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Segundas camadas do Bitcoin: explorando avanços e desafios na expansão da rede

Entenda o que são, como funcionam as segundas camadas do Bitcoin e quais projetos já ganham destaque

A pastel toned, multi-coloured image of two toned generic coin with Bitcoin symbol, arranged in a row, or chain along a curve against a multi coloured background. Denotes concept of block-chain and crypto-currency. With lots of copy space. (Getty Images/Reprodução)

A pastel toned, multi-coloured image of two toned generic coin with Bitcoin symbol, arranged in a row, or chain along a curve against a multi coloured background. Denotes concept of block-chain and crypto-currency. With lots of copy space. (Getty Images/Reprodução)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 8 de junho de 2024 às 11h00.

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Por Carlos Eduardo Guariglia*

Nos últimos quinze anos, o Bitcoin emergiu como uma das invenções mais inovadoras e disruptivas da era digital. Desde sua criação, não apenas revolucionou a maneira como entendemos o dinheiro, mas também lançou as bases para o desenvolvimento de toda uma indústria de tecnologias blockchain.

Com sua estrutura descentralizada, imutável e resistente à censura, o Bitcoin se consolidou como a espinha dorsal da revolução financeira digital.

Essa revolução é marcada por uma aparente contradição. Apesar de sua posição como pioneiro e catalisador da inovação, o Bitcoin é, paradoxalmente, mantido por uma comunidade que valoriza estabilidade sobre mudanças rápidas e experimentações. Uma abordagem conservadora, porém essencial para preservar a segurança e a integridade da rede.

Apesar disso, recentemente tivemos uma onda de desenvolvimento de metaprotocolos associados à rede, que, embora não alteram em nada o código original, modificaram a maneira como muitos usuários interagem com a rede.

O desenvolvimento da teoria Ordinal, de Casey Rodarmor, gerou a possibilidade da gravação de dados em Satoshis, a menor unidade de Bitcoin. Com isso, a rede, que antes era usada apenas para transferências de valor de ponto a ponto, passou a receber um grande fluxo de transações de colecionadores e especuladores de NFTs do Bitcoin, conhecidas como Ordinals, e também de tokens no padrão BRC-20 e, mais recentemente, as Runes, um padrão de token mais compatível com a forma como o Bitcoin transaciona (UTXOs).

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Entretanto, a negociação desses artefatos no Bitcoin não é simples. O livro de ofertas conta apenas com as ordens postadas pelos vendedores, não sendo possível um comprador gerar uma oferta, o que gera um problema de liquidez e dificulta a experiência do usuário. Isso porque o blockchain do Bitcoin permite uma programação muito rudimentar, diferente das redes de contratos inteligentes, que podem ser programadas para a criação de corretoras descentralizadas usando o mecanismo de AMM (automated market maker).

Devido ao conservadorismo da comunidade do Bitcoin, evita-se discutir a modificação do código da rede para facilitar a negociação desses ativos secundários. Dessa forma, a solução mais apresentada tem sido a criação das segundas camadas.

A estrutura BitVM, por exemplo, é um tipo de segunda camada muito similar às sidechains anteriormente apresentadas para escalar a rede Ethereum, como a Polygon POS, que consiste em um blockchain independente da primeira camada, na qual a ligação entre ambas é feita por uma ponte que trava os ativos na primeira camada e os cunha na segunda. Para aumentar a descentralização e a segurança, um comitê de provas e verificação é estabelecido para atribuir maior confiança ao processo.

O problema é que as sidechains se tornaram obsoletas na rede Ethereum por uma série de vulnerabilidades desse design, o que possibilitou, por exemplo, um hack de mais de 600 milhões de dólares no blockchain da Ronin. Além disso, não é possível estabelecer nenhum contrato on chain que garanta a honestidade do comitê.

A busca por maior segurança e confiança nesse processo leva algumas pessoas a apontarem uma solução mais radical: uma alteração na primeira camada, que geraria a reativação de um operador no código, através de uma proposta de melhoria do Bitcoin (conhecida como BIP 420).

Após isso, seria possível estabelecer pactos (covenants) na rede, o que geraria a possibilidade de instalar segundas camadas mais parecidas com os rollups da Ethereum. Com certeza, uma solução que geraria muito mais discussão e atrito com a comunidade.

Enquanto essas discussões ainda estão esquentando, um blockchain de primeira camada já apresenta uma solução de integração com o Bitcoin em estágio muito mais avançado, sem a necessidade de pontes, soluções centralizadas ou de alteração no código do Bitcoin: uma integração a nível de protocolo.

Esse blockchain é a Internet Computer (ICP). Uma série de características desse blockchain permite essa integração. Inicialmente, temos light nodes de Bitcoin rodando de maneira completamente on chain na ICP, o que dispensa qualquer tipo de consulta off chain ou oráculos para acessar dados no Bitcoin.

Com isso, os contratos inteligentes da ICP, os canisters, possuem um endereço de Bitcoin, podendo receber, armazenar e enviar bitcoins nativos, uma vez que é possível assinar transações diretamente no Bitcoin, o que não acontece em outros blockchains.

Além disso, a ICP conta com um bitcoin sintético, o ckBTC, que pode ser criado a partir do travamento de um bitcoin nativo em uma conta qualquer da ICP. Após isso, pode ser transacionado com taxas muito baixas e, ao ser convertido em Bitcoin nativo ou mesmo enviado para uma conta de Bitcoin, faz com que o Bitcoin originalmente travado seja transportado. Por isso, não é um simples token embrulhado, mas um clone do Bitcoin nativo.

Na ICP, a chave privada de cada conta é distribuída em diferentes subnets, usando a tecnologia Chain Key, que utiliza o padrão de assinatura threshold, uma forma de abstração de contas que simplifica a experiência do usuário e ainda mantém a segurança.

Além de receber os bitcoins nativos e os tokens secundários travados na rede, ainda foi estabelecida uma ponte de Ordinals, podendo ser negociados esse tipo de ativo em marketplaces como a Bioniq.io, e a integração com Runes deve vir em breve.

*Carlos Eduardo Guariglia émembro do Core Team na Internet Computer Protocol Hub Brasil.

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