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Tokens de renda fixa: especialistas apontam três razões para investir em 2023

Segmento está em expansão no Brasil com aumento de opções e tem apresentado liquidez, baixo risco e bons rendimentos

Sandboxes regulatórios organizados pelo Banco Central e pela CVM trouxeram avanços no mercado de tokenização de ativos (D-Keine/Getty Images)

Sandboxes regulatórios organizados pelo Banco Central e pela CVM trouxeram avanços no mercado de tokenização de ativos (D-Keine/Getty Images)

Cointelegraph Brasil

Cointelegraph Brasil

Publicado em 29 de dezembro de 2022 às 11h40.

Última atualização em 29 de dezembro de 2022 às 12h03.

A tokenização cresceu no Brasil em 2022. Os sandboxes regulatórios organizados pelo Banco Central e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), além dos esforços de tokenizadoras que já atuam no mercado, trouxeram grandes avanços ao setor neste ano.

As mudanças positivas foram reconhecidas globalmente, como é o caso de um relatório da gestora VanEck com previsões para 2023 que aponta o Brasil como potencial líder dos esforços de tokenização para o próximo ano. As tokenizadoras MB Tokens e Liqi compartilham razões para que investidores incluam ativos tokenizados em seus portfólios no ano que se aproxima.

Vantagens da tokenização

Ambas as tokenizadoras apontam três grandes vantagens para investir em ativos tokenizados: acessibilidade, baixo risco e retornos consideráveis. Daniel Coquieri, CEO da Liqi, destaca que os ativos reais transformados em tokens são do setor de crédito privado. Geralmente, os investidores do varejo não possuem acesso a estes ativos, que são restritos aos Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC).

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“A tokenização permite que transformemos esses ativos em tokens de forma isolada, dando acesso ao investidor a ativos nos quais ele não poderia investir diretamente antes”, comenta Coquieri. Já Vitor Delduque, Diretor de Novos Negócios no MB Tokens, aponta outros setores nos quais é possível tokenizar ativos, como o de energia.

A rentabilidade dos tokens também é apontada como um ponto positivo. Coquieri, da Liqi, explica que a ausência de trabalho manual, automatizado pelos blockchains, reduz os custos da operação e, consequentemente, gera menos repasse de custos aos investidores. “Ao tirar o intermediário do mercado, a taxa de desconto do consumidor é muito menor. Estamos falando de CDI a 122% até 130%, possíveis em razão da tecnologia".

Delduque, do MB Tokens, destaca também as vantagens tributárias do token. Diferentemente de alguns instrumentos de renda fixa, como o Tesouro Selic, a venda de ativos tokenizados é isenta de alíquota do imposto de renda. A única preocupação do investidor é com o imposto sobre ganho de capital, incidente nas vendas de ativos que superem R$ 35 mil. “Além disso, há liquidez sem pagar IOF, e tudo isso deixa a rentabilidade real muito maior".

Baixo risco

O risco de cada token depende do ativo real que deu origem a ele, de acordo com os porta-vozes das tokenizadoras. Cabe ao investidor, portanto, avaliar os riscos na descrição do token antes de investir.

“Cada oferta de token de recebíveis feita pela Liqi informa o ativo que age como lastro, a nota fiscal e a data de vencimento. O risco está na empresa não pagar a fatura, mas ele é baixo, pois trabalhamos com empresas de médio e grande porte. Além disso, tanto o emissor do token quanto à Liqi têm obrigação de cobrança, caso haja atraso no pagamento do ativo”, afirma Coquieri.

O CEO da Liqi destaca ainda que mais de R$ 40 milhões em ativos foram tokenizados em pouco mais de quatro meses. Nesse período, nenhuma empresa deixou de pagar suas dívidas, e Coquieri atribui isso tanto ao processo feito pela Liqi quanto pela análise do emissor que comprou a dívida para tokenização.

Vitor Delduque, do MB Tokens, também afirma que o risco do token está ligado ao lastro. Assim como no caso da Liqi, ele destaca que o MB Tokens faz uma análise rigorosa de crédito sobre a empresa cujos recebíveis serão tokenizados. “Além das análises feitas por nós e pelo gestor do fundo, também tentamos atrelar seguros, aval da empresa e outras garantias dentro da estrutura do ativo”, diz.

Há ainda a possibilidade de exposição a apenas algumas frações do ativo, em vez da obrigatoriedade de compra do ativo em sua totalidade. Por isso, a tokenização ajuda a reduzir os riscos ligados aos ativos usados como lastro.

Liquidez dos tokens

Além do acesso a instrumentos de investimento com rentabilidade acima de boa parte das opções disponíveis no mercado, com um baixo risco, os tokens de ativos de renda fixa possuem alta liquidez. Daniel Coquieri, da Liqi, diz que a tokenizadora ainda não tem mercado secundário. Por isso, a maioria das ofertas possuem prazo baixo para liquidação.

“Os prazos de vencimento são de geralmente de 30 a 60 dias, com algumas exceções, onde o prazo é de 100 dias. Em 2023, planejamos disponibilizar o mercado secundário para que investidores negociem seus tokens, por mais que o prazo de vencimento já seja curto”, observa.

Jás ativos tokenizados pelo MB Tokens possuem um mercado secundário, diz Vitor Delduque. As negociações, porém, ficam bloqueadas até o fim do primeiro mês da oferta, ou até 60 dias em alguns casos, dependendo do prazo de vencimento do token. “A liquidez é dada pelos próprios detentores dos tokens que, às vezes, preferem vender seus tokens e adquirir outros ativos tokenizados que se encaixem mais em seus perfis".

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