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Repórter do Future of Money
Publicado em 14 de março de 2025 às 14h30.
A forte queda recente do bitcoin assustou e pode afastar investidores do ativo, mas o ano de 2025 ainda deverá ser de alta para as criptomoedas. É o que avalia André Barbosa, especialista em investimentos e ex-diretor da Toro Investimentos, em uma entrevista exclusiva à EXAME sobre o futuro da moeda digital.
Na visão de Barbosa, a desvalorização intensa do bitcoin - que chegou a ser negociado na casa dos US$ 78 mil - reflete uma realização de lucros natural em ciclos de alta: "Tem muita gente super assustada com essa realização, em especial investidores mais recentes. A maior parte dos vendedores é quem adquiriu nos últimos meses, porque não passaram por ciclos anteriores e não entendem essa volatilidade".
"Foi uma realização forte, e isso aconteceu nos outros ciclos. Quem é investidor de mais longa data sabe que isso não muda as convicções. Ainda estamos em um ano de alta, e acredito que vai ter uma recuperação forte ao longo de 2025, que vai surpreender bastante gente", comenta.
O especialista afirma que, em um cenário mais conservador, vê o bitcoin chegando a um preço de US$ 150 mil. Mas o seu cenário base envolve uma valorização ainda maior, com a criptomoeda terminando o ano na casa dos US$ 200 mil, dobrando de valor em relação ao final de 2024.
Por trás desse otimismo está a avaliação de que a adoção crescente da criptomoeda seguirá impulsionando os preços. "É uma trajetória natural. Ele começou com pessoas físicas, depois teve empresas investindo, e agora temos países investindo. Os ETFs ajudaram a institucionalizar o ativo, dando mais acesso. Então a taxa de adoção vai terminar muito mais a performance do ativo que movimentos geopolíticos e macroeconômicos".
Para Barbosa, a queda do bitcoin representa uma correlação indireta com a sequência de anúncios de Donald Trump sobre a taxação para outros países. Ele avalia que as medidas geraram uma incerteza no mercado, resultando em uma aversão a riscos que prejudica ativos mais dependentes de liquidez no mercado, caso das criptomoedas.
"O bitcoin tem esse perfil muito mais que ativos tradicionais, e aí tende a reagir de maneira mais rápida que a bolsa, que também está caindo, mas não de forma imediata. O bitcoin negocia 24/7", explica.
Mesmo assim, ele ressalta que nem todos os investidores estão se desfazendo da criptomoeda: "Os investidores são divididos em dois grupos. Tem quem compra e segura no longo prazo, olhando para os fundamentos e a tese de investimentos, e eles provavelmente não se sensibilizam com essa questão das tarifas. Mas tem quem foca no curto prazo, a especulação e o day trade, e muitos operam alavancados".
Esse grupo acaba se tornando mais vulnerável a fortes variações de preço, o que "empurra o mercado para determinadas direções". E Barbosa afirma que o cenário macroeconômico dos Estados Unidos continuará pesando negativamente.
"Tem uma possibilidade real de recessão, porque está ocorrendo uma mudança na matriz de crescimento. O governo anterior fazia muito investimento, as contratações eram por parte do governo em muitos casos, e o Trump quer diminuir o tamanho do Estado, os investimentos, os funcionários. E isso gera a possibilidade de recessão", explica.
Por outro lado, ele comenta que um quadro recessivo pode fazer com que o Federal Reserve planeje mais cortes de juros que o esperado pelo mercado, o que beneficiaria ativos como as criptomoedas. "O início de recessão vai ser ruim para ativos de risco, e o bitcoin vai sofrer mais que a bolsa, mas se tiver sinalização do Fed sendo mais agressivo nos cortes que o precificado, pode compensar e até levar a um novo ciclo de alta, com injeção de liquidez no mercado".
Barbosa diz que a reunião do Fed mais importante para determinar esse comportamento da autarquia será a de maio, que surge como uma data relevante para o futuro do preço das criptomoedas. Enquanto isso, o especialista vê um momento de readequação de expectativas entre investidores.
"O Trump falava na campanha de tarifas, mas o mercado era meio cético. E quanto tomou posse veio com uma postura mais agressiva que o esperado, e isso gerou um choque de expectativas. Mas essas negociações acabam muitas vezes ocorrendo de forma não tão ordenada quanto o mercado gostaria, tem um vai e vem", diz.
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