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SEC pode rejeitar ETFs de bitcoin? Saiba como decisão afetaria preço da criptomoeda

Aprovação de solicitações de gestoras é o cenário mais provável no momento, mas recusa do regulador poderia derrubar ativo

SEC está analisando pedidos para lançamentos de ETFs de bitcoin nos EUA (Alex Wong/Getty Images)

SEC está analisando pedidos para lançamentos de ETFs de bitcoin nos EUA (Alex Wong/Getty Images)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 9 de janeiro de 2024 às 18h10.

Última atualização em 11 de janeiro de 2024 às 18h24.

Aviso: Na última quarta-feira, 10, a SEC aprovou os pedidos de lançamento de ETFs de bitcoin. Saiba mais aqui.

O mercado de criptomoedas possui uma visão quase consensual que a SEC deverá aprovar na próxima quarta-feira, 10, diversos pedidos de lançamento de ETFs de bitcoin nos Estados Unidos, uma visão que tem sido confirmada por analistas e jornalistas em contato com as gestoras na questão. A Bloomberg vê 95% de chance de aprovação ainda nesta semana. Mas o que aconteceria se as solicitações fossem rejeitadas?

A resposta a essa pergunta pode parecer desnecessária para muitos devido à baixa probabilidade desse cenário se concretizar, mas é importante refletir sobre o tema, até para evitar surpresas. Nesta terça-feira, 9, por exemplo, a conta da SEC no X, antigo Twitter, chegou a ser hackeada e houve a divulgação de uma aprovação dos pedidos, informação negada pelo próprio presidente da autarquia, que disse que a análise ainda está ocorrendo.

Em geral, analistas afirmam que, por mais que esse não seja o cenário provável no momento, uma rejeição resultaria em uma forte queda de preço da maior criptomoeda do mundo.

João Galhardo, analista da Mynt, plataforma de cripto do BTG Pactual, lembra que o primeiro anúncio de pedido de ETF de bitcoin, o da BlackRock, foi o que "essencialmente iniciou" uma narrativa em torno desses produtos que resultou em uma forte valorização da criptomoeda.

O anúncio ocorreu em 16 de junho e, desde então, o ativo valorizou mais de 77%, atraindo quase que semanalmente fluxos de entrada de capital institucional. Atualmente, a criptomoeda é negociada acima dos US$ 46 mil, o maior patamar de preço desde abril de 2022.

Ele ressalta que, baseado nesses dados, é possível assumir que os investimentos em bitcoin tem um "viés especulativo", já precificando os esperados efeitos positivos da aprovação dos ETFs. Mas, se a rejeição pela SEC ocorrer, esse aumento poderá ter sido "em vão".

Do recorde à queda?

Uma prova da importância das solicitações de ETFs de bitcoin junto à SEC para a valorização do ativo foi um movimento de preço que ocorreu logo na primeira semana deste ano. Na terça-feira, 2, o bitcoin chegou a cair mais de 6% após superar os US$ 45 mil. O motivo apontado por analistas foi a divulgação de um relatório da empresa Matrixport.

Nele, a companhia afirmava que a rejeição dos pedidos de ETFs eram o cenário mais provável no momento, já que as solicitações ainda estariam incompletas e distantes do esperado pela SEC. A avaliação foi rejeitada por muitos especialistas, mas quebrou uma narrativa de consolidação em torno da aprovação, sendo suficiente para assustar investidores e gerar a queda, além de um prejuízo bilionário no mercado de derivativos.

O bitcoin se recuperou na queda no dia seguinte, apoiado por mais novidades positivas que reforçaram as apostas na aprovação dos ETFs. E, apesar da Matrixport ter afirmado que o relatório não deveria ter sido divulgado para o público, a empresa não rejeitou a tese apresentada nele, que inclusive apontava que, em caso de rejeição dos pedidos, a criptomoeda poderia despencar para US$ 30 mil, devolvendo boa parte dos ganhos desde junho.

Outra figura do mercado financeiro que está pessimista em relação aos pedidos é o bilionário Kevin O'Leary. Para ele, o presidente da SEC, Gary Gensler, ainda deverá manter sua postura contra as criptomoedas e rejeitar os pedidos. Mesmo assim, o investidor acredita que o bitcoin subirá mesmo com a rejeição.

Lucas Josa, analista do BTG Pactual, afirma que "caso o ETF não seja aprovado, com certeza teremos uma reprecificação para os ativos do mercado através de uma correção praticamente imediata". Por outro lado, ele acredita que a queda pode ser menor no momento atual do mercado, após uma redução de boa parte da alavancagem excessiva que estava presente antes do caso do relatório da Matrixport.

"Boa parte da alavancagem em excesso no mercado foi limpada. Sendo assim, caso o cenário negativo se concretize, a correção provavelmente será menos aguda caso o ETF tivesse sido negado na primeira semana do ano", explica. Entretanto, Josa reforça que a aprovação dos pedidos ainda é o cenário mais provável.

"Olhando para os últimos sinais dados pela SEC, com novos comentários e a produção de conteúdos educacionais sobre o assunto e, principalmente, a última publicação do Gary Gensler sobre o mercado cripto, temos um cenário muito parecido com o da aprovação dos ETFs de futuros de bitcoin em 2021", comenta.

Por isso, ele diz que "uma negativa para os ETFs parece muito improvável, haja vista todo o esforço que tem sido colocado em prática pela autarquia, que parece ter colocado todas as gestoras em um pé de igualdade para uma aprovação até o próximo dia 10". O cenário mais provável, portanto, é de uma valorização do bitcoin ainda maior em 2024.

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