O cão shiba inu do dogecoin: moeda valorizou 6.000% neste ano em disputa acirrada de adoradores fiéis (Yuriko Nakao/Getty Images)
Especialista em criptoativos
Publicado em 24 de março de 2024 às 11h30.
Fascínio e risco formam a mistura explosiva que molda o poder de atratividade das memecoins, ou criptomoedas meme. Curiosos e vulneráveis, esses ativos seguem gerando muita controvérsia, desde questionamentos sobre a sua função no mercado até a sua capacidade de arruinar investidores despreparados.
Os argumentos, porém, não parecem suficientes para afastar as milhões de pessoas das moedas com logos de cachorros, sapos e macacos. Para se ter uma ideia, a primeira moeda meme da criptoesfera, a Dogecoin, tem 3,9 milhões de seguidores no X (antigo Twitter), bem mais, por exemplo, do que a Ethereum Foundation (3,3 milhões).
Quando DOGE nasceu, surgiram também os narizes torcidos e as apostas de que ela não duraria muito. A cripto, lançada a partir de um fork da Litecoin em 2013, logo teve seu exemplo seguido por diversos outros projetos, em um movimento sem fim de multiplicação.
Quem apostou que as criptomemes seriam febre passageira, errou feio. Elas não só se espalharam de forma avassaladora pelo ecossistema, como inclusive tiveram sucesso em invadir um território antes considerado intransponível: a rede do Bitcoin.
Nesta temporada, uma rede que vive seu momento de “centro reprodutivo” de memecoins é a Solana. Novos projetos da categoria pipocam insanamente na blockchain, sendo que alguns alcançam a façanha de garantir bilhões de dólares em capitalização de mercado em apenas alguns dias no ar.
Falando em capitalização de mercado, a DOGE ainda reina na criptoesfera, com marketcap (no momento em que escrevo) de cerca de US$ 22 bilhões, seguida por Shiba Inu (US$ 16 bi) e Pepe (US$ 3 bilhões), no terceiro lugar.
O valor total do mercado do gênero, de acordo com dados do CoinMarketCap, chega perto dos US$ 54 bilhões.
Desde a criação da Dogecoin, algumas moedas meme têm feito milionários quase que instantaneamente, mas esses episódios são exceções, não a regra. No conjunto da obra, são criptomoedas desprovidas de fundamento, portanto extremamente arriscadas, podendo resultar em prejuízos inestimáveis aos investidores. E mais: a maioria dos projetos não vai sobreviver.
Criar memecoins é de certa forma simples, até porque a categoria não tem nenhum compromisso em oferecer qualquer tipo de utilidade. São moedas cuja proposta primeira é entreter. O que isso significa? Um prato bem servido para pessoas mal intencionadas.
Quem aqui não se lembra da já clássica tragédia envolvendo a meme inspirada na série da Netflix “Squid Game”, que no Brasil ganhou o nome de “Round 6”?
A moeda SQUID chegou a valorizar galácticos 75.000%, atingindo o preço por unidade de US$ 2.856, mas se estabacou a zero pouco mais de uma semana de seu lançamento. Os fundadores do projeto aplicaram um golpe conhecido como Rug Pull ou Puxada de Tapete, drenando dos investidores US$ 3,38 milhões.
Mas não precisa ser um golpe para resultar em uma queda na direção do solo. Desvalorizações entre 70% e 90% não são incomuns nessa classe de cripto, podendo levar poucos dias ou até algumas horas para isso acontecer.
As memecoins podem até ser o playground do mercado cripto, mas é aquela história: não sabe brincar, não desce pro play.
Quem quiser entrar no jogo precisa, antes de tudo:
Agora, se o investimento em moedas meme é tão arriscado e requer tanta preparação, por que, afinal, elas são tão desejadas?
Separei alguns motivos:
Esse é o motivo mais óbvio. Memecoins podem apresentar potenciais explosivos de valorização, sendo altamente especulativos. Elas têm apelo especial entre aqueles investidores ansiosos por ganhar dinheiro de um dia para o outro e sem muito esforço. Sabemos, porém, que a ansiedade é inimiga do mundo dos investimentos. Além do quê, ser bem-sucedido neste campo exige estratégia e dedicação.
Um exemplo recente dessa explosão é o token BOME (Book of Meme), baseado na Solana. A moeda chegou a disparar para uma capitalização de mercado de US$ 1 bilhão em apenas um dia. São outros tempos mesmo. Imaginem que o bitcoin levou 3 anos para atingir esse marco…
Resumo da ópera: potencial explosivo, risco proporcional à explosão.
Muitas memecoins têm uma baixa barreira de entrada em termos de custos. Elas estão disponíveis por frações de centavos, facilitando a compra por pessoas com diferentes níveis de capital. O acesso é mais inclusivo.
O sucesso das memecoins vai além do aspecto financeiro. Elas se tornaram um fenômeno cultural e social, refletindo tendências, ideias e valores compartilhados na internet e na sociedade em geral. Isso as torna não apenas um tipo de investimento, mas também uma forma de expressão e conexão com a cultura contemporânea. As comunidades em torno das criptomemes são frequentemente muito ativas e engajadas, proporcionando um forte senso de pertencimento aos participantes.
O mercado de memecoins é um terreno fértil para a experimentação. Enquanto grande parte dos fundadores e desenvolvedores está dedicada a ser relevante e encontrar soluções para problemas reais com seus projetos, as moedas meme deixam a criatividade falar mais alto sem compromisso com a utilidade. Hoje, sem dúvida, elas têm seu espaço no mercado. A pergunta que fica é: até quando?
Na coluna passada, que você pode ler aqui, eu apontei 5 narrativas para o ciclo de alta em que estou de olho e sabe quem está na lista? Sim, as memecoins. Ficaram surpresos?
Como falei há pouco, quem souber investir com estratégia pode obter lucros incríveis com essas criptos. Agora, se você não tem um plano, não saia por aí arriscando o seu suado dinheirinho.
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