Future of Money

Patrocínio:

Design sem nome (2)
LOGO SENIOR_NEWS

Mercado de criptomoedas virou uma competição de popularidade, diz criadora da Tezos

Em entrevista à EXAME, Kathleen Breitman criticou momento atual do mercado cripto e ressaltou "aleatoriedade" no sucesso de blockchains

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Editor do Future of Money

Publicado em 1 de maio de 2025 às 09h30.

Tudo sobreBlockchain
Saiba mais

O mercado de criptomoedas virou uma "competição de popularidade" em que blockchains e criptomoedas fazem sucesso a partir de polêmicas, e não pelos seus diferenciais tecnológicos, resultando em uma "aleatoriedade" no setor. É o que afirma Kathleen Breitman, uma das fundadoras da rede Tezos, em entrevista à EXAME durante o Web Summit Rio 2025.

A desenvolvedora comenta que, quando começou a atuar no mercado cripto, achou que participaria de uma "corrida armamentista tecnológica", em que os projetos bem-sucedidos apresentariam as melhores e mais diferentes inovações. Hoje, porém, ela vê o mercado como uma competição vazia, aleatória e pautada na capacidade de chamar atenção, mesmo sem motivo aparente.

Breitman afirma que, durante o governo do presidente Joe Biden, os reguladores adotaram uma política de "perseguir quem estava tentando se diferenciar tecnologicamente, o que restringiu a inovação". O resultado, avalia, foi a explosão das criptomoedas meme, ativos sem nenhuma inovação intrínseca, mas capazes de atrair muita atenção do mercado.

"Nunca foi tão fácil criar uma criptomoeda, todos estão criando. Hoje, é muito difícil se destacar, porque não tem uma lógica para definir o que vai tornar o projeto bem-sucedido. É algo aleatório", diz. Breitman diz que a métrica de sucesso para os blockchains hoje não é a famosa "transações por segundo", mas sim a de "polêmicas por segundo".

"A indústria de criptomoedas tem agora uma capitalização excessiva. Os projetos conseguem ter mais dinheiro do que precisariam, e aí como resultado temos essas brincadeiras que não fazem sentido. Isso é comum, já aconteceu em outras indústrias, mas antes a escassez de recursos ajudava a diferenciar os projetos", afirma.

Breitman também critica os projetos que buscam "surfar" a onda da IA e se associar à tecnologia, apontando uma possível confluência entre os dois mundos: "Isso é a maior besteira. Muita gente fala que os dois são a mesma coisa, mas não faz o menor sentido. Fazem uma associação entre automação e a necessidade correspondente de ter dinheiro digital, mas não é necessário. Geralmente, é só uma forma de atrair capital".

A tendência, segundo a fundadora da Tezos, é que o cenário mude nos próximos anos. Ela destaca a criação de um arcabouço regulatório claro para o setor nos Estados Unidos, algo defendido pelo governo Trump e que poderia mudar a trajetória atual do setor.

"Acho que, eventualmente, com as leis e sem ambiguidade, vai ter uma corrida pela qualidade, e aí que eu acho que vamos prosperar, porque não somos um blockchain que busca a polêmica", diz. Ressaltando a postura "discreta" Tezos, Breitman afirma que o foco tem sido na inovação tecnológica, em especial para escalabilidade da rede.

Não à toa, nesta semana o blockchain ganhará uma nova atualização focada em escalabilidade e batizada de Rio, em homenagem ao Web Summit. A desenvolvedora também acredita que a entrada de grandes empresas tradicionais no mercado cripto vai ajudar a "escolher os vencedores" e reduzir o número de projetos do setor, e não descarta que, em quatro anos, os bancos passem a emitir as suas próprias moedas graças à tecnologia blockchain.

Por outro lado, Breitman acredita que a Ethereum será um dos grandes perdedores do mercado cripto no futuro. "Eles são responsáveis por tudo que está acontecendo. Eles criaram uma pilha de códigos disfuncional, sem uma solução clara para escalabilidade e taxas muito altas, ficando dependentes das redes de segunda camada. E há, ainda, competidores, como a Tezos e a Solana".

"Os blockchains precisam das comunidades, e a Ethereum escolheu alienar a sua comunidade ao focar nas redes de segunda camada apoiadas por fundos de capital de risco. Eles criaram uma lógica disfuncional, e a perda de espaço agora é a consequência", projeta.

Siga o Future of Money nas redes sociais: Instagram | X | YouTube Telegram | TikTok

Acompanhe tudo sobre:BlockchainCriptomoedasCriptoativos

Mais de Future of Money

BlackRock quer tokenizar ações de fundo de US$ 150 bilhões, mostra documento

Filho de Donald Trump diz que bancos ‘anti-cripto’ serão extintos: "falidos, lentos e caros"

Blockchain e tokenização podem liberar US$ 4,6 trilhões em mercados emergentes, diz Valor Capital

CBDCs são 'cópias caras da moeda fiduciária' e ainda não fazem sucesso, diz ex-executiva da Binance