Yat Siu é o líder da Animoca Brands, a dona do The Sandbox (Animoca Brands/Divulgação/Divulgação)
Repórter do Future of Money
Publicado em 16 de abril de 2024 às 16h11.
Distante do hype de 2021, não são poucos os que afirmam que o metaverso pode estar "morto", ou ao menos esquecido por grande parte do público e das empresas. Mas nem todos pensam assim. É o caso de Yat Siu, presidente-executivo da Animoca Labs. Em entrevista à EXAME, o líder da empresa responsável pelo jogo The Sandbox afirma que "o metaverso não morreu, na verdade ele está mais vivo do que nunca".
Siu, que está no Brasil para participar do Web Summit Rio 2024, justifica sua visão explicando que, no momento, "milhões de pessoas estão fazendo experiências no metaverso e ganhando dinheiro com isso". É o caso da própria Animoca Brands, que já recebeu bilhões em investimentos de fundos e gestoras relevantes, incluindo a a16z. Entretanto, essa não é a impressão que a população em geral tem sobre o segmento.
O líder da Animoca Brands atribui essa divergência a um problema de narrativa. "As pessoas acham que o metaverso é aquele óculos de realidade virtual. Ou então acham que é a Meta [dona do Facebook], e muitos ficaram decepcionados com as ações dela na área", destaca.
"Você tem 99% das pessoas que acham que o metaverso é a Meta, mas se você vai para a Web3 você encontra uma economia pujante, avaliada em US$ 42 bilhões atualmente. Isso que é o metaverso", ressalta Siu. Para o executivo, a grande vantagem da Web3 é a capacidade de dar a possa dos dados pessoais para os indivíduos, algo que não ocorre na Web2, a geração atual da internet.
Ao mesmo tempo, o líder da Animoca Brands comenta que há um outro problema de narrativa no metaverso: a falta delas. O executivo discorda da perspectiva que a chave para a expansão do metaverso é uma melhora na qualidade da sua tecnologia, tornando-a mais realista. "Por mais que isso faça diferença, não é determinante. As pessoas não jogam o Candy Crush porque ele é bonito. É uma questão mais da promessa da tecnologia, o que ela pode fazer, e isso é mais poderoso que qualquer aspecto visual", defende.
Nesse sentido, a criação de mais narrativas, de "conteúdo profundo", é o que Siu acredita que resultará em uma maior adesão do mercado. "É um problema de narrativas, sobre o metaverso e no metaverso. Eu vejo o metaverso como uma rede social, mas a vantagem está que a Web3 permite dar valor às coisas relações entre os usuários, às coisas que não conseguimos dar valor e monetizar hoje", diz.
Além do metaverso, os tokens não-fungíveis (NFTs, na sigla em inglês) também acabaram caindo na mesma visão no mercado de uma desaceleração, perda de investimentos e possível "morte". Novamente, porém, Yat Siu discorda dessa visão. O presidente-executivo da Animoca Brands, que também aposta nos NFTs, acredita que a queda em relação ao auge dos investimentos em 2021 reflete, na verdade, uma mudança positiva.
"O mercado de NFTs ficou mais maduro. Ele enfrentou um período de investimento especulativo em 2021, mas, se você compara os investimentos no início de 2021, antes desse hype, e no início de 2024, nós tivemos agora um volume de investimento maior. É fascinante porque, apesar das vendas estarem indo bem, as pessoas não falam sobre isso devido aos efeitos negativos dessa especulação", explica.
O executivo vê esses criptoativos como um "símbolo de status, e o status, não necessariamente fama, é o mais importante para muitas pessoas, é a participação na vida social". E a aposta da Animoca nesse segmento reflete a visão de que "o status digital vai ser mais importante que o físico, porque mais pessoas podem ver o que você tem. Os NFTs não são diferentes de qualquer ativo cultural, mas compra por motivos sociais, por mais que tenham uma utilidade. É isso que vai manter um crescimento no segmento".
A visão reflete a própria atuação da Animoca Brands em 2024. Yat Siu comenta que a empresa possui 450 investimentos em andamento, com foco em educação e jogos, mas que o foco central é fomentar os direitos autoriais no ambiente digital: "A Web3 pode salvar o Capitalismo, essa é a nossa missão, vemos o Capitalismo como positivo, então tudo que fazemos é para melhorar o sistema financeiro, uma ideia também de inclusão".
"O futuro depende que todos nos tornemos donos do capital, não sobreviveremos com a concentra de renda atual, e cripto e a Web3 resolvem isso, porque ao ter um token, é um dono de capital", avalia.
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