Criptomoedas voltam a acompanhar mercados tradicionais, que amargam perdas (SOPA Images/Getty Images)
O mercado de criptomoedas iniciou a semana em queda expressiva. Nesta segunda-feira, 19, a classe de ativos movimenta US$ 90 bilhões, mas perde 5,5% em capitalização de mercado, que fica abaixo de US$ 1 trilhão, em US$ 953 bilhões, de acordo com dados do CoinGecko.
O movimento acompanha de perto a queda do bitcoin, principal criptomoeda, que cai 6,1% nas últimas 24 horas e é cotado a US$ 18.869. O ether, segunda maior criptomoeda, é cotado a US$ 1.327 e perde 6,7% no mesmo período.
Depois de uma das mais importantes atualizações da história da rede Ethereum ter gerado comoção em todo o mercado, é provável que os ânimos de investidores tenham se reduzido e a classe de ativos volte a seguir o movimento dos mercados tradicionais, que amargam perdas significativas.
Por exemplo, o índice Nasdaq registra queda de quase 4% nos últimos 5 dias, enquanto o S&P500 cai 4,2% no mesmo período, de acordo com dados do Yahoo Finance.
O Índice de Medo e Ganância, que mede o sentimento do mercado cripto, volta a sinalizar “medo extremo” por parte de investidores em 21 pontos. Com importantes economias mundiais fragilizadas pela inflação, muitos aguardam as decisões de bancos centrais em todo o mundo, principalmente o Fed, banco central norte-americano.
Ainda nesta semana, um dos principais acontecimentos será a “superquarta”, dia em que o Comitê Federal de Mercado Aberto dos Estados Unidos (FOMC) decide as políticas monetárias que serão aplicadas na economia do país.
Isso quer dizer que, com a inflação acima do esperado, o comitê possa aumentar a taxa de juros dos EUA em cerca de 0,75%. Apenas em 2022, foram realizados uma série de aumentos.
Historicamente negativos para os ativos de risco como ações e criptomoedas, aumentos na taxa de juros buscam conter a inflação e, desta vez, investidores esperam que o impacto ainda mais significativo no mercado cripto, já fragilizado.
Lucas Costa, analista técnico do BTG Pactual e especialista em tecnologia blockchain pela Universidade Federal de Juiz de Fora, pontuou para a EXAME alguns dos aspectos que influenciaram e podem vir a influenciar os movimentos das duas principais criptomoedas, bitcoin e ether:
"A semana passada foi tensa para os mercados, após um CPI bastante aquecido, o S&P500 fechou a sexta-feira com aproximadamente 4,80% de queda na semana, refletindo um mercado com forte sentimento de aversão ao risco. A próxima quarta-feira, 21, será marcada por uma decisão de política monetária do FOMC, sendo que a expectativa do time de macro e estratégia do BTG Pactual é de elevação de 0,75% em setembro e 0,75% em novembro, com call de Fed Funds Rate em 4,4% para 2022.
O ritmo mais apertado de elevação da taxa de juros americana contribui negativamente para as criptos, uma vez que os investidores acabam preferindo ativos de menor risco percebido. Comentamos na semana anterior que a criptoesfera ainda está muito dependente de uma melhora nos mercados tradicionais, sendo que não temos ainda evidência de recuperação nas bolsas.
O gráfico diário do bitcoin apresenta tendência de baixa no médio prazo e lateralidade no curto prazo. A força predominante é vendedora, com o preço trabalhando abaixo da média móvel de 21 e 50 períodos. A falha de superação da média móvel de 50 períodos no dia 13 de setembro trouxe pessimismo pro mercado e teste do suporte inferior em US$ 18.500.
É importante que o preço rejeite esse patamar, uma vez que em lateralidades esperamos falhas de rompimento de fundo e falhas de rompimento de topo. A perda da mínima do dia 18/06 em US$ 17.600 pode acelerar vendas e acionar stops de compradores, com projeções de Fibonacci em US$ 15.200 (141,4%) e US$ 14.000 (161,8%).
O ether caiu 25% na semana passada, após conclusão do processo do The Merge. O novo modelo de mineração marca o início de uma nova era para a segunda maior cripto, apesar do mercado ter reagido mal no preço. É importante ressaltar que os movimentos de curto prazo são ajustes na expectativa do mercado, com realização de lucros por parte dos investidores e capitalização de muitos mineradores que se viram obrigados a mudar a suas estratégias de negócio. Porém, o ether ainda apresenta uma performance melhor que o bitcoin e tem retomada da sua força no dia de hoje em comparação à principal cripto."
Entre as 20 principais criptomoedas, também despencam, de acordo com dados do CoinMarketCap:
• Cardano (ADA): - 6,13%
• Solana (SOL): - 4,13%
• Polkadot (DOT): - 7,33%
• Polygon (MATIC): - 6,48%
• Avalanche (AVAX): - 5,96%
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