Investimento em criptomoedas demanda planejamento (Reprodução/Reprodução)
Redação Exame
Publicado em 14 de maio de 2023 às 09h00.
Montar uma carteira de investimento é a tarefa de contemplar meticulosamente as classes de ativos disponíveis no mercado em suas diferentes nuances, potenciais de valorização e riscos. É sobre buscar o equilíbrio para obter os melhores resultados.
Além dos ativos tradicionais, ter criptomoedas no portfólio é uma forma de elevar o potencial de ganhos da sua carteira a níveis mais altos. No entanto, a exigência por cautela e conhecimento do mercado cresce na mesma proporção.
Por serem ativos de renda variável, como as ações, são mais voláteis e, por representarem um segmento muito recente e de novas tecnologias, o cuidado na seleção precisa ser ainda maior. Na coluna passada, falamos sobre a importância da diversificação e, neste nosso novo papo, o segundo da série de três textos sobre o tema, vamos entender como montar uma carteira.
Antes de tudo, é preciso que o investidor descubra qual é o seu perfil de investimento: arrojado? Moderado? Conservador?
Para isso, você precisa fazer um autoquestionamento. Uma análise básica deve incluir:
Ao analisar esses fatores, já é possível começar a visualizar o seu perfil. Mas é importante lembrar que esses aspectos podem se modificar ao longo do tempo e, assim, o seu perfil de investidor. Revistar periodicamente a estratégia e fazer ajustes são parte do processo na busca pelo equilíbrio do portfólio.
Eu, Felippe, tenho hoje uma carteira focada em três pilares:
Ela é dividida de uma maneira que resulte em ganhos exponenciais ao longo do tempo, principalmente nos segmentos de criptomoedas e ações.
Tenho ações no Brasil, mas invisto com mais força em ações nos Estados Unidos, onde estão as maiores empresas do mundo. Assim, a tendência de crescimento é maior.
Ainda que existam também muitas incertezas no mercado americano, no Brasil historicamente enfrentamos inúmeros obstáculos ao desenvolvimento do ambiente de negócios. Adicionalmente, se tomarmos como base a média de rentabilidade, a daqui não é tão significativa quando comparada com a que obtemos nos EUA.
No meu portfólio, ações têm bastante espaço, mas renda fixa não fica de fora. Sei que muitos torcem o nariz para a categoria, mas ela é muito importante para trazer equilíbrio à carteira.
Pensemos juntos. Se eu coloco dinheiro demais em renda variável, a carteira ficará desproporcional. Qualquer oscilação do mercado terá peso suficiente para fazer o investidor perder muito ou ganhar muito. Você não vai querer colocar o seu patrimônio em risco, certo?
Outro investimento incluído na minha estratégia são os fundos imobiliários. Eles são importantes porque geram uma renda todos os meses: os dividendos. Por sua vez, as criptomoedas, claro, são uma espécie de trunfo na carteira.
A composição resultante da minha estratégia é:
Vale lembrar que essas porcentagens vão mudar de acordo com o perfil de cada investidor. Embora muitas pessoas achem que tenho um perfil agressivo, por atuar no mercado cripto, eu me encaixo mais no moderado.
Com a composição de carteira que elaborei acima, vamos imaginar cenários:
O que isso mostra? Um equilíbrio entre ganhos e perdas, possivelmente não na mesma proporção, mas a tendência é que exista uma harmonia maior da carteira.
Tem gente que me pergunta: “Poxa, Felippe, mas o mercado DeFi pode render mais do que fundos imobiliários ou ações”. Sim, pode, mas sempre precisamos considerar o outro lado. Na criptoesfera em geral, enfrentamos riscos como erros nos contratos inteligentes, a questão da regulação, que está encaminhada em alguns países, mas longe de ser resolvida, e um ambiente ainda com bastante instabilidade, embora já possamos encontrar protocolos de alta segurança.
Mesmo assim, isso não justifica abdicarmos dos fundos imobiliários e “trocá-los” por DeFi. O mercado DeFi é, de fato, muito interessante, principalmente para quem tem criptos e quer usar as que já tem para ganhar mais moedas.
Se você tiver ETH (Ethereum) e UNI (Uniswap), por exemplo, pode multiplicar o número de moedas ao promover liquidez no par, nos famosos pools. Com essa estratégia, diminuímos a suscetibilidade ao mercado, mas, deixando bem claro, o risco sempre vai existir. Neste caso especificamente, o investidor não estará ali correndo risco para coletar uma rentabilidade, estará na verdade fazendo um acréscimo, melhorando o acúmulo de cripto no longo prazo.
Por fim, precisamos entender que, para cada parte em que está dividida uma carteira, como vimos lá em cima, existem outras subdivisões correspondentes. Dentro da renda fixa, por exemplo, há uma variedade grande de produtos de investimento.
Em ações, a mesma coisa. Existem, por exemplo, empresas de diversas áreas da indústria contempladas, como energia, varejo, finanças, tecnologia e por aí vai. Para montar a parte cripto da carteira, não será diferente: precisamos também colocar uma lente de aumento no mercado.
As criptomoedas representam novas tecnologias que se propõem a resolver dores da sociedade. Se você investe em uma cripto, está investindo em uma empresa com uma proposta e um propósito por trás.
Sendo assim, precisamos dar especial atenção aos casos de uso das criptos que escolhermos para o nosso portfólio, analisando sua aplicação no mundo real, em que setor está inserida, além de todas as demais qualidades que possam torná-la mais atrativas e longevas.
O desafio está exatamente em saber como fazer essa escolha. Quer aprender? Na próxima semana, encerro a minha série de colunas falando sobre este tema.
*Felippe Percigo é um investidor especializado na área de criptoativos, professor de MBA em Finanças Digitais e educa diariamente, por meio da sua plataforma e redes sociais, mais de 100.000 pessoas a investirem no universo cripto com segurança.