Startup aposta nas finanças regenerativas (Darren415/Getty Images)
Cointelegraph Brasil
Publicado em 14 de setembro de 2022 às 10h10.
A Kanna é uma organização autônoma descentralizada (DAO) brasileira com foco em negócios que envolvem cannabis e criptomoedas e que nasce de olho em um mercado que deve chegar a US$ 105 bilhões até 2026, de acordo com estudo de 2021 da Prohibition Partners, relata reportagem da Forbes Brasil.
Além da exploração do potencial comercial da cannabis, a Kanna une o mercado de criptomoedas, atualmente estimado em US$ 1 trilhão, de acordo com dados do CoinMarketCap, e o de ESG, que movimenta cerca de US$ 30 trilhões atualmente, segundo levantamento da Bloomberg Professional Services.
Assim, a DAO surge com o propósito de utilizar as criptomoedas e a tecnologia blockchain para causar impactos positivos sobre o mundo real, explicou Luis Quintanilha, sócio da Gama Academy e cofundador da Kanna:
"São setores altamente rentáveis, além de possibilitar investimentos para reparar danos socioambientais causados pela humanidade. Somos um ativo digital que causa impacto no mundo real e aumenta sua eficiência ao longo do tempo."
Fundada este ano, a DAO utiliza os recursos das criptomoedas e da tecnologia blockchain para financiar projetos de compensação de danos de ambiental e de apoio a causas de impacto, através da emissão do KNN, o token nativo da organização, afirmou Quintanilha:
"A Kanna é uma DAO, ou seja, uma startup descentralizada de impacto social que reinveste o lucro gerado para expandir sua área de atuação e, consequentemente, melhorar o seu lastro em ações de impacto ambiental e social. Unimos a tecnologia blockchain com o mercado promissor do cânhamo (espécie de cannabis), e buscamos quebrar o tabu da Cannabis por meio da conscientização e do modelo de governança descentralizada. Projetamos a Kanna para ter o ESG no centro da sua operação, aliando o impacto ambiental e econômico do cânhamo, com a transparência e a governança da blockchain."
De acordo com o white paper do projeto, o ativo digital está atrelado a uma fração de solo revitalizado pelo cânhamo, uma planta que pertence a espécie da Cannabis sativa e é muito eficaz na remoção de gás carbônico (CO2) da atmosfera. Ou seja, o lastro do KNN baseia-se em uma porção de solo revitalizado e CO2 neutralizado. Aos detentores do token também é concedido poder para votar em decisões de governança referentes à DAO.
Ainda segundo o white paper, um hectare plantado com cânhamo tem a capacidade de absorver até 15 toneladas de CO2 da atmosfera por mês. A meta da DAO é ter 150 hectares de cultivo de cânhamo até 2026, visando a remoção de 66 mil toneladas de gás carbônico da atmosfera e a geração de receitas estimadas em US$ 40 milhões através da comercialização de créditos de carbono.
Porém, há um empecilho legal para a implantação do projeto: a lei brasileira não permite a plantação de Cannabis Sativa em larga escala, independentemente da finalidade, seja ela para uso recreacional, medicinal ou ambiental.
As únicas e raras exceções garantidas em tribunais brasileiros até hoje dizem respeito ao plantio para fins medicinais. Ainda assim, trata-se de decisões judiciais que beneficiaram indivíduos – empresas ou instituições, jamais.
Inicialmente, a DAO pretende arrendar áreas para cultivo em países vizinhos da América Latina, como o Uruguai, onde a maconha é legalizada para uso medicinal e recreativo, e a Colômbia, em que o novo governo do recém eleito presidente Gustavo Petro teria interesse em estimular esse tipo de negócio, segundo Mário Lenhart, também cofundador da Kanna.
"Vem surgindo no mercado um conceito novo de Finanças Regenerativas, ou ReFi, e nos encaixamos bem nele. Achamos que o mercado canábico e cripto quebram barreiras, e que trazendo esse viés de impacto socioambiental conseguimos criar um sentimento de comunidade ainda maior para nossa organização e nosso token", conclui Lenhart.
A utilização de criptomoedas em casos de uso reais tem crescido no Brasil. A Cibra Coin, um token lastreado na produção de fertilizantes, se tornou um ativo de hedge para agricultores brasileiros depois que a guerra na Ucrânia provocou uma disparada no preço dos insumos nos mercados globais.
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