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Bitcoin devolve ganhos com inflação nos EUA e preço opera abaixo de US$ 28 mil

Criptomoeda chegou a ter desempenho positivo após divulgação do CPI de abril, mas pessimismo no mercado afeta ativo

Preço do bitcoin tem volatilidade nesta quarta-feira (10) (Reprodução/Reprodução)

Preço do bitcoin tem volatilidade nesta quarta-feira (10) (Reprodução/Reprodução)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 10 de maio de 2023 às 15h20.

Última atualização em 10 de maio de 2023 às 16h22.

O bitcoin reverteu uma leve alta iniciada na manhã desta quarta-feira, 10, após a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor dos Estados Unidos (CPI, na sigla em inglês) de abril e agora opera em queda, de acordo com dados da plataforma CoinGecko. O movimento reflete um pessimismo generalizado no mercado, que também afeta ações e outros ativos considerados mais arriscados.

Segundo o CoinGecko, a maior criptomoeda do mundo acumula uma perda de 0,7% nas últimas 24 horas, cotada a US$ 27.372. Na parte da manhã, ela chegou a subir e superar os US$ 28 mil. O mercado cripto como um todo opera em queda de 0,4% no mesmo período, enquanto o ether recua 1,4%, a US$ 1.822.

Thais Almeida, analista da Titanium Asset, ressalta que o CPI referente a abril veio dentro do esperado pelo mercado, o que foi "extremamente positivo" para o preço do bitcoin ao afastar a perspectiva de que, caso os dados superessam as projeções, "haveria um aumento da aversão a ativos de risco, com uma queda acentuada do preço do bitcoin".

Entretanto, o resultado dentro do esperado também não deu margem para uma grande valorização da criptomoeda, ajudando apenas a "manter um patamar estável de preço" para o ativo. Nos últimos dias, ele tem variado entre a faixa de US$ 27 mil e US$ 29 mil, mas enfrenta resistência para superar o valor de US$ 30 mil, visto atualmente como uma barreira para a performance do ativo.

Almeida ressalta que a expectativa da Titanium é que a inflação dos Estados Unidos se mantenha em uma faixa semelhante à de abril, com um acumulado em 12 meses de 4,9%, por mais algumas meses, só depois iniciando um movimento de declínio. "Vai ser só a partir daí que o CPI vai, isoladamente, ter um impacto positivo no preço do bitcoin", avalia.

Já nesta quarta-feira, a analista diz que outros dois fatores têm afetado negativamente o preço da criptomoeda. O primeiro é o grande congestionamento de transações no seu blockchain, gerado pela popularidade de tokens criados pelos protocolos Ordinals e BRC-20. Já o segundo fator foi uma piora no sentimento dos investidores do mercado em geral, não apenas de criptomoedas.

O índice Vix, que tradicionalmente mede a volatilidade no mercado e o grau de aversão a riscos entre investidores, subiu nas últimas horas, alimentado por expectativas crescentes de que os Estados Unidos pode entrar em recessão em 2023 e 2024 devido aos juros elevados. O cenário faz com que investidores migrem para ativos considerados mais seguros, tirando investimentos de segmentos como o de criptomoedas, prejudicando o bitcoin.

Lucas Costa, analista do BTG Pactual, observa que a criptomoeda teve um aumento de volatilidade após a divulgação do CPI. "Os dados mostram uma inflação ainda pressionada, apesar de uma melhora marginal na composição. Na parte técnica, tivemos um cenário positivo nos mercados no momento de divulgação, mas o mercado devolveu grande parte dos ganhos e voltou a operar no terreno negativo".

Ele explica que o bitcoin chegou a superar os US$ 28 mil, mas agora enfrenta um aumento de pressão vendedora, levando à perda de valor. Costa afirma que a expectativa de curto prazo para o comportamento do ativo é de mais lateralização, mas uma queda abaixo de US$ 27.200 pode levar a "correções mais profundas".

Já Tasso Lago, especialista em criptomoedas e fundador da Financial Move, avalia que pouco mudou no mercado de criptomoedas após o resultado do CPI, com o bitcoin mantendo sua lateralização. Há, entretanto, especulações de que o governo dos EUA poderia vender os bitcoins que confiscou de criminosos, o que aumentaria repentinamente a oferta em circulação e faria o preço cair.

Alta do bitcoin

Mesmo com o momento atual de lateralidade, o bitcoin acumula ganhos de mais de 60% em 2023. Para especialistas, essa valorização está ligada à mudança de perspectiva do mercado quanto ao ciclo de alta de juros nos Estados UnidosOs investidores passaram a projetar uma postura mais branda do Federal Reserve  reforçada após as recentes falências bancárias , com altas menores e possíveis cortes já no segundo semestre. 

O cenário favorece ativos considerados mais arriscados, caso das criptos, já que torna a renda fixa americana menos atrativa e reduz temores sobre uma possível recessão na maior economia do mundo. Além disso, outros analistas apontam mais motivos que podem estar ajudando o mercado cripto.

Especificamente no caso do bitcoin, especialistas acreditam que a crise no sistema bancário reforça a tese da criptomoeda, que surgiu como uma alternativa descentralizada no sistema financeiro, e por isso está atraindo investidores. Outros apontam uma possível mudança de visão no mercado, com a ideia de que o bitcoin seria um "ouro digital" ganhando mais adeptos devido a algumas características da criptomoeda, em especial sua oferta finita e limitada, que lhe confere um caráter deflacionário.

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