Bancos precisarão lidar com cenário de juros maiores em 2023 (Reprodução/Reprodução)
Repórter do Future of Money
Publicado em 6 de março de 2023 às 14h26.
O sistema financeiro brasileiro e mundial tem passado por uma série de mudanças ao longo dos últimos anos, e esse movimento deve continuar em 2023, incluindo no segmento bancário. Um estudo da consultoria Accenture obtido com exclusividade pela EXAME aponta as dez maiores tendências que deverão ditar as decisões e transformações dos bancos nos próximos meses.
O relatório aponta cinco "principais forças de mudança" que as instituições bancárias enfrentarão não apenas em 2023, mas por "muitos anos", com potencial de impulsionar e moldar todo o setor:
Além dessas forças, os bancos também precisarão lidar com outra mudança de cenário: o retorno das altas taxas de juros. A Accenture observa que os aumentos realizados nos juros em 2022 e 2023 são os maiores desde 2005. Desde então, o mercado estava acostumado a conviver com taxas baixas, um cenário menos favorável para instituições bancárias.
Michael Abbott, senior managing director do Global Banking Lead, observa que "a maioria das tendências que moldam o setor bancário em 2023 é afetada, se não realmente causada, pelo retorno das taxas de juros positivas - a gravidade que mantém a indústria em uma órbita previsível".
Com isso, os bancos têm tido que lidar "não apenas mudanças macroeconômicas e geopolíticas, mas também mudanças profundas e duradouras impulsionadas pela inovação tecnológica". Mas a Accenture opina que esse quadro cria, ao mesmo tempo, desafios e oportunidades.
"Os bancos líderes reconhecem que precisam acelerar a mudança – não apenas para competir, mas para encontrar novos caminhos para o crescimento. As cinco principais forças de mudança que a Accenture identificou como tendo o maior impacto na transformação das organizações e dos negócios como um todo estão ganhando potência", observa o relatório.
A primeira tendência apontada pela Accenture é que a alta nas taxas tende a potencializar a inovação de produtos, já que tendem a aumentar a receita nos bancos e, com isso, os recursos disponíveis para investir em novos projetos. "O aumento das taxas de juros será o combustível do foguete que inflamará a inovação de produtos dos bancos", aposta a empresa.
Outra aposta do relatório é em um "renascimento" das agências bancárias, que perderam espaço e relevância em especial durante a pandemia. Ao mesmo tempo em que a redução no número de agências reduziu os gastos das empresas, a Accenture acredita que elas poderão ressurgir e voltar a crescer, com foco em usar os locais para "saber mais sobre seus clientes, mostrar interesse e empatia, oferecer conselhos e fidelizá-los".
Já em relação ao metaverso, o estudo aponta que o segmento ainda não transformará os bancos em 2023, mas que, conforme a tecnologia amaderece, ele deverá ser colocado "no topo de sua agenda, passando de uma curiosidade social e tecnológica para uma oportunidade séria". Entre os potenciais do metaverso, está o uso para compras e pagamentos, mas a Accentura pondera que ainda não é possível ter certeza de como esse canal vai evoluir nos próximos anos.
O estudo aponta ainda que as culturas dos bancos deverão ser reformuladas de modo a reconhecer, atrair e manter os "talentos certos" dos seus funcionários, conciliando expectativas sobre autonomia, flexibilidade e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
O uso de dados como produtos é mais uma tendência citada no relatório, com a expectativa de que os bancos trabalharão mais e melhor para saber aproveitá-los. E as fintechs devem assumir um papel de "habilitadoras" das mudanças no setor, conforme sua "era dourada" perde "muito de seu brilho", na visão da empresa.
A pauta ESG deve crescer ainda mais no radar das instituições bancárias, e a Accenture acredita que a pauta ambiental agora "se torna real": "Os bancos estão sob crescente pressão – tanto por parte dos reguladores quanto dos stakeholders – para desempenharem um papel construtivo na redução das emissões de gases de efeito estufa".
Um foco dos bancos em 2023 deverá ser a jornada dos clientes ao usar seus serviços e produtos. A Accenture observa que o setor já tem estado na "vanguarda" dessa tendência, mas que a digitalização continuará a ser um instrumento para trazer mais "velocidade, simplicidade e conveniência".
Por fim, uma aposta do estudo é de mudança de mentalidade no setor bancário, com a modernização passando a ser vista como uma peça central das estratégias de negócios. "Os bancos sentem a pressão para modernizar seus principais sistemas de processamento – e aqueles que desejam reinventar totalmente sua empresa precisam de um núcleo digital forte para prosperar em um futuro em que a tecnologia é a principal fonte de vantagem competitiva", observa o relatório.
"Os próximos 12 meses serão uma grande oportunidade para os bancos investirem no futuro e se tornarem reinventores. Esse será o ano em que eles mostrarão que podem ser inovadores e rápidos e estão comprometidos em oferecer uma experiência competitiva para seus clientes", projeta a Accenture.
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