Tênis digitais da Nike foram lançados há cerca de uma semana; NFTs já movimentaram quase R$ 100 milhões (Nike/RTFKT/Divulgação)
Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 27 de abril de 2022 às 17h20.
Quando comprou a startup de criação de NFTs RTFKT (que se lê "artifact", em português "artefato"), em dezembro de 2021, a Nike deixou clara a sua aposta no metaverso. E, apesar do novo modelo de realidade virtual ainda estar distante da adoção massiva esperada por seus entusiastas, a aposta já começa a valer a pena.
Na primeira coleção de tênis digitais da gigante dos artigos esportivos, chamada de RTFKT x Nike Dunk Genesis Cryptokicks, que são tokens não-fungíveis e têm como objetivo calçar os pés dos avatares do metaverso, a empresa lançou, na última semana, 20.000 NFTs, que já movimentaram mais de 3.600 ETH, o que equivale a cerca de 10 milhões de dólares - ou 50 milhões de reais.
Os NFTs de tênis Nike inspirados no popular modelo Dunk estão sendo vendidos no mercado secundário por preço mínimo de 2,2 ETH, ou cerca de 5.700 dólares (29.000 reais). Esse valor, entretanto, só se aplica aos tokens com características mais comuns - quanto maior a raridade do token, maior também o seu preço.
Os tênis lançados na coleção são idênticos, mas podem ser "aprimorados", desenvolvendo novas combinações de cores e acessório. Para isso, o dono do NFT deve comprar um outro NFT, chamado de "Skin Vial", que altera as características do tênis, tornando-os mais raros - e visualmente mais atraentes. Essas "skins" são vendidas por cerca de 1 ETH, ou 2.900 dólares (14.500 reais).
Esse mecanismo já tinha se tornado popular com outra coleção famosa de NFTs, a Bored Ape Yacht Club, na qual os donos dos tokens podem usar um outro NFT, chamado de "Serum", para gerar macacos mutantes, da coleção Mutant Ape Yacht Club. No caso dos Cryptokicks, também é possível "evoluir" os tênis cumprindo algumas tarefas propostas pela RTFKT.
O preço dos NFTs da coleção da Nike que já tiveram uma "skin" aplicada é muito mais alto do que os tokens comuns. Um deles foi vendido recentemente por 45 ETH, ou 130.500 dólares (mais de 650 mil reais) e outro está disponível por 200 ETH, ou 580.000 dólares (2,9 milhões de reais). O mais caro até o momento foi negociado a 150 ETH, ou 445.000 dólares (2,2 milhões de reais) na cotação atual do ether, criptomoeda da rede Ethereum.
Apesar de não ter lucrado com a venda inicial dos tokens, já que eles foram distribuídos gratuitamente para os donos de NFTs da coleção CloneX (também criada pela RTFKT), a Nike ganha com as negociações no mercado secundário - que acontecem, em sua maioria, na plataforma OpenSea.
E não é pouca coisa: cada vez que um NFT da coleção troca de mãos, os seus criadores recebem automaticamente 10% do valor, via um contrato inteligente que é atrelado ao token não-fungível e nunca poderá ser cancelado. Ou seja, em apenas alguns poucos dias de negociação, a empresa já faturou mais de 1 milhão de dólares só em comissões.
A este valor ainda deve ser acrescido tudo o que foi obtido com as vendas dos "Skins Vials", que também têm o mecanismo de cobrança de 10% de comissão para cada venda no mercado secundário, e que já movimentaram cifra parecida, próxima dos 10 milhões de dólares.
A aposta no metaverso e nos NFTs, que no início do ano fez a Nike ser apontada como uma das melhores ações para investir por especialistas da gigante Guggenheim Partners. O movimento, entretanto, não é exclusividade da empresa norte-americana. Uma de suas principais concorrentes, a Adidas também já investe no setor, com presença no metaverso The Sandbox e parceria com a Bored Ape Yacht Club, coleção de NFTs mais famosa (e cara) do mundo.
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