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Mulheres nas finanças e na tecnologia: paridade de gênero não pode esperar até 2155

Iniciativas das empresas são fundamentais para que as mulheres tenham as mesmas oportunidades e os mesmos salários que os homens

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Publicado em 23 de novembro de 2024 às 10h04.

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Por Tatiana Orofino*

A história das mulheres no mercado de trabalho é uma luta de conquistas recentes. Até 1827 não podíamos frequentar uma escola. As universidades só passaram a nos abrir as portas em 1879, e muito lentamente. O progresso foi lento até meados do século 20, mas hoje,83% das mulheres são alfabetizadas, e somos maioria nos cursos superiores do país. Em média, estudamos dois anos a mais do que os homens.

Nossos esforços, no entanto, ainda não se refletem igualitariamente em reconhecimento no mercado de trabalho. As mulheres ocupam 39% dos cargos de liderança no país, segundo levantamento da CNI (Confederação Nacional da Indústria).

De acordo com o mesmo estudo, a paridade salarial chegou a 78,7 pontos de um total de 100 em 2023. Ou seja, ainda ganhamos menos. Para mulheres negras, a disparidade é ainda maior: seu salário médio é 50,2% do salário de homens não-negros, segundo Relatório de Transparência Salarial, que utiliza dados do RAI de 2023.

Se o ritmo atual de avanço na paridade de gênero na participação econômica se mantiver, serão necessários 131 anos para o mundo alcançar a igualdade entre homens e mulheres, segundo o Fórum Econômico Mundial.

As mulheres são 51,5% da nossa população, e responsáveis por 49% dos lares brasileiros, segundo o IBGE. De forma alarmante, tamanha responsabilidade implica em desafios ainda mais profundos para as mulheres: segundo pesquisa recente da B2Mamy, 9 em cada 10 mães apresentam algum sintoma relacionado ao Burnout Parental, que tem a conexão da exaustão emocional em relação ao cuidado com o filho. A conta não fecha.

Estes são alguns números que ilustram por que a pauta da diversidade, não somente de gênero, deve ser tratada com seriedade em diversas empresas de todo o mundo. Diversidade, equidade e inclusão são mais que boas práticas corporativas: são essenciais para a construção de uma sociedade melhor.

Aliás, oferecer oportunidades iguais a todos não traz nenhum prejuízo aos negócios, pelo contrário: a diversidade gera inovação, e isso se reflete nos resultados. Empresas com maior diversidade registram lucros 25% acima da média, segundo a consultoria McKinsey.

Na Amazon Web Services (AWS) estamos comprometidos com o pertencimento, a relevância e o empoderamento para todas e todos, criando ambientes inclusivos. Entre as atividades recorrentes estão eventos como os do Mês da Consciência Negra promovidos pelo grupo de afinidades Black Employee Network, em que se discute o desenvolvimento de carreira sob várias perspectivas: gestão de times racialmente diversos, boas práticas para alcançar excelência mesmo em cenários desafiadores e fortalecimento de conexões, entre outros.

Em outubro, foi a vez de reunirmos mulheres líderes de empresas brasileiras que investem na agenda de diversidade e inclusão para dividir suas experiências e boas práticas. O que é bom precisa ser compartilhado, e chegamos mais rápido quando somos capazes de aprender uns com os outros.

Embora as formas de ampliar a diversidade e a inclusão no mundo do trabalho possam ser variadas, uma vez que não há fórmula mágica, algumas diretrizes das empresas representadas são convergentes: tratar o tema como estratégico para a companhia, abordar desde os mecanismos de contratação, retenção e desenvolvimento de talentos internos, criar ambientes seguros para os grupos minoritários, construir uma liderança diversa e inclusiva.

Neste evento tivemos um painel com homens, para discutir o papel dos aliados. Sim, porque a mudança não acontecerá se apenas mulheres estiverem engajadas nesta causa - também precisamos deles para apoiarem nossa luta pela equidade de gênero. Como lembrou o ator, escritor e psicólogo Diogo Almeida, os homens estão em processo de reeducação, se libertando de uma cultura machista.

Se você é homem e tem dúvidas sobre o que fazer, anote a dica do meu colega da AWS, Luis Liguori, diretor de arquitetura de soluções: não tenha medo de aprender, escute, reproduza, plante sementes.

Mas, afinal, como saber se a sua empresa ou o seu setor está avançando nas ações de diversidade e inclusão? A resposta é a mesma aplicável a qualquer outra meta: monitorar e medir. Se os resultados não forem satisfatórios, analise onde estão as falhas, aprenda com experiências bem-sucedidas, ouça a sua equipe e faça os ajustes necessários.

Vamos trabalhar juntos para quebrar barreiras e construir pontes para um amanhã onde todos tenham as mesmas chances de brilhar.

* Tatiana Orofino é líder de desenvolvimento de negócios para o setor financeiro na AWS América Latina e assumiu neste ano a liderança do conselho do Women at Amazon, grupo de afinidades global para mulheres, funcionários não binários e aliados, do qual faz parte desde 2021. É graduada em engenharia da computação, com larga experiência em soluções inovadoras para empresas.

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