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QR Code do Pix: como funciona e por que pode mudar a vida dos lojistas?

Função de pagamentos com código QR deve afetar uso de cartões de débito e maquininhas e pode trazer benefícios para varejistas e prestadores de serviço

Pagamento sem contato é uma solução rápida e fácil para os clientes. (AsiaVision/Getty Images)

Pagamento sem contato é uma solução rápida e fácil para os clientes. (AsiaVision/Getty Images)

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Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 16 de novembro de 2020 às 15h29.

Novo sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central, o Pix, que começou a funcionar nesta segunda-feira (16), é muito mais do que uma ferramenta que pode substituir TEDs e DOCs. Como permite pagamentos através do uso de códigos QR (ou QR Codes), o Pix poderá até substituir cartões de débito e maquininhas — um cenário improvável, mas possível.

Os códigos QR funcionam como uma espécie de atalho para a chave Pix. Assim, em vez de divulgar a chave Pix (que pode ser o telefone, e-mail, CPF ou combinação aleatória de números), basta exibir o seu código QR — no caixa de uma loja, na tela do celular ou em uma mensagem no WhatsApp, por exemplo. Quando o código for escaneado pela câmera do telefone, permitirá a transferência para a conta de seu emissor.

Essa função é útil especialmente para os varejistas e prestadores de serviço, que poderão receber pagamentos por produtos e serviços sem a necessidade de pagar intermediários como as processadoras de cartões e das maquininhas.

Para o consumidor, a principal vantagem é não precisar carregar cartões consigo: basta ter o celular em mãos para fazer pagamentos. Por outro lado, a operação exige que o consumidor tenha acesso à internet, já que a transação é efetuada pelo aplicativo do banco no qual a sua chave Pix está cadastrada.

Funciona assim: você vai numa loja, por exemplo, uma padaria. Faz suas compras e, no caixa, em vez de usar cartão ou dinheiro, abre o aplicativo do seu banco, acessa a área do Pix, seleciona "pagar QR code", faz a leitura do código que será exibido pelo vendedor, seleciona o valor a ser pago, confirma os dados e finaliza a operação.

É algo parecido com o que serviços como PicPay e Mercado Pago já oferecem há alguns anos, porém sem taxas ou cobranças para nenhuma das partes. Além disso, como a compensação das transações pelo Pix é instantânea, o vendedor receberá o valor na hora em sua conta, diferentemente do que acontece quando a venda é feita por cartão.

Por ser muito vantajoso para os lojistas, especialmente porque terão considerável redução de custos e tempo para receber os valores, é provável que os comerciantes estimulem o uso da ferramenta, oferecendo descontos ou outros benefícios, como acontece atualmente com as lojas que oferecem preços melhores para quem efetuar pagamentos com transferência, boleto ou dinheiro, em vez de cartões.

Segurança em jogo

O uso do QR Code para efetuar pagamentos pelo Pix não envolve nenhum grande risco de segurança para nenhuma das partes.

O maior problema está no risco de manipulação do código exibido em um estabelecimento comercial — caso ele esteja impresso e fixado em algum lugar da loja —, que poderia ser substituído pelo fraudador, para que os pagamentos caíssem em sua própria conta, e não na conta do vendedor.

Voltando ao exemplo da padaria, imagine que o código QR está exposto em um display de acrílico sobre o balcão do caixa. O criminoso, em um momento de distração do funcionário, substitui o código QR, ou cola um adesivo com outro código por cima.

Isso poderia ser um problema, mas na prática é bastante difícil de acontecer. Ao efetuar o pagamento, o consumidor poderá checar os dados do destinatário e confirmar se as informações estão corretas.

Além disso, os lojistas têm a opção de gerar QR Codes Dinâmicos, que valem para uma única transação. Assim, ao finalizar um pedido, exibirá um código ao consumidor que, depois de utilizado, será descartado.

QR Codes do Pix: o fim dos cartões?

Se o uso dos QR Codes pelo Pix for adotado massivamente pela população, o novo sistema pode reduzir o uso de cartões de débito, mas não compete nem ameaça os cartões de crédito. Nesta modalidade, o consumidor pode utilizar valores que não possui em conta, pois o crédito nada mais é do que uma forma de empréstimo.

Outra diferença é em relação ao parcelamento, que é comum nos cartões, mas só deve chegar ao Pix em meados de 2021. Por último, os cartões de crédito também podem ser usados no exterior, o que não é possível com o Pix, que funciona exclusivamente em território nacional.

Em relação aos cartões de débito, a competição deve acontecer, mas a substituição completa de um pelo outro, além de improvável, demoraria muito tempo.

"Pode haver pequeno rebalanceamento com relação ao débito, com o qual o Pix mais concorre”, diz Rodrigo Carneiro, diretor da Rede, empresa de maquininhas de cartão do Itaú. “De toda forma, as coisas não serão descontinuadas de uma hora para outra”, completou.

Depois de 12 dias de testes com operação restrita, o Pix começou a funcionar plenamente nesta segunda (16), e já conta com mais de 30 milhões de pessoas físicas aptas a utilizar o sistema. Ao todo, são mais de 71 milhões de chaves cadastradas, número que, segundo o Banco Central, tende a aumentar conforme cresce a familiaridade da população com a plataforma.

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