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Pix, Open Finance: as estratégias do PicPay para aproveitar inovações financeiras

Em entrevista exclusiva à EXAME, empresa detalhou planos para surfar as novas tecnologias do sistema financeiro brasileiro

PicPay aposta em Pix e Open Finance para atrair clientes (Rogério Cassimiro/Divulgação)

PicPay aposta em Pix e Open Finance para atrair clientes (Rogério Cassimiro/Divulgação)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 15 de junho de 2023 às 18h52.

Última atualização em 15 de junho de 2023 às 19h19.

Com mais de dez anos de história, o PicPay se tornou uma das principais fintechs do Brasil. Nesse período, a empresa acompanhou e segue acompanhando de perto o processo de digitalização do sistema financeiro, e tem buscado cada vez mais colher os frutos da combinação entre essas novidades e o que ela acredita ser vantagens únicas que apenas companhias nativas digitais podem oferecer aos clientes.

Em entrevista exclusiva à EXAME, Pedro Romero, diretor de Serviços Financeiros para Pessoa Física do PicPay, explicou como a startup — que começou como uma carteira digital e já planeja um IPO — foi impulsionada por novidades lançadas pelo Banco Central, em especial o Pix. Agora, a empresa tem trabalhado para aproveitar as mudanças que chegaram ao mercado.

Além da ferramenta de pagamentos instantâneos, outro foco do PicPay é o Open Finance, também lançado pelo Banco Central. A estratégia da fintech é aproveitar os recursos trazidos por esses sistemas para não apenas atrair mais clientes, mas também fidelizar os atuais, ampliando cada vez mais a gama de produtos e serviços oferecidos.

Do Pix ao Open Finance

Na visão de Romero, o PicPay "nasceu bem antes das grandes mudanças recentes no mercado", o que mostra que a empresa — e seus criadores — "acredita tanto na digitalização que foi quase precursor ao Pix, ao construir uma lógica de digitalização dos meios de pagamentos, com essa lógica de wallet, com o cartão de crédito e leitura de QR Code".

O objetivo central da fintech sempre foi, explica o executivo, permitir que as pessoas pudessem andar sem dinheiro ou cartão, realizando pagamentos e operações do dia a dia pelo celular. "A gente aposta nisso há bastante tempo", reforça. Nesse sentido, ele vê o Pix como um "grande acelerador para o nosso negócio". O PicPay "abraçou" a ferramenta desde 2020, e viu um volume de crescimento relevante graças à imensa adesão da população ao Pix.

"O Pix ajudou muito. O crescimento antes dependia de criar uma arranjo de pagador e recebedor, e a aceitação ampla do Pix, com muita gente entrando e a pandemia acelerando isso, tirando a necessidade do contato físico para transações, ajudou muito. É fácil criar chave, a experiência é fluída e igual em todos os players", destaca Romero.

Para ele, a ferramenta do Banco Central acabou gerando uma "digitalização forçada", escalando esse fenômeno com uma curva de adoção crescente. Outro passo nessa digitalização foi o próprio Open Finance, um sistema criado pela autarquia para permitir o compartilhamento de dados e informações dos clientes entre diferentes instituições financeiras.

Romero explica que "o compartilhamento de informações é extremamente importante. O mercado ainda é muito concentrado, mesmo com alguns players digitais que entraram, e isso criou uma assimetria no nível de informação do usuário que dificultava a customização para clientes pelos novos agentes". Mas o Open Finance vem cada vez mais mudando esse quadro.

Graças ao compartilhamento de informações, o PicPay já consegue "customizar algumas jornadas" de seus clientes, como de limites para cartões e preços de empréstimos. O próximo passo já em desenvolvimento pela empresa é uma unificação de diferentes contas, permitindo consolidar diferentes jornadas, como de pagamento, em uma única conta, e a partir daí evoluir nessa customização. Já um terceiro passo, futuro, é criar um "marketplace de crédito e trazer produtos de investimento nesse ecossistema".

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Conta das Contas

O segundo passo descrito por Romero em relação ao Open Finance se materializou recentemente com a Conta das Contas. O produto permite "reunir todas as contas bancárias do usuário e permitir que ele acesse e movimente a vida financeira em um lugar só". Com isso, é possível realizar Pix, investimentos, pagamentos e recargas a partir de diferentes saldos em diferentes contas, mas em uma única interface.

Romero explica que a novidade usa infraestrutura do Open Finance e faz parte da estratégia do PicPay para atrair e fidelizar clientes: "a gente aposta bastante que, trazendo uma boa experiência e usando essa estrutura, você consegue fazer com que o usuário centralize suas operações no PicPay". O executivo afirma que o grande diferencial da empresa é ser nativa digital, com uma infraestrutura já desenvolvida e testada para a área e com uma "visão centrada no usuário".

A empresa vem trabalhando para ter a "melhor experiência digital" como forma de "trazer a principalidade" do usuário. Ao mesmo tempo, tem como foco "completar a plataforma", expandido o porfólio de produtos e oferecendo opções de investimento atrativas, com bons rendimentos. Nesta semana, por exemplo, a companhia lançou CDBs próprios com investimento a partir de R$ 1 e rendimento de até 114% do CDI.

"Os usuários que têm usando o PicPay para consolidar informações têm tido um uso mais intenso e de mais produtos", destaca Romero. Além disso, a expectativa do executivo é que o próprio Banco Central traga no futuro novidades para a evolução da digitalização em áreas como investimentos e empréstimo, com foco em customização e centralização, e que devem ser absorvidas pela empresa.

"O PicPay nasceu e foi precursor de muita coisa que o mercado está olhando agora, e ainda estamos investindo nessas questões. A gente vai evoluir cada dia mais nesse sentido, de completar portfólio e ser um ecossistema financeiro completo", diz o executivo.

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