web3 pode potencialmente abrir novos fluxos de receita, acrescenta.

“As organizações precisam pensar que valor podem agregar para criar novas experiências digitalizadas para seus fãs. Temos muita curiosidade sobre propriedade descentralizada, por exemplo, especialmente quando se trata de equipes e organizações movidas por torcedores. Colocar a propriedade nas mãos de pessoas leais à organização pode garantir um legado não ligado a um grupo proprietário único, mas pelas comunidades que contribuíram ao longo dos anos”, conclui Bittencourt.

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