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O cão shiba inu do dogecoin: moeda valorizou 6.000% neste ano em disputa acirrada de adoradores fiéis (Yuriko Nakao/Getty Images)
Especialista em criptoativos
Publicado em 9 de março de 2025 às 10h00.
As memecoins perderam metade de sua capitalização de mercado desde o início do ano, saindo de cerca de US$ 116 bilhões para atuais US$ 55 bilhões, como mostra o gráfico abaixo do CoinMarketcap.
O fato é que muitos investidores estão colecionando amargos prejuízos neste momento, entendendo da pior forma o que acontece quando encaram a criptoesfera como um cassino — e ignoram a visão de futuro para apostar suas fichas no enriquecimento rápido.
Isso significa que é “proibido” especular? Não, mas para correr o risco são necessárias muita experiência e bagagem, senão você acaba sendo a banca do cassino.
Uma lição que o mercado atual também nos ensina é sobre o papel do timing na hora de se arriscar.
No início de dezembro de 2024, as moedas memes chegaram a alcançar um market cap espantoso de US$ 127 bi, com volume de negociação de US$ 26 bi — em meio à euforia com a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais americanas.
A chegada de um presidente pró-cripto à Casa Branca entusiasmou os investidores e criou um ambiente fértil para a especulação. O próprio Trump jogou lenha na fogueira ao lançar sua memecoin OFFICIAL TRUMP — que também não foi poupada: despencou de US$ 72 no dia anterior à posse para atuais US$ 13.
Essa euforia inicial deu lugar ao medo em poucos meses, com o mercado reagindo às políticas controversas do governo dos EUA. Observem abaixo, no Índice de Medo e Ganância, como o humor desceu a ladeira nas últimas semanas.
Toda aquela expectativa gerada pela eleição — inflamada pela promessa de criação de uma reserva estratégica cripto e uma regulamentação favorável ao setor — acabou ofuscada pelas incertezas desencadeadas por movimentos como o Tarifaço, a batalha comercial que os Estados Unidos travam agora com países como China, Canadá e México.
Resultado? O mercado como um todo se retraiu. Na criptoesfera, assistimos à queda do bitcoin e de projetos sólidos como ethereum. Destaque também para o abalo da Solana, berço de boa parte das memecoins. Por serem mais frágeis, as moedas memes acabaram drasticamente afetadas.
É verdade que existe uma certa franqueza na proposta das memecoins, mas nem sempre entendemos o recado. Sabemos que elas são criadas com o objetivo único de entreter. O problema é que muitos investidores acabam se excedendo no entretenimento, seja por falta de conhecimento ou ganância, e as consequências são desastrosas.
A vulnerabilidade desses ativos está intimamente vinculada à ausência de fundamentos sólidos. Enquanto criptos com propósitos claros se sustentam por meio de inovação e geração de valor real, memecoins, em geral, se apoiam no hype e na especulação.
Sem casos de uso concretos, acabam sustentadas pela entrada contínua de novos entrantes, transformando o mercado em um jogo no qual os ganhos de alguns acontecem às custas das perdas de outros.
Em um cenário global instável como o de hoje, as pessoas naturalmente buscam segurança em investimentos que tenham fundamentos robustos.
E, embora algumas memecoins, como a Dogecoin, tenham comunidades extremamente engajadas, a maioria não tem utilidade real e, por isso, não conseguem resistir a choques externos – a queda abrupta na capitalização total é prova disso.
O que começou como uma ilusão de lucro rápido se transforma, na mesma velocidade, em um pesadelo para aqueles que apostaram sem critério.
Eu sei que não é difícil ser atraído pelas promessas de enriquecimento: as armadilhas estão por toda parte. Estão, por exemplo, no marketing dos projetos e nas redes sociais.
Influenciadores podem desempenhar um papel crítico nesse processo, ao contribuir para confundir investidores que não têm experiência suficiente para separar um projeto sustentável de um frágil.
A promoção sem a real exposição dos riscos cria uma bolha em que o valor percebido não corresponde à realidade. A adoção acaba motivada mais pela emoção do que por análises informadas.
Uma forma de avaliar se o influenciador acredita na cripto que está divulgando é investigar se ele está colocando o próprio dinheiro em jogo.
A confusão pode se intensificar quando top corretoras passam a respaldar esse tipo de projeto, ao promovê-los a seus seguidores e em suas plataformas. Hoje, ativos de qualidade estão perdendo espaço nas exchanges para a especulação.
Ao mesmo tempo, as notícias priorizam as explosões de preço em detrimento da divulgação dos avanços tecnológicos do ecossistema.
Essas são algumas das razões por que os investidores seguem caindo em armadilhas e perdendo dinheiro em apostas.
Por outro lado, existem, sim, aqueles com condições de aproveitar a alta volatilidade das memecoins para lucrar.
A pergunta é: quem está apto a especular? Algumas características desses investidores:
Só quem já passou por altos e baixos do mercado entende a volatilidade e as ciladas que existem. Essa experiência permite identificar ciclos, reconhecer padrões e saber diferenciar o que é hype do que é realidade.
Saber interpretar gráficos e indicadores é vital para identificar os melhores pontos de entrada e saída de uma posição, considerando que a especulação pode provocar movimentos bruscos.
Quem se aventura nesse segmento deve investir só o que está disposto a perder, para não comprometer sua estabilidade financeira.
Acompanhe as narrativas, e compreenda as tendências e o comportamento das redes sociais. Quem domina essas nuances consegue detectar sinais de manipulação e movimentos coordenados.
A volatilidade extrema exige resiliência emocional. Manter a calma diante de picos de euforia ou quedas abruptas ajuda a evitar decisões irracionais e reações impulsivas.
Sem um plano de investimento bem estruturado nem se aproxime das memecoins. Quais os seus objetivos? Qual seria o papel dessas moedas no seu portfólio? Elas devem representar apenas uma fração pequena da composição da sua carteira, focadas em capturar oportunidades de alta valorização.
Tenha claro em mente as suas metas de lucro e limites de perda antes de investir. Saber quando sair é tão importante quanto identificar um bom ponto de entrada.
Só invista recursos que, em caso de perda, não impactem a sua vida financeira e aprenda a usar técnicas de proteção do portfólio contra as oscilações extremas.
Mesmo que as memecoins não tenham fundamentos tradicionais, analise o tokenomics (a economia do token), o histórico de preços e a liquidez dos ativos para evitar surpresas — leia a coluna que escrevi sobre tokenomics.
Acompanhe o sentimento do mercado e o engajamento nas redes sociais para identificar se o hype que movimenta as memecoins do seu interesse pode se sustentar ou é só um efeito passageiro.
Se você chegou até aqui, eu recomendo salvar essa coluna e usá-la como guia na direção de uma nova mentalidade em 2025.
Apesar do susto, eu acredito que o ciclo de alta não acabou e você ainda tem a chance de ajustar a sua rota para lucrar nessa temporada. Aproveite a atual correção para comprar ativos sólidos com desconto e repagine o seu portfólio com foco no longo prazo. Pare de apostar: invista!
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