Bitcoin valida suas transações por meio da mineração (Liliya Filakhtova/Getty Images)
Na última semana foi concluída a “The Merge”, uma das atualizações mais importantes da Ethereum, 2º maior blockchain do mundo. Abandonando a mineração, estima-se que a rede possa economizar até 99,9% de energia elétrica. Em busca da defesa do meio ambiente, grupos como o Greenpeace e o Environmental Working Group agora pressionam a comunidade do bitcoin para fazer o mesmo na rede que abriga a maior criptomoeda do mundo.
Chamado de “Mude o Código, não o clima”, o projeto foi criado no início do ano e foca em anúncios online e abaixo-assinados para convencer a comunidade cripto a realizar uma mudança no código do blockchain do Bitcoin. O investimento do projeto pode chegar a US$ 1 milhão.
A mesma mudança foi realizada na rede Ethereum na última semana. Por meio de uma “fusão” entre duas redes, desenvolvedores foram capazes de modificar com sucesso a forma como as transações são validadas. Ao invés da mineração, a rede adotou a prova de participação (PoS), que seleciona seus validadores por meio da quantidade de criptomoedas com movimentação bloqueada em um processo chamado de staking.
Com isso, o poder computacional e máquinas específicas não são mais necessárias para validar transações, e a economia no consumo de energia elétrica pode chegar a 99,9%. Isso é muito importante para grandes blockchains como a Ethereum, já que o consumo de energia pode chegar a ser equivalente ao de pequenos países.
“A ‘fusão’ energeticamente eficiente do Ethereum deixa o Bitcoin como o único poluidor climático de mercado de criptomoedas“, escreveu a Environmental Working Group (EWG), uma organização de defesa do meio ambiente, em um comunicado.
Além de grupos ambientalistas, a mineração recebe críticas de muitos membros do universo cripto e de governos. No início do mês, a Casa Branca chegou a se posicionar contra o modelo.
A “Mude o código, não o clima” é uma iniciativa do Greenpeace dos Estados Unidos em parceria com o Environmental Working Group e Chris Larsen. Cofundador da Ripple.
Em seu comunicado, Michael Brune, diretor da campanha, fez uma analogia da mineração de criptomoedas com as queimadas e desmatamentos em níveis globais para endossar o feito pela comunidade Ethereum.
“A Ethereum mostrou que é possível mudar para um protocolo de eficiência energética com muito menos poluição do clima, do ar e da água. Outros protocolos de criptomoedas operam em mecanismos de consenso eficientes há anos. O Bitcoin se tornou o ponto fora da curva, recusando-se, de maneira desafiadora, a aceitar sua responsabilidade climática”, disse Brune.
“Muitas criptomoedas usam um protocolo altamente eficiente em termos de energia – com uma mudança em seu código, o Bitcoin também pode. Mas precisamos que as empresas e pessoas que trabalham com Bitcoin se juntem a nós para promover essa mudança”, diz um outro trecho da petição.
A partir dos recursos de US$ 1 milhão, além dos anúncios online, a iniciativa criou uma petição para que a Fidelity Investments, quarta maior gestora de ativos do mundo, ajude a pressionar o Bitcoin a mudar para a prova de participação.
Entre os 10 maiores blockchains em valor de mercado, apenas Bitcoin e Dogecoin ainda utilizam a mineração para validar suas transações, de acordo com dados do CoinMarketCap.
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