Gabriel Galípolo é diretor do Banco Central (Lula Marques/Agência Brasil)
Repórter do Future of Money
Publicado em 29 de agosto de 2024 às 11h27.
Última atualização em 29 de agosto de 2024 às 13h14.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou na última quarta-feira, 28, Gabriel Galípolo para assumir a presidência do Banco Central após o final do mandato de Roberto Campos Neto. Caso seu nome receba o aval do Senado, Galípolo ficará responsável por uma série de frentes da autarquia, incluindo a agenda de inovação financeira, que engloba o Drex.
A agenda de inovação do Banco Central envolveu a criação de projetos como o Pix e o Open Finance, com desenvolvimento inicial que antecedeu à própria presidência de Campos Neto. O Drex surgiu como um terceiro pilar nesse conjunto e ganhou mais concretude a partir de 2023, com o início da fase de testes com uma versão piloto.
Na prática, ele envolve a criação de uma moeda digital de banco central (CBDC, na sigla em inglês). Nos últimos meses, Campos Neto deu diversas declarações sobre o projeto. Ele chegou a afirmar que a versão digital do real teria potencial para "sacudir" sistemas de grandes bancos, em especial ao impulsionar a prática de tokenização no mercado financeiro.
O atual presidente do BC disse, ainda, que o Drex fazia parte de um esforço da autarquia para trazer as criptomoedas "para perto" da autoridade monetária, reduzindo riscos e facilitando a regulamentação do setor. Campos Neto espera, ainda, que a CBDC brasileira reduza os custos para fazer negócios no Brasil.
Já Gabriel Galípolo, que atualmente é diretor de Política Monetária do BC, possui menos declarações públicas sobre o projeto. Em abril deste ano, ele chegou a comentar que a iniciativa dependia da capacidade do "setor privado ter uma solução adequada que não existe ainda" para problemas de privacidade e segurança.
"Nem as maiores empresas do mundo do setor tecnológico conseguiram oferecer [soluções] de uma maneira que seria adequada", comentou, destacando que a agenda era "desafiadora". O tema tem sido um dos principais desafios do piloto, mas o Banco Central iniciou pouco depois testes com ferramentas de privacidade.
Meses depois, em agosto, Galípolo compartilhou uma avaliação mais otimista sobre o projeto. Em sua avaliação, o Drex pode contribuir para reduzir a taxa de juros do Brasil ao criar avanços na área de concessão de crédito com garantias.
"A estrutura pensada a partir do Drex pode criar avanços no crédito colateralizado, o que pode reduzir os spreads por meio da redução de percepção de risco por parte de quem empresta os recursos", comentou o indicado para a presidência do Banco Central.
Ele comentou ainda que as "transformações aceleradas" do ecossistema financeiro devido à digitalização, com a entrada de fintechs e empresas privadas de concessão de crédito para competir com instituições bancárias, a implementação do Pix e agora o Drex fortaleceram a economia brasileira, mas também introduziram novos desafios.