Venezuela possui uma das maiores adoções a criptomoedas na América Latina (Reprodução/Reprodução)
Redação Exame
Publicado em 29 de março de 2023 às 10h53.
O setor de criptomoedas da Venezuela está passando por uma série de dificuldades nos últimos dias. Em uma ação associada a investigações sobre desvios de fundos públicos no segmento, autoridades do governo venezuelano suspenderam o funcionamento de corretoras e o fornecimento de energia para mineradoras de cripto.
As ordens teriam sido informadas pela Superintendência de Criptoativos do país, a Sunacrip, e envolveram também o congelamento das contas bancárias das corretoras nacionais de criptomoedas. Na prática, a medida impede o funcionamento das exchanges e a realização de negociações e saques.
O problema teria começando ainda em março, com a prisão de Joselit Ramírez, até então o superintendente responsável por chefiar a Sunacrip. Ramírez está sendo investigado por corrupção, com a suspeita de uma série de desvios envolvendo o funcionário público e empresas do segmento.
A Associação Nacional de Criptomoedas da Venezuela (Asonacrip, na sigla em inglês), fez um post no Twitter em que confirmou a solicitação do governo para o apagamento de todas as "fazendas" de mineração de criptomoedas no estado de Bolívar. Para a entidade, a medida foi "arbitrária" e vai "contra os interesses da indústria privada".
#ULTIMAHORA se confirma que fue solicitado el apagado de las granjas de mineria digital en el Estado Bolívar. Consideramos esta un medida arbitraria, qué va en contra de los intereses de la industria privada.
— Asonacrip (Asociación Nacional de Criptomonedas) (@AsonacripVe) March 25, 2023
A Asonacrip também compartilhou supostas imagens de agentes públicos investigando locais de mineração de criptomoedas no país. Ela solicitou uma retomada imediata do fornecimento de energia para as mineradoras, assim como "a continuidade das operações" da Sunacrip.
A Doctorminer, uma das mineradoras de criptomoedas da Venezuela, também confirmou a suspensão no fornecimento de energia, que segunda ela deve se manter até que todas as investigações se encerrem. Entretanto, a empresa ressaltou que "não temos como garantir quando essa suspensão acabará".
Já no segmento de negociação de criptoativos, ao menos nove empresas estão com operações suspensas, de acordo com uma reportagem da Bloomberg Línea. Uma delas, a Cryptobuyer, disse que "nossas plataformas não estarão operacionais no momento", enquanto a Sunacrip é reestruturada.
A Venezuela é um dos países com maior adoção de criptomoedas na América Latina. O público tem buscado investir nos ativos digitais principalmente como uma forma de se proteger da alta inflação da nação e da rápida desvalorização da moeda nacional. Nesse sentido, o governo venezuelano chegou a lançar uma corretora estatal e uma moeda digital própria, também criando a Sunacrip como forma de incentivar o setor.
Agora, porém, o processo de reestruturação e as investigações e possíveis punições para empresas do segmento podem acabar dificultando parte dessa adoção e os investimentos por parte dos venezuelanos interessados no segmento.
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