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'Pix Internacional': entenda como funciona sistema que pode chegar a 60 países

Ferramenta está sendo desenvolvida pelo “banco central dos bancos centrais” e quer agilizar transações internacionais

BIS estuda lançar "Pix Internacional" para transações transfronteiriças (alengo/Getty Images)

BIS estuda lançar "Pix Internacional" para transações transfronteiriças (alengo/Getty Images)

Em menos de três anos, o Pix – sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central – se espalhou pelo Brasil e já faz parte do cotidiano dos brasileiros, que abraçaram uma forma mais rápida e simples para realizar transferências bancárias. E, em breve, um sistema muito parecido pode ser lançado para conectar os mercados de cerca de 60 países, criando uma espécie de “Pix Internacional”.

O projeto está sendo estudado atualmente pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), muitas vezes chamado de “banco central dos bancos centrais” por definir padrões e regras para o funcionamento do sistema bancário mundial. Além disso, ele já está sendo testado em três países.

Entretanto, a ligação com o Pix está apenas na ideia. Na verdade, o nome do novo sistema de pagamentos é Nexus, e as ideias aprovadas para compor o serviço mostram que ele também será um pouco diferente do novo queridinho dos brasileiros. Entenda!

O que é o Pix Internacional?

João Paulo Weller, economista e sócio-fundador da SWAP Câmbio, acredita que, para entender o funcionamento do Nexus, é importante entender as mudanças trazidas pelo sistema de pagamentos instantâneos brasileiro, mas também as suas limitações.

Ele destaca que o Pix conseguiu reduzir os custos de transferências, deu acesso ao mercado para pessoas desbancarizadas e surgiu como uma alternativa fácil e rápida para realizar pagamentos, e, ainda, participar da chamada digitalização da economia, ajudando até na sua aceleração.

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Entretanto, ele ainda possui um limite importante: ele só pode ser realizado entre contas sediadas no Brasil. Isso significa que um brasileiro não consegue usar a ferramenta para realizar pagamentos ou receber depósitos de alguém que mora nos Estados Unidos ou na Europa.

É aí que entraria o “Pix Internacional”. Segundo Weller, é ideia é que o sistema resolva as três principais dificuldades atuais na área de pagamentos transfronteiriços: conversões cambiais rápidas, regras de segurança para evitar usos ilícitos e criação de uma linguagem que sirva como ponte para os diferente sistemas de pagamentos internacionais pelo mundo.

“A ideia é fazer uma ponte, utilizar a estrutura do banco central daquele país para que converse com o banco central de outro país na mesma linguagem, garantindo a transferência eletrônica 24 horas por dia, sete dias na semana, em até 60 segundos”, explica o economista.

De forma semelhante ao Pix, o Nexus trabalharia com a criação de APIs para processar essas transações e que seriam, então, disponibilizadas para os bancos centrais e então para os bancos de cada país. A partir daí, cada instituição ofereceria uma interface diferente para os clientes realizarem as transações para contas em outros países, que poderia até ser chamada não oficialmente de “Pix Internacional”.

E, se a demora de 60 segundos para realizar as transferências parece muito para os brasileiros acostumados com a ferramenta do Banco Central, ela representaria uma mudança significativa da realidade atual. O SWIFT, principal sistema usado para processar trocas internacionais, tem um tempo de análise que pode chegar a até dois dias.

O economista observa que, até o momento, ainda não está claro quando o Nexus será disponibilizado em outros países. O próprio BIS aponta que cerca de 60 países contam com tecnologias que poderiam ser integradas ao sistema, mas ele deve chegar à população geral dos países em fase de teste entre o fim de 2023 e início de 2024.

Depois disso, seria necessário que cada país estudasse o projeto e iniciasse o processo de implementação e integração. Por isso, Weller acredita que o mais provável é que o “Pix Internacional” chegue ao Brasil “talvez em 2025, não tão breve, mas é algo que tende a acontecer”.

“A dificuldade não é implementar o sistema, o que acontece é que ainda está em fase de testes, e a tecnologia precisa garantir fatores como segurança que acabam atrasando um pouco o processo”, destaca.

Ele observa ainda que, diferente do Pix, há uma expectativa que o Nexus tenha um certo custo, já que a realização de transferências internacionais demanda algumas operações e condições que geram despesas: “o Nexus tem expectativa de reduzir isso, mas não 0”.

Mesmo assim, ele aposta que os meios de pagamento instantâneos “vieram para ficar” e deverão ser “muito fomentados” nos próximos anos exatamente por trazerem mais competitividade para os países que começaram a adotá-los.

“Hoje a economia está cada vez mais globalizada, mas hoje fazer pagamentos internacionais demora para confirmar e é caro. O Nexus permite esses pagamentos, entre pessoas e entre empresas, instantaneamente. É uma questão de competividade, e o país que não olhar para isso vai perder muito”, ressalta Weller.

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